Desde os primórdios da humanidade, o homem sempre se estabeleceu em locais próximos aos rios e mares, para garantir seu sustento através da agricultura assim como o suprimento de suas necessidades vitais.
A história do Egito faz uma excelente demonstração desse fato, quando os homens, às margens do rio Nilo, fizeram os primeiros aglomerados humanos e construíram as primeiras cidades do mundo. Com essa observação, independente de qualquer outra conotação, já notamos o quanto o homem era e é dependente da água.
Com o passar dos anos, a evolução da humanidade, o aumento populacional e a falta da real compreensão sobre ao uso indiscriminado da água ou ainda, a falta de percepção de que essa água poderia ser finita, a água passou a ser tratada sem mais cuidados, sendo poluída e desperdiçada.
Por esses motivos, perante a notória visibilidade sobre sua futura escassez, a ONU – Organização das Nações Unidas criou, em 22 de março de 1992, o Dia Mundial da Água, para promover discussões acerca da consciência do homem em relação à mesma, promovendo e divulgando cuidados e procedimentos para cuidar desse bem, necessário e finito.
Em dez de dezembro de 2002, o senado brasileiro aprovou o dia nacional da água através do projeto de lei do deputado Sérgio Novais (PSB-CE). O texto destaca que esse deverá “oferecer à sociedade brasileira a oportunidade e o estímulo para o debate dos problemas e a busca de soluções relacionadas ao uso e à conservação dos recursos hídricos.”
A preocupação surgiu através dos grandes índices de poluição ambiental do planeta, envolvendo a qualidade da água que consumimos.
ONU elaborou um documento com medidas cautelosas a favor desse bem natural, trazendo também informações para garantir a cultura de preservação ambiental, a consciência ecológica em relação à água.
Na Declaração Universal dos Direitos da Água, criada pela ONU, dentre as principais abordagens estão:
- Que devemos ser responsáveis com a economia de água, pois essa é condição essencial de vida;
- Que a mesma é um patrimônio mundial e que todos nós somos responsáveis pela sua conservação;
- Que a água potável deve ser utilizada com economia, pois os recursos de tratamento são ainda lentos e escassos;
- Que o equilíbrio do planeta depende da preservação dos rios, mares e oceanos, bem como dos ciclos naturais da água;
- Que devemos ser responsáveis com as gerações futuras;
- Que precisamos utilizá-la tendo consciência de que não devemos poluí-la ou envenená-la;
- Que o homem deve ser solidário, evitando o seu desperdício e lutando pelo seu equilíbrio na natureza.
Com esse documento, a Organização das Nações Unidas tornou obrigatório que todos os homens sejam responsáveis pela qualidade da água, bem como pela sua manutenção, tendo assim, formas de garantir a melhoria de vida no planeta.
Por que economizar água
A água constitui um elemento essencial à vida, devendo chegar com qualidade e quantidade adequadas para atender às suas necessidades.
O homem, além de utilizar a água para o desempenho de suas atividades enquanto ser vivo – higiene pessoal e ambiental, lavagem de utensílios, cocção, entre outros – faz uso da água especialmente como elemento de desenvolvimento econômico (em, por exemplo, processos industriais de transformação e fabricação, como veículo de transporte, solvente, refrigerante e insumo incorporado).
De acordo com dados do International Hydrological Programme da UNESCO sobre recursos hídricos, o volume total de água no planeta é calculado em torno de 1,4 bilhões km³. Porém, 97,5% dessa água é salgada, e está basicamente nos mares e oceanos. A água doce, que só representa 2,5% do total, está em sua maior parte nas calotas polares, estando apenas 0,3% desta disponível e de fácil acesso em lagos, rios e lençóis subterrâneos pouco profundos.
O crescimento populacional constante e o desenvolvimento das atividades humanas, com distribuições quase sempre não homogêneas espacialmente, e a disposição de água também irregular, contribuem para o aumento de pressão sobre os mananciais existentes.
Desta forma, a escassez de água no planeta torna-se evidente como uma preocupação mundial. Hoje, está ficando cada vez mais difícil encontrar água de qualidade. Isso devido à poluição de rios, represas e do solo, decorrente da própria ocupação e atividade humana.
