quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Balão mostra o tamanho de uma tonelada de CO2 na atmosfera

Ele está montado perto da sede da COP 15.
  • Cada brasileiro é responsável por dois balões desses em emissões de gases-estufa, a cada ano;
  • já um americano emite 20
(Foto: Dennis Barbosa/G1)

Um balão instalado perto da sede da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas mostra o espaço ocupado por uma tonelada de gás carbônico na atmosfera.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) referentes a 2006, um brasileiro emite aproximadamente o equivalente a dois desses balões, enquanto um americano emite quase vinte.
Essa discrepância é o que faz os países em desenvolvimento argumentarem que o principal montante do financiamento das ações de combate e adaptação ao efeito estufa deve vir das nações ricas.

fonte: http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1414517-17816,00-BALAO+MOSTRA+O+TAMANHO+DE+UMA+TONELADA+DE+CO+NA+ATMOSFERA.html

Copenhague - COP15


China reclama de 'promessas vazias' em Copenhague

O chefe da delegação da China sobre assuntos climáticos em Copenhague, Xie Zhenhua, disse hoje acusou os países ricos de fazerem "promessas vazias" sobre a formação de um fundo para ajudar países em desenvolvimento a combater as mudanças climáticas.
"Eles apenas apresentaram palavras bonitas sobre a ajuda a países em desenvolvimento por meio de recursos e transferência de tecnologia, mas não querem tomar qualquer medida real", disse. Tais comentários destacam a grande divisão entre países desenvolvidos e emergentes a apenas dois dias da chegada de mais de 100 líderes mundiais que devem participar das negociações na capital dinamarquesa.
Perguntado se ele achava que alguma resolução com poder legal pode surgir da conferência de Copenhague, Xie disse: "Neste estágio das negociações, há muitas possibilidades".
Xie havia reiterado, mais cedo, durante uma coletiva de imprensa com representantes da Índia, Brasil e África do Sul, que os países ricos devem ampliar sua provisões sob o Protocolo de Kyoto e o mapa de Bali para que se alcance um novo acordo na conferência de clima da ONU.
Os países ricos não deveriam reescrever princípios já existentes (no novo acordo)", disse Xie.
fonte: As informações são da Dow Jones.
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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

COP-15: Agora é a hora!

A 15ª Conferência das Partes (COP-15) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima é considerada o encontro mais importante do mundo desde o final da Segunda Guerra Mundial. Nele, os governos tentarão chegar a um acordo sobre o que precisa ser feito em relação ao clima do planeta, que está mudando rapidamente.

A COP-15 será realizada de 7 a 18 de dezembro´09. Durante um período de 12 dias, será preciso alcançar um Acordo do Clima que seja justo e com força de lei, ou seja, cujo cumprimento seja juridicamente obrigatório: um Acordo Global. Um esforço comum que enfrente, de forma substancial, as causas por trás das mudanças climáticas e que reduza os impactos potencialmente devastadores dessas mudanças.

Integrante da Rede WWF, que instigou uma grande cruzada para reunir especialistas, informações e argumentos necessários para obter os resultados que se busca em termos de políticas globais para o clima, o WWF-Brasil acompanha ao vivo, por intermédio de sua equipe, as discussões na Dinamarca. Durante todo esse ano, a instituição contribuiu para conscientizar as pessoas sobre os impactos e as consequências das mudanças climáticas, além de apoiar diversas iniciativas para ajudar os cidadãos a chamar a atenção dos líderes mundiais para o que está em jogo nesse encontro internacional.

"Estamos diante de uma oportunidade única para mostrar que política e ciência podem andar juntas. A despeito das dificuldades e dos imensos desafios ao multilateralismo, esperamos que as negociações possam indicar o caminho para uma economia global de baixo carbono, mais harmoniosa com o meio ambiente e justa às necessidades das populações", enfatiza Denise Hamú, Secretária Geral do WWF-Brasil.

 
Expectativas e Compromissos

Mais de cem chefes de Estado já confirmaram sua presença na COP15. Brasil, China e Índia trouxeram para a mesa de negociação um elemento novo e importante ao anunciarem metas para limitar suas emissões de gases de efeito estufa. Isto deu um impulso importante e os colocou os países em condição de cobrar das nações mais ricas sua responsabilidade, “A presença de tantos líderes mundiais cria em Copenhague o ambiente necessário para decisões firmes. Todos os países precisam estar engajados na definição de um acordo ambicioso e juridicamente vinculante, ou seja, que permita a cobrança legal pelos compromissos assumidos”, afirma desde Copenhague Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação do WWF-Brasil. “Mas ainda há países que não querem tomar estas decisões agora. Esperamos, então, que o presidente Lula exija dos países ricos que assumam compromissos firmes de corte em suas emissões e de apoio financeiro e tecnológico aos países em desenvolvimento. E que as nações desenvolvidas efetivamente contribuam para chegarmos a um acordo. É uma excelente oportunidade para o Presidente mostrar a liderança internacional que a sociedade brasileira vem cobrando há tempos”, conclui o superintendente.

