quarta-feira, 29 de junho de 2011

Horta engarrafada

Ideia de Marcelo Rosenbaum reaproveita embalagens de refrigerante para montar um jardim vertical criativo e sustentável

Por Casa e Jardim Online

Divulgação/Marcelo Rosenbaum
Acredite: é possível ter temperos sempre à mão em casa, ainda que você não disponha de muito espaço ou de recursos financeiros. A ideia partiu de Marcelo Rosenbaum, que a executou em uma das edições do quadro "Lar, doce lar", exibido no programa Caldeirão do Huck, da TV Globo. O designer aproveitou o muro do corredor desta casa, no bairro Itaim Paulista, em São Paulo, para criar uma horta vertical. No lugar de vasos, foram utilizadas embalagens de refrigerantes, recortadas e penduradas com cordinhas. “A garrafa PET é uma invenção que deu certo em termos econômicos, mas vem trazendo uma dor de cabeça quando pensamos na enorme degradação do meio ambiente causada por ela”, diz Rosenbaum em seu blog. “Esta é uma forma popular de se apropriar de técnicas já existentes sustentáveis, viáveis e econômicas”, completa.

Quer ver o passo a passo para reproduzir a ideia em casa? Clique aqui.
Divulgação/Marcelo Rosenbaum

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Pelo fim do uso de “carente”

1 de junho de 2011

Célia Schlithler*

Há evolução no universo do investimento social.  “Assistencialismo”, “paternalismo”, “caridade” são termos que praticamente só se usa para se referir ao passado ou a erros ainda cometidos no presente.

A palavra “carente”, porém, ainda é vastamente empregada.  Ouço-a em todos os eventos, seminários, conferências – pronunciada por iniciantes na área social e por veteranos com sólida formação. Na mídia, então, nem se fala e, pior, “menor carente” ainda impera e nos brinda com duas visões equivocadas em um único termo.

Que fique claro desde já: não estou julgando aqueles que usam “carente” com a intenção de evitar palavras que possam parecer preconceituosas, como “pobre”, por exemplo.  Estou propondo outra coisa.  Vamos lá:

Uma busca por “carente” no Google traz como um dos primeiros resultados a seguinte frase: “ter um namorado é o objetivo da mulher carente”...  Já uma busca no site do GIFE (em 31/05/11) encontra 226 resultados para o vocábulo que, certamente, não aludem a mulheres sem namorados...

A reflexão que proponho é a seguinte: Por que esta necessidade de qualificar assim as pessoas com quem se faz investimento social?  Por que não dizer simplesmente:
100 jovens participam do Programa XYZ.

Em vez de:
100 jovens carentes (ou de comunidades carentes) participam do Programa XYZ.

Se os tais jovens não fossem pobres, se usaria uma qualificação equivalente? Algo como:
100 jovens sem carências embarcaram para a Disney.

O dicionário define carente como “aquele que não tem; aquele que precisa; necessitado”.  Pergunto: quem tem tudo? Este é um lado da questão.  O outro é: pobre não tem nada a oferecer?  E este é o lado mais perigoso.

O perigo está em se estabelecer um tipo de relação de mão única que leva à dependência, ou seja, uma relação assistencialista.  Doa-se o excedente para o carente, que se sente incapaz de sair deste lugar porque não é visto como alguém que tem recursos próprios.

Uma vez, após uma formação sobre o “olhar apreciativo”, um morador de uma comunidade me disse: “Nunca mais vou me colocar no lugar do carente: eu reclamava do assistencialismo, mas não percebia que eu mesmo não acreditava nas minhas capacidades, nem nas da minha comunidade”.

Fiquei muito feliz por tê-lo ajudado a se considerar capaz e talentoso. E pensei muito na grande contribuição que os investidores sociais podem levar às comunidades, se não as tratarem como carentes. Se focarem sua atuação no fortalecimento dos talentos das pessoas, na cultura do povo, nas organizações criadas pelas comunidades, na capacidade de interagir, opinar e decidir da população e em muitos outros recursos que vão aparecendo quando são valorizados.