Água elemento vital da humanidade
Embora a água seja a substância mais abundante do nosso planeta, especialistas e autoridades internacionais alertam para um possível colapso das reservas de água doce, a qual está se tornando uma raridade em diversos países. A matemática é simples: a quantidade de água no mundo tem permanecido constante nos últimos 500 milhões de anos, enquanto cada vez mais pessoas utilizam água da mesma fonte.
A procura aumenta, mas a oferta permanece inalterada.
Em 24 anos, 1/3 da população da Terra poderá ficar sem água, se não forem tomadas medidas urgentes.
A água é a fonte da vida, porém....é limitada e finita.
É o princípio e o fim de todas as coisas.
É o elemento essencial como componente bioquímico dos seres vivos, como ambiente de vida de várias espécies animais e vegetais, como valor referencial de classes sociais e culturais e como insumo de produção de inúmeros produtos agrícolas e industriais.
No corpo humano, a água representa, em média, 60% de sua composição física. No coração, cérebro e sangue, esse valor atinge 80%.
O ser humano pode passar até cerca de 30 dias sem comer; porém, sem água provavelmente, dependendo do local onde estiver, não resistirá mais que 48 horas.
A água tem uma íntima associação com o simbolismo do batismo, que representa a morte e a sepultura, a vida e a ressurreição, como foi exposto por São João Crisóstomo. A imersão nas águas tem significado o retorno ao pré-formal, com seu duplo sentido de morte e dissolução, e também de renascimento e nova circulação, pois a imersão multiplica o potencial das vidas.
Hoje, a água está longe de ser considerada pela maioria da população como elemento sagrado, vital. Gradativamente, a água foi perdendo sua conotação religiosa.
Atualmente, é vista como fonte de energia, ou de abastecimento.
Ao abrir a torneira, quase ninguém se lembra de que aquela água, aparentemente obtida com facilidade, seja um dos elementos essenciais da vida e que merece respeito no seu trato.
Durante milênios, a humanidade considerou a água como algo que não se modificaria, não seria escasso e estaria sempre limpa para consumo.
Talvez, nem mesmo se imaginasse a possibilidade de seu fim.
Nesses tempos longínquos, a água não estava relacionada aos circuitos econômicos e alimentava as populações, a custo muito baixo. Hoje, para atender às suas necessidades básicas – higiene pessoal, comida, lavagem de louça e roupa, limpeza da casa e para beber –, uma pessoa consome, em média, cerca de 200 litros de água por dia.
O consumo mundial de água cresceu seis vezes, entre 1900 e 1995, o que representa mais do que o dobro do crescimento populacional no período. A população da Terra é, atualmente, avaliada em cerca de 5,4 bilhões de pessoas e estima-se que atinja os 8,5 bilhões, até 2025.
O mundo cresce à razão de 90 milhões de pessoas – o equivalente a um novo país do tamanho do México – a cada ano. De acordo com projeções, a população mundial poderá vir a se estabilizar em 11 bilhões de pessoas, por volta de 2100. (Secretaria do meio ambiente, 1998)
Enquanto a população mundial cresce desordenadamente, a quantidade de água no mundo tem permanecido quase constante nos últimos 500 milhões de anos.
O seu volume em circulação depende do ciclo hidrológico, que se caracteriza por: precipitação (chuvas), escoamento (rios) fluxo de águas subterrâneas (recarregado através da umidade do solo)
A quantidade de água doce produzida pelo ciclo hídrico é hoje basicamente a mesma que em 1950 e que deverá ser em 2050.
O consumo mundial de água cresce de modo acelerado, mas as fontes de recursos hídricos são limitadas.
Essas fontes estão mal distribuídas em algumas regiões. Basta dizer que quase metade deles se encontra na América do Sul. E, desses, mais da metade está no Brasil. Porém, a utilização indiscriminada tem provocado o esgotamento das reservas superficiais, com a conseqüente exploração dos aqüíferos subterrâneos.
O Brasil faz parte majoritariamente do maior aqüífero, reservatório de água doce, do mundo chamado atualmente de Sistema Aqüífero Guarani;
O Sistema Aqüífero Guarani acumula um volume de água estimado em 45 mil quilômetros cúbicos. A extensão de tal aqüífero é da ordem de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, sendo 840 mil km2 no Brasil (70%), 225 mil km2 na Argentina (19%), 71 mil km2 no Paraguai (6%) e 58 mil km2 no Uruguai (5%). Além da dimensão gigantesca, contém águas que podem ser consumidas sem necessidade de tratamento prévio, devido aos mecanismos de filtração e autodepuração biogeoquímica que ocorrem no solo, (Guardia, 2002).
