quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Educação para a sustentabilidade

por Vânia Velloso*
1279 Educação para a sustentabilidade
Ilustração de Cezánne.

Estou há tempos para escrever novamente para Plurale. Desde que voltei de viagem, pego e largo o texto por motivos variados. Não dá para elencar todos, mas creio que o principal tem a ver com um conteúdo que faça sentido para mim, para a editora e para vocês. Sei quantas informações sem sentido recebemos em casa, e também, algumas com sentido que nem esticamos mais a vinda do sono para ler à noite – quietos na cama ou na poltrona predileta. O tempo. Tempo para aprender, para ler com calma para aprimorar relações, para mudar de trabalho, para trocar de lugar. Atualmente leio três coisas em cada tempo. Uma ficção boba juvenil para retomar o inglês, um Sandor Marai – húngaro que escreve um dos bons livros que me foram dados.
Recomendo o título De Verdade, bem interessante e denso para refletirmos sobre quem somos e para onde vamos com nossas certezas. E leio também com afinco os textos sobre sustentabilidade e os fuxicos de internet – enviados por amigas queridas ou conhecidos que sabem que hoje eu sou senhora de mim, liberta e menos prisioneira do tempo. E posso pensar em decodificar com calma o que me proponho a escrever e realizar ainda!
O frio do Rio é ótimo companheiro para as manhãs e tardes de chá e leitura, arrumações em casa, coisas e coisas sem fim para dar novo destino: um uso melhor para quem necessita ou a dolorosa – mas deliciosa – sensação de um local limpo e harmônico na relação coisa-espaço.
Consigo, com algum custo, dar coisas quase novas, pois sei que não vou precisar, e chega este complexo tempo de desapegar. Desapegar-me de filhos que seguem seus caminhos e sabem que fazem parte de um ambiente de conforto e consideração incondicional em uma das várias casas onde eles foram criados, despegar-me de coisa perdida, desapegar-me do delirante vício do poder, desapegar-me de verdades estabelecidas… Desapegar-me (“de verdade”, como Marai), ou seja, “desconectar-me” de gente e situações que não acrescentem. Pode parecer terrível, mas sinto enorme cansaço com o pacto da mediocridade que sou obrigada a conviver por vez ou outra.
E quando me sinto assim, morna e medíocre nas minhas posturas, rapidamente ou nem tanto, uma onda de renovação ou de reposicionamento surge, no fundo de minhas antigas e novas possibilidades de fazer acontecer.
Tão difícil desapegar-me de coisas e tão fácil desapegar-me de pessoas ou desapegar-me do cuidado com a vida. Consegui com muito custo reverter este desenho. Coisificamos tudo, damos suma importância à aparência e como os outros nos julgam, e colocamos os contatos no plano de coisa a menos. E o tal algo mais de Cézanne – realizado em vida do pintor –, onde as coisas do/no mundo eram vistas como sentido e cor da natureza e do homem em sua busca de humanidade e universalidade, somadas com a cortesia. E mesmo o homem da natureza como o denominava é apenas um elemento vital na ocupação, da vida evidente ou aparente.
Onde as coisas objetivas para o mundo, observadas e avaliadas sob a perspectiva humana, tornavam-se sujeitos de si mesmas e a conversa – entre ele e a coisa e entre ele e natureza das coisas e do ambiente – passava a ter um sentido de pertencimento no mesmo mundo por criado e o mundo antes de nossa presença. Aprecio esta maneira de ver as coisas que nos são gratas e cuidadas como “personna de si mesmas”, dar um pouco de anima (alma) para estas coisas. Quem sabe se fizéssemos isto com o ambiente natural e criado não coisificaríamos, e estes dois ambientes integrados atuariam como sujeitos no mundo.
Isso incluiria quem realmente colocar no ambiente amizade, qual troca sobre este mesmo mundo você faria a cada dia, como valorizar as luzes e cores da manhã no bule de café, as frutas ao acordar e as dobras de uma toalha branca. Viver este despertar para a luz e para a cor – diferentes a cada momento. Isso era algo que perseguia Cézanne, e penso muito sobre tudo isto e me sinto instigada para ver onde estas questões podem me tornar uma personna melhor para o ambiente.
Como se a cada dia as coisas que eu tivesse à volta despertassem com o homem racional e sensível ao mesmo momento. O homem com forma, cor e cheiro totalmente inserido e parte de seu ambiente. Este texto todo para dizer que gosto em Cézanne e outros artistas ligados ao pertencimento ao ambiente. Este pertencer tão complexo quando falamos do sujeito e do ambiente que ele precisa aprender a conviver. A memória das coisas e dos momentos constrói as relações aonde vou tecendo o pano de retalhos da mesa matinal e da vida: a cortesia e a permanência do contato. No processo de coisificação que estamos passando, cada sujeito dá o valor e a intensidade de contato, conforme a utilidade e, assim, caminha nesta “coisa-humanidade e na humanidade-coisa”.
Acumulamos muito, e nem sempre antes de comprar algo novo, limpamos as gavetas. Creio que é assim com o pensamento e reflexões em casa sozinha sobre o que realmente é possível realizar neste espaço de acúmulos e de baixas avaliações sobre como refletimos para mudança de atitudes.
Espero que você possa – de quando em vez ou com qualidade – parar e ler com cuidado e delicadeza o que lhe interesse. E caso este texto traga um pequeno algo mais: o olhar dos opostos e da intensidade na profusão de diversidade que o cerca. Que você possa enviar o seu algo mais para o outro. Como a curva de Moebius(1), onde tanto se deve olhar e viver na parte interna como na parte externa da fita – ver uma mesma questão por todos os seus lados de possibilidades e assim descobrirmos, que a cada leitura, a cada troca de impressões, a cada retorno (estamos sempre no eterno retorno e nunca será idêntico) a realização do outro. Podemos ser o algo mais aprimorado e não coisificado.
Podemos duvidar possuir ou manifestar opiniões divergentes em relação a qualquer um, mas sabemos que existe um direito inalienável de ver a coisa ou o sujeito por meio de outra referência – outro ponto do observador. Desta forma, eu, aqui, também esclareço que não tenho nada contra qualquer pessoa que decida ou deixe a vida externa decidir por ela. Que encontra significado ter um processo de crescimento no mundo sem tantas considerações. Este estado, para mim, não funciona, pois sou absolutamente comprometida e responsável com as minhas escolhas de fazer ou de inércia.
Atualmente, tenho visto muitas pessoas que privilegiam a vida pela superfície das questões… É obvio que não se pode passar o dia em profundas elucubrações sobre tudo. Seria exaustivo. Eu ainda fecho com alguns queridos sábios, que se você for tomar um simples banho, que seja real na sua escolha e simples na forma, para que durante o pequeno tempo que você deveria ficar lá na economia de água e sabão, você possa refletir sobre si sobre o famoso Dasein (ser aí neste mundo e fruto de todos os mundos passados vivenciados).
Você pensa sobre o valor do sujeito e o valor da coisa que artificialmente valoriza ou você qualifica o sujeito. Na fase inicial da vida em que estamos ligados ao lugar confortável do materno é aí que as “formas de afetos” começam a ser processadas em nosso local do sensível no cérebro, e estas conexões perduram por toda vida quando iniciadas e estimuladas.
Pode ser por falta deste laço e por não termos mais as relações de afeto atualizadas a todo dia que perdemos a capacidade de ponderar entre o afeto e o racional, entre o desejo e o interesse, entre necessidade compartilhada e egoísta. É nesta escada do desenvolvimento que teremos habilidade para lidar com o que discordamos no mundo externo ao mundo materno e chegaremos por meio do processo educacional, da disciplina e do limite ao mundo da cortesia. A cortesia está para mim no último degrau; trocamos a emoção com nossas mães de forma egoísta para sobrevivência, elas e os pais ensinam ou deveriam ensinar formas de sermos gentis em família, de conceder e com a escola formal e as relações de amizade e trabalho do mundo em volta, desenvolvemos a cortesia. E você neste momento para de ler e reflete: o que isto tem a ver com a sustentabilidade do título?
Pode ser que se não conseguimos fazer a conexão é exatamente neste ponto que perdemos ou não apreendemos a cortesia. Pois a cortesia é ensinada sutilmente no dia a dia em casa e depois na escola. Pode ser também que nesta fase estejamos construindo um ser que não terá habilidade para relativizar, para mudar quando escuta com atenção e dedicação algo que o outro lhe traz. Isto pode ser boa oportunidade para si, para os dois e para a sociedade do entorno. Nesta fase, muito pequenos e inconscientes da realidade e do ambiente que nos vai moldar, traçamos o famoso caminho individual dentro do processo civilizatório das conexões humanas. Ah! E isto sim tem tudo a ver com sustentabilidade das relações, do ambiente natural ou criado por mim e pelo outro.
Acredito que o processo de envolvimento dos indivíduos com o ambiente – crianças, adolescentes e adultos – tem a mesma correspondência com o grau de desenvolvimento da cortesia que você dedica a si mesmo (cuidado com sua mente e com seu corpo) e a cortesia que trocamos entre pessoas tão diferentes e por vezes aquelas que não concordamos com o modo de ver e se perceber no mundo.
Por fim, percebo que como não desenvolvemos bem a cortesia em um local que:
• O coletivo vale pouco;
• A sociedade brasileira é ainda deficitária em alguns processos de trocas;
• A integridade e o caráter têm várias possibilidades;
• A pessoa é assertiva na apropriação de um bem público como uma coisa privada;
• A coisificação do sujeito para a vida se deu em função da ausência dos afetos e cuidados familiares;
• A escola, o aprendizado e o conhecimento não fazem parte da construção do sujeito moral do Dasein – o ser aí no mundo dedicado a construir e manter o seu local melhor para si e para quem vier.
O que isto tem a ver com sustentabilidade? Tem bastante por mais que você no momento não consiga ou não possa fazer as conexões assim como Cézanne – ele passava boa parte do seu tempo realmente pensando em como mudar de atitude em tela e partia para uma viagem de riscos nesta mudança de atitude. Qualquer mudança vai exigir algum tempo de engajamento prévio, para que se possa mudar efetivamente e encarar a sustentabilidade fragmentada ou em nosso cotidiano.
Normalmente somos confortados ou atuamos no que chamo de uma sustentabilidade fashion: a do espetáculo, colocada em local confortável da fala e do não comprometimento pela ação: rechaçada a conversas informais e descontraídas do chopp de sexta-feira, após o trabalho exaustivo e, por vezes, repetitivo. A tal da sustentabilidade possível em vida – vai acontecer no seu ou no meu cotidiano, se primeiro verificarmos nossa conexão com a cortesia para o outro e para outros espaços que não somente o conhecido e/ou aqueles que temos interesse em sempre ganhar algo. Se verificarmos também se esta nossa cortesia nos pode levar a uma postura de aceitação da diferença – a diversidade de jeitos e culturas. Algo que não é necessariamente no primeiro momento aquele chamado do algo mais de Cézanne – que faz de você um ser melhor quando pensa em quanto arriscou para uma mudança.
Porém, já um algo que mexe com você para a cortesia sempre presente em suas ações e nas relações com as pessoas. (O que deveria ser normal e não evidenciada no espaço que você troca, habita, trabalha e impacta). Porque não impactar pela cortesia e pela possível e concreta atitude na e para sustentabilidade que você possa incorporar de forma permanente?
No próximo texto vou abordar mais a sustentabilidade dos contatos duradouros e/ou de fidelidade – que estão intimamente conectados com a agenda pessoal da sustentabilidade possível. Tempo e confiança são as palavras-chave!
Nota
(1) Curva de Moebius – esta curva nasceu da matemática e foi levada para o mundo da psyqué, onde a vida, na verdade, tem um lado o de fora mescla com o de dentro. E não existe o lado do bem para uns e lado do mal. Possuímos e agimos sempre esta polaridade que nos faz ver a vida de maneira diversa: o olhar por dentro de si e olhar por fora de si – para analisar com mais isenção, e que de certa forma estamos fadados a circular neste eterno retorno, mas nunca de mesma forma, pois a cada volta (do dia, das passagens, dos ritos, etc.) existe a influência do outro e do meio.
* Vania Velloso é arquiteta, com especialização em Filosofia e Gestão Ambiental, artista e cozinheira.
** Publicado originalmente no site da revista Plurale.