Aqueles que já têm a visão de que o melhor retorno que pode ter o investimento social é o desenvolvimento das pessoas e das comunidades podem ajudar, evitando o uso da palavra “carente”.  As mudanças de visão (ou paradigma ou modelo mental) são facilitadas quando trocamos as palavras.  Por isso, vale um esforço de todos.

Para concluir: tente se colocar no lugar de um jovem classificado como “carente”.  Foi agradável?  Então...


*Célia Schlithler é consultora de OSCs, institutos e fundações empresariais e setor público em desenvolvimento de grupos, redes e comunidades, com trabalhos para a RedEeAmerica e institutos Alcoa, Camargo Correa,  de Cidadania Empresarial, entre outros.

fonte: http://site.gife.org.br/artigo-pelo-fim-do-uso-de-carente-14226.asp

6 mil fontes de financiamento para tecnologias verdes

http://www.gife.org.br/artigo-6-mil-fontes-de-financiamento-para-tecnologia-verdes-14242.asp

17 de junho de 2011

Existem 6 mil fontes de financiamento ativas, como fundos públicos internacionais e mercados de crédito de carbono, para o investimento em “tecnologias verdes”. É o que aponta o guia Catalysing Climate Finance (Catalisando o Financiamento do Clima), publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Segundo o levantamento, embora os recursos sejam bastante concentrados em países desenvolvidos, essas opções podem e devem ser buscadas por nações emergentes. Daí o ponto de partida do documento ser “os recursos para controlar as mudanças climáticas devem ser bem distribuídos”.

O texto argumenta que estabelecer metas para os maiores emissores de carbono não é suficiente para driblar os desafios ambientais impostos hoje. Garante assim que é preciso obter recursos para adaptar tecnologias, mas também para mitigar (diminuir o impacto das) atividades que agravam o aquecimento global.

“O fracasso em promover acesso justo para recursos de combate às mudanças climáticas para todos os países em desenvolvimento traria sérias consequências políticas, climáticas e econômicas”, afirma o guia. O texto avalia que “é uma prioridade chave” capacitar países de baixa renda para obtenção de “investimentos públicos e privados para resolver os problemas ambientais, que são cada vez mais urgentes”.

Os recursos investidos em energia limpa passaram de US$ 22 bilhões, em 2002, para mais de US$ 200 bilhões, em 2010, mas 90% deste valor foi aplicado pelos países do G-20. Uma das mais importantes fontes de financiamento ambiental, o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), também é direcionada a poucas nações. Estabelecido pelo Protocolo de Quioto em 2007, ele permite a venda de créditos de carbono para nações industrializadas. Porém, apenas Brasil, China, Índia, Coreia do Sul e México devem concentrar 80% desses créditos até 2012, prevê a publicação do PNUD.

Uma das fontes alternativas de recursos são fundos de países desenvolvidos — que se comprometeram a destinar US$ 100 bilhões por ano, até 2020, para ajudar as nações em desenvolvimento a responderem às mudanças climáticas. Mas, adverte o guia, “mesmo se esse nível de financiamento for atingido, os gastos públicos serão insuficientes para transformar as economias”.

Entre os motivos para o baixo aproveitamento das oportunidades está o fato de que os mercados dos países de baixa renda não conseguem atrair muitos investimentos nessas áreas. Por isso, é preciso estimular o fluxo de dinheiro, público e privado, para questões ambientais. Outra recomendação do guia é aproveitar melhor os recursos públicos, sempre limitados. É possível, por exemplo, usá-los para atrair financiamentos privados, por meio da elevação dos impostos de atividades que prejudicam o meio ambiente — segundo a publicação, essa medida costuma ser mais eficiente que dar subsídios para atividades sustentáveis.