Levantamentos realizados pela Organização Meteorológica Mundial da Organização das Nações Unidas (OMM/ONU) mostram que 1/3 da população mundial consome 20% a mais do que suas disponibilidades hídricas.
Estudos dessa mesma organização demonstram que a situação das reservas hídricas mundiais tende a piorar nos próximos trinta anos.
O consumo industrial deverá dobrar até 2025, se as tendências de crescimento mantiverem-se. O consumo agrícola de água, responsável pela utilização de 70% da água produzida, deverá crescer substancialmente, com procura mundial de alimentos nos próximos vinte e cinco anos. A situação é bem pior nos países em desenvolvimento, com o aumento da poluição dos mananciais de água potável, em razão da concentração populacional intensa em determinadas regiões (Alem, 2001).
Em vinte e cinco anos, 1/3 da população da Terra poderá ficar sem água, se não forem tomadas medidas urgente.
Isto passa por políticas imediatas, envolvendo esforços de todas as nações. Passa, também, pela educação das novas gerações e pela sensibilização para o problema.
A água é um recurso natural, porém finito e vulnerável. Além disso, há de se preocupar com os seus usos múltiplos (abastecimento humano, abastecimento industrial, irrigação agrícola, geração de energia elétrica, lazer e turismo, entre outros). Essa multiplicidade tem sido a causa principal dos conflitos pelo uso da água.
nosso planeta, pelo menos vinte países já sofrem com a escassez de água. Entre eles, estão Egito, Kuwait, Arábia Saudita, Israel, Argélia e Bélgica. No Brasil, o sinal de alerta já chegou a alguns Estados, como Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Distrito Federal e, mais recentemente, a grande São Paulo.
Conscientização Sobre a Falta D’Água no Planeta
Há quem diga que, nos próximos cinqüenta anos, eclodirão guerras pelo controle da água mundo afora, assim como no século XX (e ainda neste), ocorreram guerras pelo domínio do petróleo.
A água potável poderá se tornar o principal motivo de disputa entre as nações do século XXI. Para isso, autoridades e lideranças conscientes começam a se mobilizar para colocar a água na agenda política dos países do mundo (Brasil nuclear, 2002).
A ONU preocupa-se com a água desde 1972. Firmado em uma Conferência das Nações, em 1972, o Protocolo de Estocolmo foi um dos primeiros a abordar a necessidade de preservação dos recursos hídricos. Desde então, vários encontros entre países voltaram a tratar desse tema, divulgando dados e tentando definir metas.
O objetivo de prover segurança da água no século XXI, está refletido no processo, sem precedentes, de larga participação e discussão por peritos, lideranças políticas (civis e militares), representantes de governo, organizações não-governamentais e a própria sociedade civil, em muitas regiões do mundo. Esse processo tem aproveitado importantes contribuições do Conselho Mundial da Água, o qual lançou o processo da "Visão Mundial da Água", no 1º. Fórum Mundial da Água, em Marrakech, a partir da formação da Comissão Mundial sobre a Água no Século XXI, e do desenvolvimento da Estrutura para Ação, pela Parceria Global da Água. Numa Conferência das Américas, realizada em 94, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), os chefes de Estado americanos também discutiram os recursos hídricos.
Todos devem ter um compromisso comum, que é prover a segurança e garantia da qualidade da água no século XXI. Discussões e ações são tratadas nos diversos encontros, simpósios, congressos, etc, realizados pelo mundo. Essas reuniões internacionais têm produzido inúmeros acordos e princípios, que são a base a partir da qual estão e devem ser construídas outras futuras declarações. Isto quer dizer: assegurar que os recursos hídricos que integram os ecossistemas conexos sejam protegidos, em quantidade e qualidade suficientes para uso das gerações atuais e futuras.
Diante disso, algumas providências já foram tomadas em nosso país, como:
. Agência Nacional da Água (ANA)
Em julho de 2000, o presidente Fernando Henrique Cardoso sanciona a lei que cria a Agência Nacional das Águas (ANA).
Essa agência é a instância governamental responsável por colocar em prática e monitorar as ações políticas na área dos recursos hídricos. Entre outras questões, ela deverá classificar as águas dos rios e das represas, definindo o que deve ser destinado ao consumo.