terça-feira, 27 de setembro de 2011



[...] há chance de salvamento. Mas para isso devemos percorrer um longo caminho de conversão de nossos hábitos cotidianos e políticos, privados e públicos, culturais e espirituais. A degradação crescente de nossa casa comum , a Terra, denuncia nossa crise de adolescencia. Importa que entremos na idade madura e mostremos sianis de sabedoria. Sem isso, não garantiremos um futuro promissor".

Leonardo Boff (Saber cuidar, pagina 17)
Trigueiro, André (Espiritismo e Ecologia, 2009, pagina 74)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

   "A Destruição da Natureza resulta da ignorancia, cobiça e ausencia de respeito para com os seres vivos do planeta. [...] Muitos dos habitantes da Terra, animais, plantas, insetos e até microorganismos que já são raros ou estão em perigo, podem tornar-se desconhecidos das futuras gerações. Nós temos a capacidade, nós temos a responsabilidade. Nós precisamos agir antes que seja tarde."

Dalai Lama   (www.dalailama.com/page.68.thm)
Trigueiro, Andre (Espiritismo e Ecologia, pagina 76)

sábado, 24 de setembro de 2011

Primeira Epístola aos Coríntios- capitulo 13- sobre o amor- Apóstolo Paulo

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.”

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Usinas eólicas evitam rotas de aves migratórias

Como o Brasil entrou mais tarde no mercado eólico mundial, País possui tecnologias mais modernas, que coíbem acidentes como colisão de pássaros

20 de setembro de 2011 | 6h 06
OSÉ MARIA TOMAZELA , SOROCABA - O Estado de S.Paulo
O Brasil ocupa a 21.ª posição no ranking mundial de energia eólica, mas já toma cuidados para evitar um dos mais sensíveis impactos ambientais produzidos pelas hélices gigantes dos aerogeradores: a morte de pássaros.
Brasil ocupa a 21.ª posição no ranking mundial de energia eólica - DIDA SAMPAIO/AE
DIDA SAMPAIO/AE
Brasil ocupa a 21.ª posição no ranking mundial de energia eólica
A instalação desses equipamentos exige estudo de avifauna e, mesmo com o vento favorável, as hélices não são colocadas em rotas migratórias de aves. Os Estados Unidos, o segundo no ranking - atrás da China -, não tomaram o mesmo cuidado e agora veem as pás como ameaça a um de seus principais símbolos, a águia-americana.
Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Energia Renovável (Abeer), engenheiro José Tadeu Matheus, como a entrada do Brasil no mercado mundial eólico é relativamente recente, o País incorporou as tecnologias mais modernas para evitar impactos ambientais. "As pás das nossas centrais têm grandes dimensões, mas o giro é lento e elas são percebidas pelos animais voadores." Além disso, as empresas brasileiras adotam torres de sustentação compactas de aço ou concreto, sem pontos de apoio para a construção de ninhos.
As usinas eólicas se concentram no litoral do Nordeste e, em quantidade menor, nos três Estados da região Sul. "Para instalar a central eólica, é preciso obter as licenças dos órgãos ambientais do Estado ou da União, conforme o local. Uma das exigências é o estudo da avifauna com o monitoramento das correntes migratórias", disse Matheus. "Visitei a maioria das centrais brasileiras e não constatei um caso sequer de acidente com aves", completa.
Ele disse que o tema suscitou discussões no governo brasileiro. Na preparação de um dos leilões de energia eólica, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, lembrou a necessidade de cuidados para evitar a morte de pássaros. "Na ocasião, eu apresentei ao ministro um estudo publicado pelo professor João Tavares Pinho, da Universidade Federal do Pará, mostrando que esse impacto é baixíssimo."
A publicação se baseia em estudo feito em 2002 pelo americano Wallace Erickson com 10 mil aves mortas por acidentes - 55% deles causados por choque contra edifícios e janelas, 10% pelo ataque de gatos, 8% por linhas de alta tensão, 7% por veículos e 2,5% por choque em torres de comunicação (2,5%). Menos de 0,1% das mortes foi atribuído à colisão com hélices eólicas.
Matheus apresentou o estudo em simpósio da Associação Brasileira do Ministério Público do Meio Ambiente, em outubro do ano passado. "Como o Brasil tem grande potencial eólico, a preocupação com os impactos ambientais tende a crescer."

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

As Velhas Árvores , por Olavo Bilac

Poema publicado em Poesias Infantis


Olha estas velhas árvores, — mais belas,
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas...

Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória da alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem

Dia da Árvore + Dia Mundial sem Carro + Início da Primavera

20/9/2011 - 08h23

A 2.a Semana Cultural das Árvores, evento idealizado e criado pela empresa Árvores Vivas, acontece pelo segundo ano na região central de São Paulo e principalmente no Parque da Luz, entre os dias 21 e 25 de setembro. A Semana busca criar a conscientização e vínculo da população com a temática ambiental. São atividades estimulantes e criativas, que promovem vivências e criam experiências de contato com a natureza que ainda se encontra forte e viva no nosso dia-a-dia da grande metrópole.
Dia 21 e 23 acontecerão atividades especialmente idealizadas para atender estudantes das escolas próximas ao Parque da Luz. Receberemos aproximadamente 400 crianças e jovens, que poderão conhecer um pouco mais da riqueza deste parque, que foi o primeiro jardim público de nossa cidade, além de espécies de árvores muito curiosas e especiais. Haverá também plantio de mudas nativas para eles cuidarem e visita a um ônibus para conhecer mais sobre a reciclagem do coco verde.
No dia 22 a ação da Vaga Viva na Rua Padre João Manoel, recebe uma dose extra de vida com os participantes do Pedal Verde, que irão somar com a iniciativa da Semana da Mobilidade da Rede Nossa São Paulo . Criaremos um lindo ambiente vivo para as pessoas sonharem com uma cidade mais saudável e feliz para todos!!
Dia 24 voltamos ao Parque da Luz com uma programação para toda a família e aberta a participação de todos. São oficinas artísticas; concurso de desenho infantil em parceria com a Associação de Artistas Coreanos; pique-nique de trocas de sementes e mudas; show; exposições de ilustrações, fotos e elementos das árvores; observação de aves; dança; cultura indígena e muito mais. Para algumas das atividades solicitamos que as pessoas façam inscrições por email semanadasarvores@gmail.com , para mais informações consulte o blog com a programação completa.
E para finalizar a 2ª Semana Cultural das Árvores, teremos um mutirão em parceria com o Movimento Mão na Praça e Coletivo Pedal Verde para a implantação e recuperação de um jardim público na Praça Vicente Celestino, próximo da estação Barra Funda do metrô. As pessoas poderão participar indo de bicicleta com o Pedal Verde a partir do Viveiro Manequinho Lopes no Pq do Ibirapuera às 9h ou encontrar os participantes do Mão na Praça diretamente no local também a partir das 9h. A participação é aberta ao público interessado em ver uma cidade mais verde e bonita, solicitamos que todos levem algum alimento para compartilhar.
Esse evento conta com apoio oficial da SVMA (Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente), Subprefeitura da Sé, das empresas Envolverde e Pós-Coco além das iniciativas e associações parceiras e todos os colaboradores.


Mais informações
http://semanaculturalarvores.wordpress.com

dia 21 de setembro - Vamos acompanhar o novo codigo florestal

Terça-feira, 20 de Setembro de 2011

Evento, que inicia nesta terça-feira (20), é a mais recente iniciativa do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável.

Por Comitê Floresta Faz a Diferença

Explicar, durante três dias seguidos, entre esta terça-feira (20) até quinta-feira (22), quais são os impactos e prejuízos que o PLC 30/2011 (tramitando no Senado Federal) pode causar, é a mais recente iniciativa do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável.
Para isso, haverá transmissões ininterruptas de São Paulo e de Brasília pela internet –  site florestafazadiferenca.org.br, twitter @florestafaz e facebook #florestafazadiferenca.

 A proposta é contar com âncoras para entrevistas, rodas de conversas e outras atividades, iniciando na terça, dia 20, às 10h e seguindo ao longo de todo o dia até às 21h.

No Dia da Árvore, quarta-feira (21), haverá a cobertura direta com a presença de comentaristas, ao vivo, a partir das 10h, da audiência pública da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) no Senado Federal e do mutirão por assinaturas na Avenida Paulista, promovido pelo Comitê SP. 
No mesmo dia, às 16h30, na sede Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Brasília, haverá um ato público com o lançamento do baixo-assinado em defesa das florestas e o plantio de uma árvore logo após a mesa de palestras sobre temáticas que envolvem sustentabilidade e o uso racional dos recursos naturais.

Já na quinta-feira (22), a proposta é realizar rodadas de avaliação e divulgar boas práticas, com a inserção de depoimentos de pessoas em diferentes estados. Na dinâmica geral, complementarão os âncoras, por vídeo e telefone, colaboradores, personalidades, pesquisadores, artistas e outros ‘antenados’.

Entre os objetivos da mobilização estão esclarecer e informar os internautas sobre o assunto, dar visibilidade às audiências e debates nas comissões no Senado e envolver a opinião pública gerando massa crítica para a construção de um bom Código Florestal.
Os temas que serão abordados durante essa vigília permanente abordam o contexto do Código Florestal, o que está em jogo, as perspectivas, produção de alimento, pequenos produtores, agronegócio, questões legais, aspectos científicos, mudança climática, fiscalização, impactos na área urbana, boas práticas etc.

Ação semelhante já foi testada e muito bem aceita pelo público que acompanhou, no último dia 13, a audiência no audiência pública dos senadores das comissões de Constituição e Justiça (CCJ), de Meio Ambiente (CMA), de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA) com juristas para discutir o projeto de reforma do Código Florestal.
O Comitê Brasil foi criado por instituições não governamentais e diversos segmentos sociais cuja por meta recolher assinaturas a favor da proteção das florestas e de mudanças no substitutivo do Código Florestal. E você, já assinou? Para aderir ao Manifesto assine a petição online no endereço http://florestafazadiferenca.org.br/assine/ ou  entre em contato pelo e-mail comiteflorestas@gmail.com
 

MMA abre consulta pública para Rio+20

20/9/2011 - 10h58, por Redação MMA

A Consulta Pública consiste em um questionário de 11 perguntas.
1167 MMA abre consulta pública para Rio+20O Ministério do Meio Ambiente (MMA) abriu Consulta Pública para ouvir os interessados em apresentar sugestões às propostas que serão encaminhadas pelo Governo brasileiro à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20. A iniciativa visa garantir um processo inclusivo e transparente na elaboração da submissão nacional que o País encaminhará ao Secretariado da ONU até o dia 1º de novembro próximo.
A Consulta Pública consiste em um questionário de 11 perguntas. Cada pergunta deverá ser respondida em caráter individual ou em nome de qualquer organização, em no máximo 20 linhas, em fonte Times New Roman tamanho 12. Os questionários respondidos deverão ser encaminhados, até o dia 25 de setembro de 2011, em formato .doc, ao endereço eletrônico rio2012@mma.gov.br.
Posteriormente, o MMA divulgará o documento apresentado pelo Governo brasileiro ao Secretariado da ONU, bem como a síntese das contribuições recebidas por meio da Consulta Pública.
O texto-base da Consulta Pública e o questionário estão disponíveis aqui.
A Rio+20 ocorre em junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, e marca os vinte anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio 92.

* Publicado originalmente no site CEA – EcoAgência.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

UNESCO helps small islands educate for climate change


©UNESCO/GMR Akash

Climate change
 represents a real threat to Small Island Developing States. A UNESCO expert meeting (21-23 September
, Nassau, The Bahamas) will address the
 vital role of education in helping populations from the Caribbean, Pacific and Indian Oceans adapt to this challenge.

Adaptation to climate change requires that individuals understand why
 and how the climate is changing, and the implications of these changes 
for their lives. This three-day meeting will focus on the essential role of education in increasing the 
adaptation capacity of communities and nations in regard to climate
 change by enabling individuals to make informed decisions.




Some 100 participants primarily 
from Small Island Developing States are expected at the meeting, 
representing a multi-disciplinary and diverse group of stakeholders like curriculum
 developers, representatives of national school and education networks, multilateral agencies and civil society. These will join scientists and climate change experts to develop a roadmap to
 guide and promote education as an important means of enhancing 
adaptation to climate change in the context of sustainable development.