O documento do PNUD também contém um passo a passo com quatro etapas: 1) identificar tecnologias prioritárias de mitigação das mudanças climáticas e adaptação a elas; 2) avaliar quais são as principais barreiras para a difusão dessas tecnologias; 3) determinar políticas tanto para iniciativa pública quanto privada; 4) selecionar opções de financiamento. As dicas têm como base a experiência do PNUD, que já gerenciou mais de mil projetos climáticos em cerca de 140 países.

O relatório é baseado na premissa de que é possível reverter alterações no meio ambiente e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento — afinal, o combate às mudanças climáticas pode trazer benefícios econômicos e sociais, como redução da pobreza, criação de empregos verdes e manejo sustentável da água.

placas tectônicas na Islândia

Mergulhador fotografa divisão entre placas tectônicas na Islândia
O britânico Alexander Mustard documentou um mergulho entre as placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia, que se afastam a cada ano.
Da BBC
O fotógrafo britânico Alexander Mustard registrou o mergulho que ele e outros colegas fizeram na fenda entre as placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia.
A aventura para conhecer a "fronteira" entre as duas placas ocorreu no Parque Nacional Thingvellir, na Islândia. A paisagem submersa do parque é cheia de vales, falhas e fontes de lava, formados pelo afastamento gradual entre as duas placas, que se distanciam cerca de 2,5 centímetros uma da outra a cada ano.
Foto tectônica 2 (Foto: Alexander Mustard / Solent )
Fotos foram tiradas nas imediações do Parque Nacional Thingvellir. (Foto: Alexander Mustard / Solent )

Os mergulhadores que participaram da expedição desceram cerca de 24 metros na fenda entre as placas, mas chegaram a até 60 metros de profundidade em cânions como o Silfra e o Nikulasargia.
Mustard, de 36 anos, diz que as imagens mostram 'o mundo submarino único da Islândia, que, assim como a ilha, é formado por paisagens vulcânicas'.
A lava e o vapor quente na interseção entre as placas criou também a chaminé hidrotermal Arnarnes Strytur, visitada pelos mergulhadores. A água é expulsa da chaminé 80°C e forma uma coluna turva ao entrar em contato com a água do mar, que está a 4°C.
Alexander Mustard é especializado em imagens submarinas. Um de seus trabalhos mais conhecidos é o registro fotográfico de destroços de navio no fundo do mar ao redor do mundo.

Foto tectônica 1 (Foto: Alexander Mustard / Solent)
Mergulhadores chegaram a atingir até 60 metros de profundidade. (Foto: Alexander Mustard / Solent)
Placas tectônicas
A noção de placas tectônicas foi desenvolvida nos anos 1960 para explicar as localizações dos vulcões e outros eventos geológicos de grande escala.

De acordo com a teoria, a superfície da Terra é feita de uma "colcha de retalhos" de enormes placas rígidas, com espessura de 80 km, que flutuam devagar por cima do manto, uma região com magma nas profundezas da terra.

Foto tectônica 3 (Foto: Alexander Mustard / Solent)
Fenda entre duas placas tectônicas foi estudada. (Foto: Alexander Mustard / Solent)

As placas mudam de tamanho e posição ao longo do tempo, movendo entre um e dez centímetros por ano - velocidade equivalente ao crescimento das unhas humanas.
O fundo do oceano está sendo constantemente modificado, com a criação de novas crostas feitas da lava expelida das profundezas da Terra e que se solidifica no contato com a água fria. Assim, as placas tectônicas se movem, gerando intensa atividade geológica em suas extremidades.
As atividades nestas zonas de divisa entre placas tectônicas são as mesmas que dão origem aos terremotos de grande magnitude.