. Água gerada por esgoto tratado pode ser aproveitada
São Caetano do Sul é a primeira cidade da região metropolitana de São Paulo a aderir ao projeto da água de reuso, gerada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por meio do tratamento de esgoto.
A prefeitura de São Caetano utilizará a água de reuso para limpar as áreas públicas da cidade, tarefa que consome 1000 metros cúbicos de água por mês.
Esse projeto já abastece algumas empresas. É o caso da Coats Corrente, fabricante das linhas correntes, que economiza 30 milhões de litros de água potável por mês. Toda a água utilizada em processos industriais, como tingimento e tratamento químico, vem do esgoto tratado pela Sabesp. Também há empresas, como a Ford e a General Motors do Brasil (GM), que implantaram seus próprios sistemas de tratamento e de reutilização de água.
Aqüífero Guarani
Estima-se que existam mais de dois mil poços perfurados no aqüífero Guarani, com profundidades entre 100 e 300 metros, e algumas centenas de outros em seus domínios confinados, com profundidades entre 500 e 2 mil metros.
Nos últimos anos, começou-se a discutir a necessidade da ordenação do uso desses recursos hídricos, tendo em vista sua importância estratégica, social e econômica para os quatro países de seu domínio. Para evitar a possibilidade da ocorrência de superexploração de contaminação e ou poluição de suas águas, os governos dos países detentores da reserva lançaram as bases para o desenvolvimento conjunto de um projeto de Proteção Ambiental e Gestão Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani – aprovado pelo Global Enviromental Facility (GEF) –, que contará com a verba de US$14 milhões, a ser repassada pelo Banco Mundial (BIRD). O projeto deverá ser tecnicamente gerido pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e por órgãos de governo de cada país. No Brasil, a coordenação nacional do projeto está a cargo da Ana - Agência Nacional de Águas. (GUARIA, 2002).
Alguns artigos interessantes:
Do mar para as torneiras
No Brasil, a dessalinização começa a ser objeto de estudo por parte de órgãos de governo. A região Nordeste tem sido apontada como uma área com grande potencial para a implantação de projeto de dessalinização. Segundo Benedito Braga, diretor da ANA, "está sendo montada uma plataforma de estudos junto com o Ministério de Ciência e Tecnologia" (Dantas, 2002).
Despoluição dos rios
A Agência Nacional de Água (ANA) está firmando convênios de despoluição com os governos estaduais e municipais, que incluem a transferência de recursos federais para a construção de estações de tratamento de esgoto e investimento em projetos de recuperação ambiental.
Desafios
De acordo com o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos da Água, (ONU, 1992), "a água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos". Diante disso, precisamos enfrentar certos desafios – medidas para assegurar o suprimento da água. Documentos lançados pela Comissão Mundial sobre a Água no século XXI, propõem como desafios (Alem et al., 2001):
.Determinar as necessidades básicas: reconhecer que o acesso seguro e suficiente à água e saneamento é necessidade básica e essencial para a saúde e bem-estar; e capacitar o povo, por meio de um processo participativo de gestão da água;
.Proteger os ecossistemas: assegurar a integridade dos ecossistemas por intermédio da gestão dos recursos hídricos integrada à gestão ambiental;
.Compartilhar os recursos hídricos: fomentar a cooperação pacífica e o desenvolvimento de energias entre os diferentes usos da água em todos os níveis, quando possível;
.Gerenciar riscos: prover segurança contra enchentes, secas, poluição das águas, doenças de veiculação hídricas e outros riscos associados à água;
.Valorizar a água: gerenciar a água, recurso natural escasso, de modo a refletir os valores econômicos, sociais, ambientais e culturais dos seus múltiplos usos;
.Governar a água com sabedoria: assegurar governabilidade eficiente e eficaz, com planejamento e gestão dos recursos hídricos e o do uso do solo.
.Economizando água em casa: medidas simples podem ser adotadas por todos, visando à economia de água.