The roadmap and its recommendations will serve as a contribution to the
 upcoming 17th Conference of the Parties to the United Nations Framework 
Convention on Climate Change in December 2011 and the UN Conference on Sustainable Development (Rio+20 Conference) in
 June 2012.
These events will set the stage for the remainder of the UN Decade of 
Education for Sustainable Development (2005-2012) which is led globally by UNESCO. 

www.unesco.org

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Diamantes brasileiros revelam nova teoria sobre ciclo do carbono

Em artigo publicado na edição desta quinta-feira (15) da revista científica Science, o pesquisador da Universidade de Bristol Michael Walter e seus colegas no Brasil e nos Estados Unidos revelam que o ciclo do carbono (movimento do carbono pela atmosfera, oceanos e crosta terrestre), do qual a grande maioria dos seres depende, atinge profundezas da Terra muito além do que se supunha, chegando até o manto inferior.
O achado desvenda a extensão do ciclo de carbono, mostrando a ligação entre processos químicos e biológicos que ocorrem desde a terra firme e os oceanos até o interior bem profundo do planeta.
Anteriormente, acreditava-se que o ciclo do carbono poderia chegar apenas até o manto superior da Terra, ou seja, cerca de 400 quilômetros em direção ao interior do globo. A novidade trazida à tona por esta pesquisa é a de que o ciclo do carbono seria capaz de atingir uma distância de 660 quilômetros, chegando, assim, mais profundamente ao interior da Terra.
Para se chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram matéria-prima brasileira: um conjunto de diamantes superprofundos de jazidas próximas à cidade de Juína, no norte do Mato Grosso, a 754 quilômetros da capital Cuiabá.
Os diamantes estudados contêm nas inclusões uma série de minerais formados quando o basalto se funde e cristaliza nas pressões e temperaturas extremas do manto inferior. A teoria dos cientistas é de que as inclusões teriam se dado quando as jazidas formadoras de diamantes incorporaram componentes basálticos da crosta terrestre do fundo do mar, que desceram até as partes mais inferiores do planeta. Se o caminho for realmente esse, o carbono que forma os diamantes pode ter sido depositado na crosta oceânica no fundo do mar. Essa ideia é reforçada pela relativa abundância de isótopos leves de carbono nos diamantes de Juína, pois essa forma mais leve é encontrada na superfície, e não no manto.
“Estudamos diamantes neste tipo de pesquisa pois eles são capazes de preservar os minerais inclusos. Os diamantes são transportados desde o manto inferior e as inclusões minerais podem ficar intactas. Essas pedras representam, portanto, amostras diretas e únicas do manto inferior. Outros minerais sendo transportados desde o manto inferior podem ser re-equilibrados e/ou modificados em pressões e temperaturas mais baixas”, disse ao iG a cientista da Universidade de Brasília Débora Passos de Araújo, que assina a pesquisa junto com Walter.
Para o autor principal da pesquisa, os diamantes são cápsulas do espaço e do tempo, capazes de carregar informações de lá para cá: “É possível que as inclusões minerais nos permitam perseguir o movimento do manto. Nós gostamos de pensar nos diamantes na forma de cápsulas do espaço e do tempo. Ao combinar o que a mineralogia nos diz sobre o quanto os diamantes têm sido transportados pelo fluxo do manto, com informações sobre a idade, podemos potencialmente calcular a taxa de movimentação das camadas terrestres”, explicou Walter ao iG.
O poder dos diamantes brasileiros – O motivo da escolha deste grupo de diamantes ocorreu em função da taxa de diamantes profundos encontrados em Juína ser expressivamente maior do que em outros locais.
“Os diamantes de Juína são conhecidos desde 1991 por conterem inclusões da zona de transição e do manto inferior. Anteriormente, só haviam sido descritos diamantes profundos na Austrália e na África do Sul. Os diamantes profundos de Juína continuaram a ser descobertos e sempre com mais novidades, maior número de inclusões e maior número de amostras do que nas outras localidades. Enquanto em outros locais se encontra 10%, 20% de diamantes profundos entre aqueles formados no manto superior, em Juína esta taxa pode alcançar 90%”, explicou Débora.
“O repositório de carbono importante na Terra é provavelmente o manto, ao invés da atmosfera ou da biosfera, mas é o menos compreendido. Em termos do ciclo de carbono global, os nossos novos achados podem ajudar a entender onde o carbono que passou pelo processo de subducção acaba e como o reservatório do manto pode afetar o ciclo global sobre a história da Terra”, finalizou Walter.  

(Fonte: Tatiana Tavares/ Portal iG)

BRASIL DESPERDIÇA 40% DA ÁGUA DESTINADA AO CONSUMO HUMANO

O Brasil é um dos países onde estão as maiores reservas de água potável do mundo. Mas, ao mesmo tempo, o país consta também da lista daqueles onde se registram os mais altos índices de desperdício. De acordo com o relatório da última reunião do Parlamento Latino Americano, realizada em 2003 no México, o Brasil desvia 40% da água potável destinada para o consumo humano. A média considerada ideal pela ONU – Organização das Nações Unidas é de 20%. Na América Latina apenas Argentina e Chile apresentam índices menores.
Em entrevista ao Programa NBr da TV Nacional, o deputado Lupércio Ramos (PPS-AM), membro da Frente Parlamentar das Águas, cobrou do governo o envio de um projeto de lei que discipline o uso da água, sua destinação e estabeleça normas e regras para fiscalização. “Estou cobrando do governo para que o assunto seja votado com mais rapidez. Se eu apresentar um Projeto, ele levará anos para ser aprovado, e o assunto é urgente”, argumentou.
Para Ramos, a legislação sobre os recursos hídricos precisa ser modernizada e considerar que a água, hoje, não é vista da mesma forma que há 30 anos. No seu entender, a principal fonte de desperdício está nos sistemas de distribuição. Outro problema é a falta de saneamento básico. “O governo tem que fazer urgentemente a extensão da rede de saneamento no país. É fundamental tratar a água”, destacou. Ramos cita também a realização de obras de infra-estrutura. Para ele, um projeto de lei deve contemplar a realização de estudos de impacto ambiental considerando a qualidade não só das florestas e do ar, como também da água.
O parlamentar denunciou a poluição do Rio Amazonas. Ele disse que o rio é hoje uma espécie de grande lixeira. No seu entender, por falta de consciência e de condições técnicas o lixo é despejado no rio. “Os barcos que navegam na região não estão devidamente equipados no que diz respeito ao saneamento e as pessoas lançam garrafas plásticas e todo tipo de material na água. Está na hora do Brasil acordar para isso”, afirmou.
Ramos acredita que se o país adotar medidas concretas poderá até exportar água a exemplo do que é feito por outras nações, que, como o Brasil, têm reservas hídricas. O Canadá tem um contrato com a China para fornecer água por 25 anos. O deputado mostrou dados que indicam que a exportação mundial de água engarrafada movimenta cerca de US$ 30 bilhões. Em alguns países o preço da água é superior ao do petróleo, e em outros, como o Japão, o consumo da água nos hotéis é cobrado a parte na diária.
Do total de água no mundo, um quinto está na Bacia Amazônica. Apesar da abundância, há comunidades que não recebem água tratada nem contam com serviço de esgoto. Em outras regiões há escassez de água potável. De acordo com a ONU, a falta de água atinge cerca de 2 bilhões de pessoas. A entidade adverte que se não forem adotadas medidas para conter o consumo, dentro de 25 anos cerca de 4 bilhões de pessoas não terão água suficiente nem mesmo para as necessidades básicas.
No Brasil, diversos estudos mostram que 70% da água potável vão para a agricultura, 20% para a indústria e comércio, e 8% são utilizadas para o consumo humano. 

fonte: (Agência Brasil)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lembrando 'Star Wars', Nasa descobre planeta com dois sóis

Redação SRZD | Ciência e Saúde | 15/09/2011 18h11
Foto: DivulgaçãoO telescópio espacial Kepler encontrou um planeta com dois sóis. A descoberta, feita pela agência espacial americana Nasa, foi divulgada em um estudo publicado nesta quinta-feira, onde cientistas mostram como é o astro, de tamanho próximo ao de Saturno.

O planeta se encontra em um sistema estelar conhecido por Kepler-16, na região da constelação da Lira. As duas estrelas mães que envolvem o corpo têm tamanhos bem diferentes, sendo uma com massa que equivale a 70% do tamanho do sol e a outra, mais fraca, 20%.

O fenômeno é teoricamente comum para os especialistas, já que estrelas de "sistemas binários", como são conhecidos esses pares, são bastante comuns na nossa galáxia. Ainda assim, nunca havia sido registrado o fenômeno com a participação de um planeta orbitando ao redor sem margem de dúvidas, como é o caso.