Foto tectônica 4 (Foto: Alexander Mustard / Solent)
Alexander Mustard é especializado em fotografia no fundo do mar. (Foto: Alexander Mustard / Solent)
 
Arq. Marco Aurélio Souza
P Antes de imprimir pense em sua responsabilidade e compromisso com o MEIO AMBIENTE

domingo, 5 de junho de 2011

TERRAMÉRICA – Receio de ruína social

30/5/2011 - 10h16,por Susana Segovia*, envolverde


O projeto HidroAysén já faz sentir seus efeitos em ânimos alterados e relações rompidas em comunidades da Patagônia chilena.
1420 TERRAMÉRICA   Receio de ruína socialSusana Segovia/IPS
Curso do Rio Baker.
Cochrane, Chile, 30 de maio de 2011 (Terramérica).- A área a ser inundada pelas cinco represas da HidroAysén não supera 0,05% da superfície da região chilena de Aysén. Mas é justamente a região dos vales onde reside a maior parte da população, afirmam os que lá vivem. No coração da austral Patagônia, nos vales do Rio Ñadis, cerca de 45 quilômetros ao Sul da cidade de Cochrane, vivem 14 famílias que devem ser reassentadas, já que a central hidrelétrica Baker 2, uma das cinco projetadas pelo consórcio HidroAysén, deixará a área debaixo d’água.
Moradores desta localidade, Elisabeth Schindele, Rosendo Sánchez e seus dois filhos se dedicam em seus 492 hectares à criação de animais, cultivo de horta familiar, organização de cavalgadas para El Saltón, no Rio Baker. Seus vizinhos mais próximos estão a quatro quilômetros. Segundo pesquisa da consultoria internacional Ipsos, realizada no final de abril, 61,5% dos entrevistados em todo o país se manifestaram contrários às hidrelétricas, que no dia 9 deste mês obtiveram luz verde das autoridades regionais – nomeadas pela Presidência – após três anos de tramitação e sem responder algumas das 11 mil observações feitas pela sociedade civil.
“Fizemos observações no processo de participação cidadã e até hoje não foram respondidas. Queremos saber o que houve com nossa associação de moradores, com nossa sede, o que aconteceu com nossas relações culturais, familiares, econômicas”, disse Elisabeth ao Terramérica. “Se nos reassentarem separadamente se perderá esta comunidade, e eles não fazem um esforço para entender isto”, acrescentou. As 14 famílias serão reassentadas antes do enchimento da represa, mas somente aquelas com títulos de propriedade, explicou Elisabeth. Há trabalhadores estabelecidos aqui sem serem os proprietários, que são parte da forma de viver no Baker, afirmou.
As represas serão construídas nos rios Baker, o mais caudaloso do país, e Pascua, para geração de 2.700 megawatts e levá-los por uma linha de transmissão de dois mil quilômetros até Santiago e a região mineira de Atacama. A HidroAysén é formada pelas empresas Endesa (firma espanhola de energia adquirida pela italiana Enel) e a Colbún, parte do grupo chileno Matte, que controlam 70% do mercado elétrico nacional.
Chega-se a Cochrane subindo na direção Norte pela estrada austral. A escultura de um huemul (espécie de cervo) na praça e um condor de madeira em uma esquina servem de apresentação para esta cidade de três mil habitantes na qual Teresa Catalán tem um restaurante familiar. Filha de pioneiros da região, depois de viver 20 anos na vizinha região de Los Lagos, decidiu voltar para a Patagônia com seu marido. “Vivi em lugares onde havia muito dinheiro e depois se transformaram em lugares fantasmas, onde o estigma de uma localidade ruim é o que resta após essa riqueza enorme acabar”, disse Teresa ao Terramérica.
Estima-se que cerca de cinco mil trabalhadores serão atraídos pelas oportunidades de trabalho em um período de dez a 12 anos. Os habitantes da Patagônia temem que com eles aumente a criminalidade, a prostituição e a gravidez precoce. “O que me preocupa muito é a gravidez de adolescentes que pode sofrer um aumento pela grande população masculina que os projetos trarão”, disse à IPS a conselheira de Cochrane, Tatiana Aguilera.