Conselhos úteis:
.No banheiro – ao escovar os dentes e fazer a barba, deixe a torneira fechada. O banho não deve ultrapassar cinco minutos e, se possível, deve-se fechar o registro enquanto se ensaboa;
.Na cozinha – limpe os restos dos alimentos de pratos e panela, antes de lavá-los. Tampe o ralo e encha a pia com água para deixar a louça de molho e soltar a sujeira. Só use água corrente na hora de enxaguar. Para lavar verduras, frutas, e legumes, coloque os alimentos de molho em uma vasilha com gotas de vinagre ou solução de hipoclorito. Depois, passe-os em água corrente para terminar de limpá-los. Se tiver máquina de lavar pratos, só a ligue quando estiver com toda a sua capacidade preenchida;
.Na lavanderia – deixe as roupas de molho antes de lavá-las e use a mesma água para esfregar as roupas com sabão. Só abra a torneira na hora de enxaguá-las. Se tiver máquina de lavar, use-a sempre com a carga máxima. Tome cuidado com o excesso de sabão, para evitar enxágües desnecessários. Se for comprar uma máquina nova de lavar roupas, dê preferência àquelas de abertura frontal, que são mais econômicas que as de abertura superior;
.No jardim – Regue as plantas à noite ou de manhã, evitando as perdas de evaporação nas horas mais quentes: molhe a base da planta, o solo e não desperdice água na folhagem. A água de chuva pode ser armazenada para esse uso;
.No quintal – evite lavar o carro, mas se for fazê-lo, prefira um balde à mangueira. Reaproveite essa água, desde que isenta de sabão ou outros produtos químicos, para regar as plantas do jardim. Ao limpar a calçada ou áreas impermeabilizadas, use a vassoura para varrer a sujeira e somente água;
.Vazamentos – verifique vazamentos no vaso sanitário, jogando cinzas no fundo. Se houver movimento, é porque existe vazamento. Para isso, também vale usar o hidrômetro. Feche as torneiras, desligue os aparelhos que consomem água e deixe abertos os registros nas paredes, os quais alimentam a saída d’água. Anote o numero do hidrômetro depois de algumas horas, para ver se houve alteração. Se houve mudança sem se consumir água, há vazamento;
.Reaproveitando a água – a que você usou no enxágüe da louça, pode ser reutilizada para dar descarga nos vasos sanitários ou para lavar o quintal. A de lavagem do carro, utilizando-se balde, serve ou para o jardim ou o quintal. Prefira também as caixas de descarga acopladas nos vasos sanitários a válvulas, pois economizam até 50% de água em cada descarga. Para regar o jardim, a mangueira com esguicho, tipo revólver, é a mais econômica.
Indústria: como pode colaborar?
Gerenciando corretamente seu uso.
Com relação à economia de água, uma primeira providência é proceder à completa revisão das instalações hidráulicas de seus complexos industriais, substituindo os aparelhos tradicionais por outros de tecnologia avançada, com controle de acionamento eletrônico ou mecânico, os quais proporcionam substancial economia de água.
Com relação ao tratamento dos efluentes industriais, é extremamente importante e urgente que se tornem os Programas Governamentais, estabelecidos em parceria com as indústrias, objetivando não só a instalação de sistemas de tratamento de seus efluentes, mas também o reuso da água utilizada em processos industriais não consultivos.
Setor agrícola: o que pode fazer?
A substituição de processos tradicionais de irrigação por outros que utilizem equipamentos modernos, mais econômicos, e, principalmente, a implantação de programas de capacitação e treinamento de agricultores, são medidas que se impõem.
Conclusão final:
Segundo a ONU, em menos de cinqüenta anos, mais de quatro bilhões de pessoas, ou 45% da população mundial, estarão sofrendo com a falta de água. Esse alerta foi dado em um relatório apresentado na 7a. Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada no final de 2001, em Marrocos. Afirma, ainda, que antes mesmo de chegarmos à metade do século, muitos países não atingirão os cinqüenta litros de água por dia, necessários para atender às necessidades humanas. Os países que correm maior risco são aqueles em desenvolvimento, uma vez que a quase totalidade do crescimento populacional, previsto para os próximos cinqüenta anos, acontecerá nessas regiões.
A entidade aponta a poluição, o desperdício e os desmatamentos, que fragilizam o ecossistema nas regiões dos mananciais e impedem que a água fique retida nas bacias – principais motivos para a causa da escassez da água.