A descoberta foi feita após um período de estudos do planeta pelo telescópio Kepler, que observava sua órbita de perfil. No momento que o equipamento pôde captar uma queda tênue de luminosidade no corpo celeste, os pesquisadores intensificaram a atenção sobre o fato e  puderam registrar uma movimentação de eclipse entre o planeta e as estrelas. Nomeado por  Kepler-16b, este corpo interfere na luminosidade do sistema, provocando uma queda de 1,7% durante o eclipse da estrela maior e 0,1% da menor.

As pesquisas,  porém, são limitadas já que o planeta se encontra longe demais para que os astrônomos possam enxergar seu contorno diretamente. O telescópio Kepler monitora mais de 150 mil estrelas na região e é o único com sensibilidade capaz de notar variações tão pequenas como a do planeta em questão.

As estrelas exercem constante força gravitacional entre si, o que as faz mudar constantemente de posição em relação ao centro do sistema. O fenômeno fez com que os períodos de órbita detectados pelos cientistas variassem, em um primeiro momento, entre  221 dias e 230 dias, o que complicou a interpretação.

A nova estrela lembra o planeta ficcional de Tatooine, caracterizado pelos seus dois sóis. Ele foi eternizado nos filmes da saga "Guerra nas Estrelas" como local de origem dos heróis Luke Skywalker e Anakin Skywalker. Ainda assim, diferente da ficção, Kepler-16b parece ter uma atmosfera escura e espessa, com temperaturas que chegam a -100 ºC. Já o planeta dos filmes de George Lucas é predominantemente um deserto de calor intenso.

http://www.sidneyrezende.com/noticia/145591+lembrando+star+wars+nasa+descobre+planeta+com+dois+sois

O que pensa a maior autoridade ambiental dos Estados Unidos

por André Trigueiro*
Em entrevista exclusiva ao programa Cidades e Soluções, a coordenadora do EPA (Environmental Protection Agency), Lisa Jackson, faz um balanço do que está sendo feito pelo governo Obama em favor do meio ambiente.
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Lisa Jackson, coordenadora do EPA (Environmental Protection Agency). Foto: Carlos Kulps

Ela é a primeira afro-americana à frente da principal autoridade ambiental dos Estados Unidos. Ao assumir o cargo logo após a eleição de Obama, Lisa Jackson frisou que, a partir daquele momento, os estudos científicos voltariam a balizar as decisões do EPA (Environmental Protection Agency) numa clara alusão ao período obscurantista da era Bush em que alguns estudos ligados principalmente às mudanças climáticas eram vetados ou censurados acintosamente quando demonstravam os equívocos cometidos pelos antigos ocupantes da Casa Branca.
“Nós somos a primeira administração a declarar que os gases de efeito estufa ameaçam a saúde pública e o bem-estar. A administração Bush não fez essa declaração e, na verdade, evitou esta declaração”, disse Lisa em entrevista exclusiva ao programa Cidades e Soluções. Ela esteve no Brasil em agosto, chefiando uma delegação de empresários americanos interessados em vender produtos e serviços que ajudem o Brasil a tornar, tanto a Copa do Mundo de 2014 quanto às Olimpíadas de 2016, eventos mais sustentáveis. A visita é um dos resultados do encontro entre Dilma e Obama no início do ano no Brasil. Em situação econômica ainda difícil, os Estados Unidos reconhecem no Brasil um potencial importador de equipamentos e tecnologias associados à economia verde.
Se é verdade que Obama fracassou na tentativa de liderar mundialmente uma cruzada contra as emissões crescentes de gases-estufa – o presidente norte-americano teve seu projeto Cap and Trade de redução das emissões domésticas de gases-estufa barrado no senado pelos republicanos – também é verdade que nesses quase três anos de governo houve alguns avanços na política ambiental norte-americana.
A regulação mais severa imposta ao setor automotivo e aos fabricantes de combustíveis, que passaram a ter prazos e metas mais rígidos na busca por maior eficiência energética, é um exemplo. Novos cursos profissionalizantes que ensinam mecânicos norte-americanos a lidar com a nova geração de carros híbridos, a formação de novos profissionais que aprendem a fazer a vedação correta de casas e escritórios para economizar energia, os investimentos crescentes em fontes limpas e renováveis bem como em sistemas de distribuição de energia inteligentes – smart grids – inspiram políticas públicas ainda ofuscadas pela grave crise econômica herdada do governo anterior. A soma dos recursos públicos investidos até agora em fontes limpas e renováveis e eficiência energética chega a US$ 90 bilhões.
Foi durante a gestão de Barack Obama que os Estados Unidos enfrentaram o maior desastre ambiental de sua história. Em 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon da companhia britânica BP, no Golfo do México, matou onze pessoas e deu início a um vazamento de mais de setecentos milhões de litros de petróleo. Foram quase três meses de tentativas desesperadas e improvisadas até que o vazamento fosse controlado. A tragédia provocou violentos impactos sobre a vida marinha, o turismo e a pesca na costa leste norte-americana. “Eu diria que a lição a ser aprendida com o vazamento de petróleo no Golfo do México é que você precisa construir o tipo de regulamentação de prevenção, para evitar problemas depois. Você sabe, as empresas vêm com as melhores intenções, para fazer um bom trabalho. Mas elas também têm muita urgência em ter lucro e fazer o que for possível para obter estes recursos.”
Lisa Jackson enfrenta críticas dos grandes poluidores norte-americanos que alegam não ter recursos sobrando neste momento de crise econômica para atender as normas ambientais exigidas pelo EPA. “Você sabe, há aqueles que acreditam que você tem que escolher entre uma economia forte e um meio ambiente limpo. E eu simplesmente não acredito nisso. Eu acredito que você tem que ter os dois juntos.”
Ao ser indagada sobre qual seria o maior problema ambiental dos Estados Unidos hoje, Lisa cita as mudanças climáticas mas lembra também da preocupante situação das águas em seu país: “a poluição fez com que os norte-americanos vissem a água que era limpa, de repente, tornar-se imprópria para pesca, nado ou para beber”.
Ela reconhece a enorme pressão que acontece neste momento nos Estados Unidos em favor da exploração de gás natural a partir do xisto, cujo processo de conversão demanda um alto consumo de água. “Precisa ser feito de forma segura, de forma a respeitar nossos estoques de água, mas, se acontecer, nós vamos usar gás natural, que emite muito menos carbono como fonte de energia do que alguns dos outros combustíveis fósseis, como o carvão.”
Por quanto tempo os Estados Unidos ainda serão dependentes de petróleo? Lisa Jackson condiciona a resposta à capacidade do país de investir rápida e progressivamente em inovação tecnológica. Para ela, há condições de alcançar este objetivo ainda neste século. “Nós temos que ter baterias mais avançadas para armazenar energia, nós temos que ter um jeito de coletar a energia do Sol e usá-la à noite para que possamos tê-la o tempo todo. Mas tudo isto é refletido na crença de que nós podemos fazer muito até o meio do século, até 2050, para reduzir nossas emissões de carbono.”
Sobre a Rio+20, Lisa Jackson entende que a Conferência deve ser entendida como uma excelente oportunidade de compartilhar experiências bem-sucedidas na direção de uma economia verde. “Eu estou ansiosa para a Rio+20, por várias razões. Eu acho que chegou a hora de falarmos sobre uma economia verde mundial. E as pessoas vão estar no Rio para falar mais do que em ideias, mas exemplos mundiais reais sobre como o foco no meio ambiente mudou a vida das pessoas, as levantou e trouxe para elas um emprego onde não havia antes. Eu acho que isto é o que todos esperamos da Rio+20. Não mais ideiais ou metas, mas receitas reais para fazer o nosso planeta mais sustentável. E estou muito esperançosa de que uma das coisas que Estados Unidos e Brasil vão levar juntos é essa iniciativa conjunta em sustentabilidade urbana.” E o presidente Obama? Ele virá para a Rio+20? Lisa ri meio desconcertada. “Nós vamos descobrir, certamente vamos. Eu não posso comprometer o presidente, mas eu posso dizer que é um encontro muito importante para os Estados Unidos.”