Entre 1985 e 1987, a Endesa construiu uma minicentral hidrelétrica de passagem para abastecer as populações desta área. Embora a obra não tenha atraído tantos trabalhadores, deixou uma geração de jovens sem sobrenomes paternos na comunidade, disse Tatiana. Cochrane tem um hospital público e um edifício modular construído em 1970 para atender as comunidades de Villa O’Higgins, Caleta de Tortel, Puerto Bertrand e Puerto Guadal. No entanto, partos só são realizados em Coyhaique, cerca de 345 quilômetros a Leste daqui, e a viagem demora de seis a sete horas.
A empresa oferece a instalação de um centro privado de cuidados médicos para seus trabalhadores, mas a saúde dos que vierem trabalhar em atividades vinculadas ficará a cargo do sistema público, disse Tatiana. Já há impactos intangíveis. “Há intervenção em nossas culturas, e isto se reflete no fato de que antes muitas coisas eram feitas pela vontade das pessoas”, ressaltou a conselheira. É o caso de “El Encuentro Costumbrista”, uma mostra de montaria, doma e ordenha que era organizada com participação voluntária dos moradores. Desde que a HidroAysén passou a financiá-lo, acabou a ideia de colaborar. Agora quem participa recebe um pagamento.
A Caleta de Tortel, a comunidade mais ao Sul de Aysén, está encravada na desembocadura do Rio Baker, entre os campos de gelo Norte e Sul e o Oceano Pacífico. Não possui ruas, mas passarelas de madeira que atravessam canais e estuários, ilhas e áreas escarpadas da Cordilheira. Por estas passarelas que tecem a vida de Caleta de Tortel passa Irma Gruelet, pequena comerciante que tem um quiosque de café e doces na entrada do povoado. Sua casa fica perto da escola e, enquanto conversa, ouve-se, por trás de sua voz, as das crianças saindo da aula. “Aqui nem todos estão descontentes, pelo contrário, a gente às vezes precisa de ajuda, e a HidroAysén a tem dado”, afirmou Irma.
É o caso de Nancy Domínguez. A empresa lhe financiou um quiosque de doces e artesanatos para turistas que visitam o estuário do Rio Baker, e que se teme sofra inundações periódicas com as represas. “Claro que as represas produzem um dano ambiental, mas para nós, que somos idosos de baixa renda, isto permite que melhoremos nossa vida”, afirmou Nancy. Na capital regional, Coyhaique, a rádio católica Santa Maria questiona o projeto. Já houve impacto social mesmo antes da aprovação da HidroAysén, disse ao Terramérica a jornalista Claudia Torres em uma das cabines de transmissão. A comunidade se dividiu entre quem recebeu dinheiro da empresa e quem não recebeu, entre “vendidos” e sem preço, descreveu. “Eles não dimensionaram o dano causado”, disse.
Para Michel Mouré, gerente de operações da HidroAysén, sugerir que os cidadãos de Aysén se deixam comprar pela empresa “é um insulto”. A colaboração, desde bolsas até apoio a microempresários, é parte da política de “responsabilidade empresarial” da HidroAysén, que representa uma oportunidade de superar o desemprego e a pobreza em uma das áreas mais abandonadas do país, afirmou
No dia 20 de maio, o conselheiro regional René Hermosilla Soubelet, do governante partido Renovação Nacional (RN), disse no programa de Claudia Torres que “há gente do RN envolvida com a HidroAysén, que recebe dinheiro… Essa gente, creio, teria que se afastar imediatamente deste processo”. No mesmo dia, houve um incêndio em uma casa cujo proprietário, favorável às represas, culpou “delinquentes que estão aproveitando a oportunidade para dividir a região”.
A Oeste de Coyhaique, em Puerto Aysén, as pessoas caminham lentamente e reconhecem sem esforço quem não é da região. Em uma loja de discos é oferecido o primeiro compacto de um artista local que canta a Patagônia, e um grupo de jovens organiza uma cavalgada de sensibilização ecológica. Para o dirigente Hugo Díaz, da Agrupação Wall-Mapu, ali reside a esperança. “Cada dia mais jovens se unem a esta luta, e estes jovens intercedem ou influem nas cabeças de seus pais”, afirmou.
* A autora é correspondente da IPS.

