por Bernhard J. Smid*
O Brasil, especificamente Brasília, concorre com a Dinamarca como candidatos finalistas a sediar o “8º Fórum Mundial da Água”, em 2018. A cada três anos, o Fórum proporciona o diálogo e a busca de estratégias de uso racional e sustentável da água no mundo.
Diferente da “Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável”, o Fórum não almeja estabelecer protocolos de entendimento ou acordos. O objetivo é promover o compartilhamento de experiências e boas práticas.
A decisão, que será tomada pelos representantes do “Conselho Mundial da Água”, tem o apoio do “Senado Federal” brasileiro, além de outros interlocutores. Se Brasília for aprovada como cidade-sede, será a primeira vez que o evento ocorrerá na América Latina. Sua realização no Brasil é particularmente importante, considerando que o país detém 12% da água doce superficial do planeta, além de grandes aquíferos subterrâneos.
A proposta brasileira, se aceita, terá importante papel de interlocução para governos e sociedade civil, além de permitir uma visibilidade das características brasileiras quanto aos diversos biomas aqui presentes. O resultado sobre a escolha da cidade sede para este Fórum de 2018 será anunciado no início de 2014.
É importante observar que a gestão de águas nem sempre é bem coordenada e a preocupação com o tema é, muitas vezes, observado somente quando ocorrem desastres, como inundações, e consequentemente a restrição de água potável.
A importância do Brasil em sediar o Evento e consequentemente permitir uma ampla participação da sociedade é a chance de poder mostrar a realidade brasileira no âmbito internacional, principalmente de como diversas famílias brasileiras que residem na floresta vivem sobre o balanço de casas-barco e resistindo a grandes variações de cheias e vazantes de rios, como o “Rio Amazonas”, cuja diferença entre os períodos de cheias e vazantes é, normalmente, de 15 metros, tendo já chegado a marcas históricas de até 30 metros de variação entre os períodos.
Essa realidade, cuja experiência poderia ser um dos temas para a troca de experiências durante o Fórum, é certamente muito distante do que se verifica na Europa, onde muitos rios possuem diques de contenção para grandes inundações, como é o caso do Elba, na Alemanha.
Destaca-se, também, que a gestão dos recursos hídricos traz ainda a discussão quanto à necessidade de se discutir a mitigação e/ou a adaptação às mudanças climáticas, bem como a discussão sobre o desenvolvimento socioeconômico de regiões, como a Amazônia, bem como a implementação de infraestrutura, como as rodovias.
A última edição do “Fórum Mundial da Água” ocorreu em Marselha (França) em 2012 e teve a participação de 35 mil pessoas de 147 países. A próxima edição, em 2015, será na “Coreia do Sul”.
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Fonte:
* Bernhard J. Smid possui mestrado (Master of Arts) em Negócios Internacionais pela Munich Business School – Alemanha (2008) e MBA em Comércio Exterior e Negociações Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas – FGV (Brasil). Profissionalmente, atualmente trabalha no Projeto Setorial de Promoção Comercial do Setor Lácteos (Organização das Cooperativas Brasileiras / Apex-Brasil) e é colaborador voluntário no CEIRI (Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais)
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.