* André Trigueiro é autor do livro Mundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em Transformação. Apresenta o Jornal das Dez e é editor-chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro.
** Publicado originalmente no site Mundo Sustentável.

domingo, 11 de setembro de 2011

Dia Mundial da Amazônia: “pulmão do mundo” apela por preservação

por Redação EcoD

O dia 5 de setembro marca o Dia Mundial da Amazônia, data escolhida por ter sido nesse dia, em 1850, que a Lei n° 582 criou a Província do Amazonas, separando a região da então Província do Pará. Trata-se da maior floresta tropical úmida do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados (km²) distribuídos por nove países: Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
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Mais de três milhões de quilômetros quadrados da área total da floresta encontram-se em território brasileiro. Foto: Elton Melo
Mais de três milhões dessa área estão em território brasileiro, nos Estados de Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins, Amapá, Acre, Pará e parte do Maranhão. A Floresta Amazônica é o bioma mais extenso do mundo e ocupa metade do Brasil. A região é composta por uma biodiversidade única, distribuída por diversos tipos de ecossistemas.
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Biodiversidade e extensão do bioma têm proporções gigantescas. Foto: Mário Franca/Amazônia Eterna
A Amazônia conta com 40 mil espécies de plantas catalogadas, mas a biodiversidade é tanta, que milhares de espécies sequer foram reconhecidas. Também é neste bioma que encontramos a maior variedade de aves, primatas, roedores, répteis, insetos e peixes de água doce do planeta. Para se ter uma ideia, um quarto da população de macacos do mundo está na Amazônia. Além dos primatas, são mais de 300 espécies de mamíferos, como a onça pintada, a ariranha e o bicho preguiça. A floresta abriga cerca de três mil espécies diferentes. A região também é rica em peixes ornamentais, que são comercializados para ser criados em aquários.

“Pulmão do mundo”
A importância da Floresta Amazônica vai muito além dos países nos quais ela está inserida geograficamente, segundo especialistas. Entre as principais razões para o mundo todo preservá-la, destacam-se as seguintes:
* A floresta exerce papel fundamental no ciclo de carbono que influi na formação do clima mundial. Apenas para se ter noção dos cerca de 200 bilhões de toneladas de gás carbônico absorvidos por vegetação tropical em todo o mundo, 70 bilhões são armazenados pelas árvores amazônicas;
* Atualmente, estima-se que a Amazônia absorva cerca de 10% das emissões globais de CO2 oriundos da queima de combustíveis fósseis;
* A região amazônica deverá agir como um “ponto de inflexão” para o clima global. Segundo estudo divulgado em fevereiro de 2010 por cientistas da Universidade de Oxford, do Instituto Potsdam e de outros centros de pesquisa, a Floresta Amazônica é a segunda área do planeta mais vulnerável à mudança climática depois do Oceano Ártico. A ideia central é que o aumento do desmate deve gerar um ciclo vicioso: a grande redução na área da floresta geraria um aumento significativo nas emissões de CO2, que por sua vez elevariam as temperaturas globais, que assim causariam secas;
* A biodiversidade gigantesca do bioma, que ainda faz dele o mais rico do mundo em recursos naturais.

Situação atual
A Floresta Amazônica está distribuída em diversos tipos de ecossistemas, de florestas fechadas de terra firme, com árvores com 30 a 60 metros de altura, às várzeas ribeirinhas, dos campos aos igarapés. Devido a essa riqueza e biodiversidade, o extrativismo vegetal tornou-se a principal atividade econômica da região, e também o principal foco de disputa entre nativos, governo e indústrias nacionais e internacionais. Ao todo, são mais de 200 espécies diferentes de árvores por hectare, que são foco direto do desmatamento, principalmente as de madeiras nobres, como o mogno e o pau-brasil.
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Ribeirinho navega em um dos muitos rios que compõem a região da floresta. Foto: Mário Franca/Amazônia Eterna
Mais de 60% da área já desmatada na Amazônia foi transformada em pastos, segundo levantamento divulgado no dia 2 de setembro, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Dos 720 mil quilômetros quadrados de florestas derrubados até 2008 (uma área equivalente ao tamanho do Uruguai), a maior parte foi convertida para a pecuária (62,1%).
Em 21% da área desmatada, o Inpe e a Embrapa registraram vegetação secundária, áreas que se encontram em processo de regeneração avançado ou que tiveram florestas plantadas com espécies exóticas. Essas áreas, segundo Gilberto Câmara, do Inpe, poderão representar oportunidades de ganhos para o Brasil nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas, porque funcionam como absorvedoras de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases de efeito estufa.

Países amazônicos e a Rio+20
Representantes dos sete países-membros da região amazônica estiveram reunidos, no dia 1º de setembro, a fim de estabelecerem entendimentos para fechar uma posição a ser levada à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro.
O encontro em Brasília também serviu para definir uma pauta comum de cooperação pela preservação do bioma. Promovida pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), a reunião de coordenação da agenda ambiental objetivou a troca de experiências e intercâmbio entre as diferentes políticas para o setor.
Os países amazônicos aprovaram uma recomendação em prol do engajamento dos estados integrantes da OTCA na preparação da Rio+20. Para o diretor do Departamento de Articulação de Ações para a Amazônia, Mauro Pires, que abriu o encontro, “a ideia é buscar o alinhamento das distintas agendas ambientais dos países que fazem parte da Amazônia”. O secretário-geral da OTCA, embaixador Alexandro Gordilho, ressaltou a importância de sistematizar as informações e os mecanismos de coordenação das autoridades de meio ambiente do tratado.

* Publicado originalmente no site EcoD.

André Trigueiro faz repensar o consumo, 18-ago-2010



Bela explanação de André Trigueiro referente ao Consumo

http://www.tedxsudeste.com.br/2010/andre-trigueiro-faz-repensar-o-consumo/

anuário mata atlantica

http://www.rbma.org.br/anuario/index_anuario.asp

Caatinga: muito mais que uma simples mata branca

por Lamartine Soares Bezerra de Oliveira, Mércia de Oliveira Cardoso e Cassio José Sousa Barbosa*
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Figura 1 - Flora da região de Caatinga. Foto: Cássio J.S. Barbosa

Na maioria dos Estados da região Nordeste, ao se distanciar das áreas litorâneas em direção ao interior, podemos perceber uma grande mudança na paisagem, o que fica evidenciado ao se observar a vegetação, denominando o que consideramos o único bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga.
Muitos estudiosos corroboram que a palavra Caatinga, de origem tupi, deriva das palavras caa (mata, vegetação) e tinga (branco, clara), ou seja, mata branca. Assim é chamada por causa da perda das folhas no período seco, expondo ainda mais a coloração acinzentada, quase branca, da casca da vegetação que predomina na região.
A área de domínio da Caatinga é de, aproximadamente, 734.478 km², ou seja, cerca de 10% do território nacional, localizando-se em quase todo território nordestino do Brasil e em parte do norte de Minas Gerais. Um bioma que já foi descrito na literatura como pobre, com pouquíssimas espécies e com grau de endemismo baixo. Entretanto, já se conhece pelo menos 932 espécies vegetais, sendo 318 endêmicas (Figura 1), 348 espécies de aves, das quais 15 espécies e 45 subespécies são endêmicas. Dentre os mamíferos, duas espécies foram descritas como endêmicas, e ainda estima-se que quase 40% dos lagartos e anfíbios sejam exclusivos desse bioma (Figura 2).
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Figura 2 - Fauna na região de Caatinga. Foto: Cássio J.S. Barbosa
Apesar das descrições já existentes, ainda temos muito a conhecer e admirar, pois esta região, além da rica biodiversidade, esconde uma beleza exuberante que tende a se mostrar no período chuvoso, com florações multicoloridas, cantos de pássaros dos mais belos, cachoeiras deslumbrantes, dentre outras belezas naturais (Figura 3).
Não obstante a importância e singularidades do bioma Caatinga, este é considerado, entre os biomas localizados na região neotropical, o mais ameaçado pela ação antrópica, sendo ainda a região brasileira com o maior número de áreas em processo de desertificação. Em 2002, os resultados do primeiro Seminário de Planejamento Ecorregional da Caatinga foram publicados no livro Ecorregiões, Proposta para o Bioma Caatinga, que relata, dentre outras coisas, a presença de, aproximadamente, 73 mil km² de áreas protegidas em unidades de conservação, ou seja, menos de 10% do bioma. E, em 2008, foi publicada pelo Miniatério do Meio Ambiente a 2º edição do livro Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição da Biodiversidade Brasileira, no qual é relatada a existência 72 áreas protegidas (12,58% de toda a área de domínio de Caatinga) e a necessidade de mais 220 áreas, para com isso garantir a proteção de 51% do bioma.
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Figura 3 - Paisagem geral do bioma Caatinga. Foto: Cássio J.S. Barbosa
Na prática, as ações de conservação são inexistentes ou raras. E o aumento das áreas protegidas é incipiente, quase que imperceptível diante da importância e da relevância da Caatinga, bem como, diante da contínua ação antrópica. Fato esse que ameaça a diversidade biológica de uma região tão bela, ainda desconhecida por muitas pessoas.