Dia do Meio Ambiente.... o que estamos realizando

Grandes cidades na liderança de ações em mudança climática

 por Sérgio Abranches, do Ecopolítica

Reunidos em São Paulo para discutir mudança climática, vida urbana e qualidade de vida os prefeitos das principais cidades do mundo.
132 300x188 Grandes cidades na liderança de ações em mudança climáticaVárias das cidades representadas no C40 estão na vanguarda na redução de emissões de gases estufa. Nova York está mudando sua frota de táxis para veículos híbridos e elétricos. Está implantando ciclovias e devolvendo espaço ocupado por automóveis à população. Portland está virando paradigma de “cidade do clima”. Em várias dessas cidades há movimentos por “telhados verdes” e “telhados brancos”. Na Europa muitas já adotaram o “pedágio urbano” para desestimular o tráfego de carros no centro da cidade e estimular o uso de transporte coletivo. Veículos leves sobre trilhos, bondes modernos (tramways), metrôs estão sendo implantados para permitir a transição do transporte individual para o coletivo com qualidade. Como modelos de transição, há o recurso do BRT (Bus rapid transit), particularmente em cidades de países em desenvolvimento: Bogotá, Cidade do México, Curitiba.
A experiência das últimas COPs, em Copenhague e Cancún, e a expectativa de pouco ou nenhum avanço em Durban, na COP17, indicam que qualquer acordo global vinculante dependerá da adoção de políticas domésticas. Uma vez adotadas, essas políticas podem ser consolidadas em um acordo global, avaliadas e incrementadas. Se esse caminho “de cima para baixo” é o mais viável, as cidades e, particularmente, as grandes metrópoles, têm um papel decisivo.
Primeiro, porque muitas estão na vanguarda das ações relativas à mudança climática, tanto em termos de mitigação (redução de emissões), quando de adaptação (preparação para enfrentar eventos climáticos extremos mais frequentes, elevação do nível do mar, etc…).
Segundo, porque só essas reunidas em São Paulo representam perto de 20% das emissões de gases estufa. Emissões derivadas principalmente do setor de transportes urbanos (particularmente carros particulares e ônibus a diesel) e consumo corporativo e residencial de eletricidade.
Terceiro, por uma razão política. Essas cidades têm força e influência, formam opinião no que se refere à gestão urbana e podem demonstrar a eficácia das políticas que adotam, estimulando sua adoção nacionalmente. Elas pode, em particular, mostrar que o caminho para uma sociedade de baixo carbono não envolve perdas líquidas. Ao contrário permite elevação do bem-estar, da qualidade de vida e dos ganhos econômicos.
O Brasil tem pouco a mostrar em ações efetivas e em lideranças ativas no campo da mudança climática e da sustentabilidade. Ao contrário, essa reunião acontece em um momento de grande retrocesso na área ambiental no país: aprovação de mudanças no Código Florestal; política energética atrasada no campo das energias eólica e solar; licença para as obras de Belo Monte, no momento em que o projeto é abandonado pelo investidores recusa em avaliar a sério os riscos das usinas nucleares; protecionismo que impede a venda aqui de carros elétricos.
Na política, nada temos de parecido com o neo-republicano Bloomberg, que governa Nova Iorque e preside a C40, ou com o ex-presidente democrata Bill Clinton. Só Marina Silva se destaca como liderança comparável aos líderes de outros países presentes em São Paulo. Mas ficou confinada a um partido pequeno, que resiste à modernização democrática por ela proposta. Os grandes partidos do PT ao PSDB, do PMDB ao DEM, são todos atrasados na questão climática e ambiental.
* Para ouvir o comnetário do autor na rádio CBN clique aqui.
** Publicado originalmente no site Ecopolítica.

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