Falar em escassez em um planeta que tem 70% de sua superfície coberta por água pode parecer um contra-senso. No entanto, a maior parte desse volume (97,5%) encontra-se nos mares e oceanos. Trata-se, portanto, de água salgada, imprópria para o consumo humano e para a produção de alimentos. E os 2,5% restantes de água doce também não estão inteiramente disponíveis para o uso: a maior parte dela (68,9%) encontra-se nas calotas polares e geleiras, 29,9% constituem as águas subterrâneas e 0,9% são relativas à umidade dos solos e pântanos. A água dos rios e lagos representa apenas 0,3% do total de água doce do planeta. Mesmo pequena, essa parcela de água doce seria mais que suficiente para atender à necessidade da população terrestre, se estivesse distribuída de forma homogênea em todas as regiões. (Brasil Nuclear, 2002).
Nos últimos anos, a conscientização para a questão da água vem crescendo nas discussões internacionais em torno da preservação ambiental e do combate à fome e à mortalidade infantil.
Embora no Brasil se concentre 14% da água doce do planeta, a escassez já se apresenta em algumas regiões, tais como o desenvolvido Sudeste do país.
A cidade de São Paulo, a segunda maior da América Latina e uma das maiores do mundo, é um exemplo disso. Períodos de racionamento já se apresentam desde a década de 80.
Em 2000, mais de 3 milhões de pessoas foram atingidas pela suspensão temporária do abastecimento
No Brasil, ainda é um grande problema o desperdício de água, dado por vazamentos e ligações clandestinas. Esse tipo de desperdício atinge cerca de 45% da água tratada no país, ou seja, cerca de 4,16 bilhões de m3 de água por ano.
Essa quantidade seria suficiente para abastecer 35 milhões de habitantes nesse mesmo período. Em lugares como Fortaleza (CE), essa situação atinge 70% de perda por vazamentos antes da água tratada chegar às torneiras. Nas nações desenvolvidas, esses números chegam, no máximo, a 20%. Por isso, o Brasil é considerado um dos campeões no desperdício de água no mundo.
Apesar de vivermos em um cenário encorajador, onde temos água à vontade para beber, tomar demorados banhos, lavar calçadas, encher piscinas, além de gastar na geração de energia e nos processos industriais, devemos tomar ciência dessa fragilidade e, realmente, partirmos para o que consideramos primordial em todas as atividades: O CONSUMO CONSCIENTE.
Desde os tempos dos assírios e persas, a história do mundo tem-nos mostrado o que acontece, quando povos e nações que dispõem de recursos e riquezas, não sabem usá-los convenientemente, nem estão preparados para defendê-los adequadamente.
Antes que seja tarde demais, está na hora de começarmos a enfrentar esse desafio, para que, em vez de virmos a ser adiante parte do problema, possamos emergir como parte decisiva da solução. (Brasil nuclear, 2002)
Mais ainda do que promovermos o CONSUMO CONSCIENTE, devemos promover a NATALIDADE CONSCIENTE pois, se não observarmos e contorlarmos esse aumento progressivo populacional, mesmo com todas as ferramentas para controle da água e das reservas naturais, em breve, não termos mais água, alimento e espaço físico para tantos serem humanos sobre a nossa terra.
DO CONTROLE POPULACIONAL CONSCIENTE DEPENDE A SUSTENTABILIDADE DE NOSSO PLANETA
Célia Wada
Referências Bibliográficas
Alem, F.A.R; Silva,A. P. Água e meio ambiente: disponibilidade e demanda dos recursos hídricos – Revista de cultura-IMAE. Ano 2, vol. 2, nº 4, abr./maio/jun., 2001. São Paulo.
Corrêa, D.S; Alvim, Z.M.F. A Água no olhar da história. Secretaria do Meio Ambiente. Secretaria do Meio Ambiente. 2. ed. São Paulo, 2000.
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Dantas, V. Do mar para as torneiras. Brasil nuclear. Ano 9, nº. 24, jan-mar, 2002.
Dantas, V. A "grande hidrovia". Brasil nuclear. Ano 9, nº. 24, jan-mar, 2002.
Guardia, E. – Um mar subterrâneo. Brasil nuclear. Ano 9, nº 24, jan-mar, 2002.
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Meio Ambiente.: Produção e tecnologias limpas – Informativo da Fundação Carlos Alberto Vazolini. Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica – USP. Ano IX, no. 42, mar.-abr., 2000.
Secretaria do meio ambiente. Consumo sustentável. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. Jan. 1998.
Secretaria do meio ambiente – Olho d’água – Governo do Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. Edição especial. Jun. 2001
Site do Projeto Sistema Aqüífero Guarani: www.sg-guarani.org