Bibliografia
BRANCO, S.M. Caatinga: a paisagem e o homem sertanejo. Editora Moderna: São Paulo, 55 p., 1998.
GIULIETTI,A.M.  Espécies  endêmicas  da  Caatinga.  In: SAMPAIO,  E.V.S.B.; GIULIETTI, A.M.; VIRGÍNIO, J. & GAMARRA-ROJAS, C.F.L. (Ed.). Vegetação & flora da caatinga. Recife: Associação de Plantas do Nordeste – APNE, p. 103-118, 2002.
LEAL, I.R., M.TABARELLI;  J.M.C.  SILVA.  Ecologia e conservação  da  Caatinga.  Editora Universitária, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil. 822 p., 2003.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição da biodiversidade brasileira: Atualização – Portaria MMA Nº 09, de 23 de janeiro de 2007. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Brasília: MMA, 328 p., 2007. (Série Biodiversidade, 31)
PENNINGTON, R.T.; LEWIS, G.P.; RATTER, J.A. (eds.) Neotropical savannas and seasonally dry forests: plant diversity, biogeography and conservation. Edinburg: CRS Press, 504 p., 2006.
VELLOSO, A.L.; EVERARDO, V.S.B.; SAMPAIO, E.V.S.B.; PAREYN, F.G. Ecorregiões: Propostas para o Bioma Caatinga. Associação Plantas do Nordeste e Instituto de Conservação Ambiental The Nature Conservancy do Brasil. 2002, 76 p.

* Lamartine Soares Bezerra de Oliveira é agrônomo, doutorando em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília (soareslt@hotmail.com). Mércia de Oliveira Cardoso é agrônoma, doutoranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal Rural do Pernambuco (mercia.cardoso@yahoo.com.br). Cassio José Sousa Barbosa é biólogo e fotógrafo especializado em natureza (cassiojsb@yahoo.com.br). 05-set-2011

sábado, 10 de setembro de 2011

Todos pelos golfinhos

O Projeto Golfinho Rotador, que luta pela preservação dos hábitos desses mamíferos aquáticos em Fernando de Noronha, completa 21 anos nesta semana

Estadão.com.br
Os golfinhos-rotadores são um sucesso. Não há quem que visite o arquipélago de Fernando de Noronha que não faça questão de vê-los nadando e brincando nas águas do Atlântico. Inteligentes e cheios de graça, esses mamíferos aquáticos da família Delphinidae são parte importante da biodiversidade local. Pensando no bem-estar e na preservação dos animais e do ecossistema, há 21 anos foi criado o Projeto Golfinho Rotador, um empreendimento sustentável que luta para evitar problemas que o turismo desenfreado na região vem causando nessas duas últimas décadas.
O fundador do projeto é o oceanógrafo Dr. José Martins da Silva, que chegou ao arquipélago em 1989 e implantou o Golfinho Rotador no ano seguinte. Desde então, ele e sua equipe - que hoje conta com 15 pessoas - , têm passado por inúmeras dificuldades, mas também atingido metas importantes. "Penso que o grande triunfo do projeto é ter chegado até aqui. Há uma dificuldade imensa de conseguir implementar algo que envolva cuidado com a biodiversidade marinha em um local tão visado pelo turismo como Fernando de Noronha", diz o oceanógrafo. "O grande problema é que há muita resistência por parte das autoridades e dos empresários da região, que não enxergam a questão como prioridade", explica.

Os golfinhos-rotadores, que ganharam esse nome porque conseguem saltar fora d`água e realizar até sete rotações em torno do próprio eixo, são presença constante no entorno de Fernando de Noronha. Entretanto, a falta de conhecimento sobre os cuidados com a espécie e com o habitat em que esta vive podem ocasionar o afastamento desses mamíferos aquáticos, pois eles buscam águas calmas de enseadas em ilhas oceânicas, como a Baía dos Golfinhos em Noronha, para descansar, se comunicar e se reproduzir.
Segundo José Martins, existem cerca de 10 mil golfinhos-rotadores na região da baía, que são acompanhados pelos pesquisadores. Nesses 21 anos, foram gastas 35.589 horas de observação e realizados 1.278 mergulhos com eles, sempre com o objetivo de garantir o desenvolvimento natural. Apesar da existência do projeto, o tempo médio passado pelos animais no local, que era de 7 horas, tem diminuído após o aumento no número de turistas. Hoje está em apenas 1 hora.

"É importante saber que há dispersão porque os golfinhos são ameaçados pelo turismo. Infelizmente, as autoridades ainda não perceberam isso. As pessoas podem vê-los, mas a aproximação não é benéfica para o processo de vida natural deles e isso é o mais importante. Precisamos de normas que estabeleçam o fechamento da área existente entre as ilhas em que passam barcos de turismo e a baía dos golfinhos", diz o oceanógrafo. Desde 1999, os visitantes não podem mais nadar nos locais em que há concentração de rotadores, porém os barcos ainda continuam muito próximos da baía em que eles se agrupam.

Dados mostram que, em 1990, cerca de 5 mil turistas visitaram o famoso arquipélago. Atualmente, esse número beira as 70 mil pessoas, anualmente. Ou seja, um aumento gritante que não passa despercebido pela fauna e a flora da região. Para tentar diminuir o impacto dessa mudança, o Projeto Golfinho Rotador mantém um programa de conscientização e orientação ambiental em três pontos de Fernando de Noronha: Porto Santo Antônio, Baía do Sueste e Mirante dos Golfinhos. Esse trabalho é feito com auxílio de monitores que apresentam o projeto para os visitantes e explicam sobre a vida dos rotadores.

Mas não é só isso. O projeto também se dedica a realizar ações de educação sustentável com a comunidade. Crianças e jovens são orientados na escola e durante o período de férias por meio de oficinas teóricas e práticas sobre a importância do meio ambiente. Também são oferecidos ao povo noronhense cursos profissionalizantes em ecoturismo. "No início do projeto, percebemos que havia o ente golfinho e o ente humano e que essa relação entre eles deveria ser trabalhada", diz José Martins. "Assim começamos a criar ações diretas com as pessoas que convivem com os animais e usam esse contato para sobreviver, pois elas dependem da vinda de turistas a Noronha", conclui.

Desde 2001, o Projeto Golfinho Rotador é patrocinado pela Petrobras e apoiado pelo Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direito Difuso, ligado ao Ministério da Justiça. Segundo o fundador, esse relacionamento tem sido muito importante para manter o projeto funcionando. "O incentivo financeiro tem nos ajudado a garantir resultados positivos tanto nas pesquisas científicas quanto nas ações com a população e com os visitantes", diz. O oceanógrafo explica que o objetivo atual do projeto é continuar mantendo as práticas e pesquisas já existentes, de modo a garantir a proposta principal: preservar os animais-símbolo do arquipélago e, com isso, contribuir para a continuidade do ecossistema.
CURIOSIDADES SOBRE O GOLFINHO-ROTADOR
link O golfinho-rotador é a terceira espécie de golfinho mais abundante do mundo;
link Ele atinge, em média, 1,90 a 2 metros de comprimento e pesa cerca de 75 kg;
link Esses mamíferos aquáticos conseguem distinguir cores dentro e fora d´água;
link O golfinho-rotador interage socialmente usando sistemas de comunicação químico-sensorial, visual, tátil, acústico e também por atividade aérea;
link Ele é considerado um animal muito inteligente porque seu cérebro possui características morfológicas e fisiológicas bem complexas. Assim como os outros de sua espécie, o rotador possui 40% a mais de neurônios que os humanos. No entanto, o oceanógrafo José Martins alerta que eles usam principalmente o lado direito do cérebro, que é responsável pela associação e a percepção, e não o raciocínio e compreensão - como nós, seres humanos;
link Esse tipo de golfinho é sexualmente polígamo e não copula somente para fins de reprodução, mas também para ter prazer e afeto. Inclusive há casos registrados de relações homossexuais entre os machos, com prática de sexo oral e penetração.

CONHEÇA O ESPECIALISTA
José Martins da Silva é Doutor em Oceanografia, fundador e coordenador do Projeto Golfinho Rotador, em Fernando de Noronha. Ele vive no arquipélago desde 1989 e se dedica ao estudo dessa espécie. Atualmente, é considerado um dos grandes especialistas brasileiros no assunto. É nascido em Taquari, no Rio Grande do Sul, e autor do livro Os Golfinhos de Noronha.

Fotos
 http://infograficos.estadao.com.br/uploads/galerias/1027/9774.JPG

http://www.youtube.com/watch?v=DlCifKUkJnY&feature=player_embedded#!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

ONU pede ações concretas para as mudanças climáticas

09/9/2011 - 09h17
por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil

Ban Ki-moon afirma que o aquecimento global já está afetando a vida de milhões de pessoas e que os governos devem acelerar seus esforços para que a próxima Conferência do Clima, em novembro, seja concluída com sucesso.
169 ONU pede ações concretas para as mudanças climáticas
O arquipélago de Kiribati corre o risco de desaparecer devido ao aumento dos níveis do oceano.

“Os fatos são claros. As emissões de gases do efeito estufa continuam a aumentar. Milhões de pessoas estão sofrendo neste momento os impactos disto. As mudanças climáticas são muito reais”, afirmou enfático o secretário-geral das Nações Unidas.
Ban Ki-moon está visitando a Oceania com o objetivo de presenciar os problemas que as pequenas nações insulares do Pacifico estão enfrentando e também para dar apoio às medidas propostas pelo governo australiano de uma taxa de carbono para setores industriais que são grandes poluentes.
“Eu sei que existem céticos, pessoas que afirmam que as mudanças climáticas não existem. Sugiro que qualquer um que ainda pense assim visite Kiribati e converse com seus habitantes. Se todos vissem como eles estão preocupados com o constante aumento do nível do mar e o quanto o oceano realmente avançou, não haveria mais dúvidas”, declarou o secretário-geral.
“Migrantes ambientais já começaram a transformar a geografia humana do planeta. Esse movimento só vai aumentar daqui para a frente se não fizermos nada para deter as emissões”, acrescentou.
O que Ban ki-moon e a ONU esperam é que os países assumam compromissos maiores na próxima Conferência do Clima (COP17), que começa em novembro na cidade sul-africana de Durban.
O encontro, que deve contar com a presença de representantes das 193 nações membros da ONU, está cercado de dúvidas e obstáculos.
O maior deles é com certeza o futuro do Protocolo de Quioto, que vai expirar no fim de 2012. Os países emergentes que formam o BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China) vão lutar conjuntamente pela extensão do tratado. Já nações industrializadas lideradas pelo Estados Unidos não desejam mais nem discutir Quioto. A União Europeia promete propor um meio termo, um Protocolo modificado que possa garantir metas para “todos os grandes emissores”.
Para Ban Ki-moon, as perspectivas para a COP 17 não são tao ruins como analistas sugerem.
“Muitos países estão dando os primeiros passos para lidar com as mudanças climáticas. A China anunciou que vai reduzir sua intensidade de carbono em 45% e vem disputando com os EUA a liderança da corrida pelo desenvolvimento das energias renováveis. A Índia também promete aumentar os investimentos  nas fontes limpas em até 350%”, afirmou.
O secretário-geral destacou também os planos australianos de criar uma taxa de carbono. O governo da primeira-ministra Júlia Gillard está passando grandes dificuldades para convencer a opinião pública da necessidade de aprovar as medidas de limitar as emissões.
Segundo a proposta, os 500 maiores emissores australianos terão que pagar um imposto de A$23 (R$ 38,55) por cada tonelada de carbono emitida, sendo que esse valor aumentará em 2,5% ao ano até 2015, quando deverá ser estabelecido um mercado propriamente dito. O esquema cobrirá 60% das emissões australianas se forem desconsideradas as provenientes da agricultura e de veículos leves.
A meta da taxa é reduzir as emissões em 5% até 2020 com relação aos níveis de 2000, o que significa um corte de 160 milhões de toneladas.
“Essas ações são essenciais por si só, mas elas podem também inspirar progressos em uma escala global. Meu conselho para vocês é que sejam corajosos, ambiciosos e pensem grande”, declarou Ban Ki-moon durante uma palestra na Universidade de Sidney.
O apoio da ONU pode ser fundamental para que o congresso australiano aprove as medidas.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)

domingo, 4 de setembro de 2011

Japão usará garrafas Pet como detectores de radiação

Aparelhos feitos de garrafas recicladas suprem demanda por detectores de radiação baratos

 YUKO TAKEO - REUTERS
Para suprir a crescente demanda por detectores de radiação após o terremoto e tsunami de março no Japão, que desencadearam o pior acidente nuclear no mundo em 25 anos, um pesquisador japonês elaborou aparelhos feitos de garrafas Pet recicladas, e de forma barata.
Detectores criados por Hidehito Nakamura - Reprodução
Reprodução
Detectores criados por Hidehito Nakamura
Os detectores criados por Hidehito Nakamura, professor assistente da Universidade de Kyoto, no oeste do Japão, em cooperação com a empresa Teijin, cortaram em 90 por cento o custo em relação aos aparelhos existentes, muitos dos quais são produzidos por empresas estrangeiras.
"Queremos ter um produto acabado até o final de setembro, para atender à crescente demanda após o terremoto de março", disse Toru Ishii, executivo de vendas da Teijin.
Nakamura criou o Scintirex, uma resina de plástico que emite um brilho fluorescente quando exposta à radiação. A resina age como um sensor dentro dos detectores, permitindo medir o nível de radiação.
O novo material deve reduzir drasticamente os custos para detectores pessoais de radiação e para aparelhos maiores de monitoramento que serão usados pelo governo e empresas.
O departamento de relações públicas da Teijin estima que os sensores para os detectores estarão disponíveis a partir do mês que vem para organizações governamentais e empresas classificadas como prioritárias, por aproximadamente 10 mil ienes (130 dólares) - um décimo do custo dos materiais atualmente disponíveis.
O Scintirex, derivado principalmente da resina de garrafas PET, combina força, flexibilidade e baixo custo da resina amplamente disponível de PET, com a sensibildade à radiação dos "Cintiladores Plásticos", atualmente o principal material sensível à radiação, exportado ao Japão pela empresa francesa Saint-Gobain.
Por enquanto, a empresa francesa domina o mercado de sensores de radiação. No entanto, Ishii disse que a invenção de Nakamura deve competir nesse setor.
Apesar das descobertas de Nakamura terem sido publicadas no periódico científico Europhysics Ltter no final de junho, o desenvolvimento do produto se acelerou por causa da crescente demanda.
O terremoto e tsunami massivos de 11 de março destruíram a usina nuclear Fukushima Daiichi, na costa nordeste do Japão, desencadeando o derretimento das barras de combustível e provocando a pior crise nuclear desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

sábado, 3 de setembro de 2011

Rio de 6 mil km é descoberto embaixo do Rio Amazonas

Pesquisadores do Observatório Nacional (ON) encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de extensão que corre embaixo do Rio Amazonas, a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d’água têm o mesmo sentido de fluxo - de oeste para leste -, mas se comportam de forma diferente. A descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo.
Fluidos que se movimentam por meios porosos - como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Bacia Amazônica - costumam produzir sutis variações de temperatura. Com a informação térmica fornecida pela Petrobras, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.
Os dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados na semana passada no 12.º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio. Em homenagem ao orientador, um pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo de Rio Hamza.
Características
A vazão média do Rio Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s). O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3 mil m3/s - maior que a do Rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia da força do Hamza, quando a calha do Rio Tietê, em São Paulo, está cheia, a vazão alcança pouco mais de 1 mil m3/s.
As diferenças entre o Amazonas e o Hamza também são significativas quando se compara a largura e a velocidade do curso d’água dos dois rios. Enquanto as margens do Amazonas distam de 1 a 100 quilômetros, a largura do rio subterrâneo varia de 200 a 400 quilômetros. Por outro lado, a s águas do Amazonas correm de 0,1 a 2 metros por segundo, dependendo do local. Embaixo da terra, a velocidade é muito menor: de 10 a 100 metros por ano.
Há uma explicação simples para a lentidão subterrânea. Na superfície, a água movimenta-se sobre a calha do rio, como um líquido que escorre sobre a superfície. Nas profundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar.

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