O Brasil levará a Copenhague uma das maiores delegações da Conferência, incluindo os negociadores do Itamaraty, Ministério de Ciência e Tecnologia, Ministério do Meio Ambiente, além de observadores de vários outros ministérios, de governos estaduais, municipais, empresas, organizações não governamentais e movimentos sociais.

“Os brasileiros tem muito interesse pelo tema das mudanças climáticas. A maioria de nosso povo se preocupa com o assunto, sabe que somos vulneráveis e espera ações firmes do governo brasileiro”, reforça Scaramuzza. “É fundamental que os governantes sensibilizem-se definitivamente com o tema das mudanças climáticas e incorporem a sustentabilidade ambiental e as ações para redução de emissões de gases de efeito estufa em cada plano e ação de governo”, acrescenta. “Zerar o desmatamento, investir em energias renováveis e reduzir nossas emissões em todos os setores não é apenas importante para o clima do Planeta. Trata-se de uma obrigação com futuro de nosso país e com as gerações futuras”, conclui o superintendente de Conservação.

 Veja o que a Rede WWF e o WWF-Brasil defendem:

  •  Reduzir as emissões mundiais de carbono em 80% até 2050
  • Facilitar a transição para uma economia de baixo carbono
  • Fazer com que as economias emergentes e outros países em desenvolvimento tenham acesso a tecnologias limpas
  • Apoiar a adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento
  • Apoiar a meta de desmatamento zero da Rede WWF

Copenhague apagará suas luzes contra mudanças climáticas

O evento acontecerá às 19h do dia 16 de dezembro´09, quando todos os cidadãos de Copenhague deverão desligar suas luzes para a “Earth Hour”, conhecida como a “Hora do Planeta”, em português. Trata-se de um lembrete aos líderes de todo o mundo de que a possibilidade de um acordo global que proteja o planeta está em suas mãos.
A Hora do Planeta é um movimento global liderado pela Rede WWF para mobilizar a sociedade em torno da luta contra o aquecimento global, realizada desde 2007. A ideia é aproveitar o momento em que todo o mundo está voltado para o tema, com a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-15) e replicar, neste mês, na Dinamarca, esse movimento que normalmente ocorre em março em cidades do mundo todo.
“A Hora do Planeta surgiu com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre as mudanças climáticas e de promover a eficiência energética, portanto, não poderia deixar de acontecer também em Copenhague”, afirma Denise Hamú, secretária geral do WWF-Brasil.
A organização da Hora do Planeta entende que existem grandes esperanças para a COP15. No entanto, acredita que é necessário que o movimento continue ainda com mais força em 2010 de modo a reforçar uma ação global e contínua contra as mudanças climáticas e assegurar que um instrumento com vínculos legais seja cumprido.
Em março de 2009, mais de 4.100 cidades em 88 países participaram da Hora do Planeta, um símbolo extraordinário de esperança das pessoas para o futuro e de sua vontade e motivação para proteger nosso planeta. Esses números representam uma grande expansão do movimento, já que no ano anterior participaram apenas 371 cidades ao redor do mundo.
No Brasil, a Hora do Planeta deste ano teve a adesão de 113 cidades 1.167 empresas 527 organizações. O WWF-Brasil já está se preparando para a Hora do Planeta de 2010 que, segundo Denise Hamú, promete ser um evento ainda mais expressivo do que no ano passado.

fonte: http://www.wwf.org.br/?23360/Copenhague-apagar-suas-luzes-contra-mudanas-climticas

No dia de início da COP15, o Brasil ganha uma importante iniciativa para auxiliar no combate ao desmatamento e na redução da emissão de gases de efeito estufa.

Com a presença do ministro do meio ambiente, Carlos Minc, a Associação Brasileira dos Supermercados, Abras, lançou hoje o programa “Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina. O programa promete criar condições para que os supermercados participantes ofereçam ao consumidor apenas produtos de frigoríficos que estejam comprometidos com o fim do desmatamento na Amazônia.
O programa também inclui o respeito ás leis trabalhistas, indigenistas, de saúde, á legislação ambiental e o não uso de trabalho infantil. Após a adesão ao programa, que deverá ser realizado num prazo máximo de 60 dias, os frigoríficos terão suas unidades de abate avaliadas, e deverão implementar o programa de forma continuada em todos os seus fornecedores, incluindo fazendas de cria e recria de animais. Após 1 ano, devem comprovar que pelo menos 50% dos critérios exigidos encontram-se em algum estágio de implementação. As avaliações serão conduzidas por equipes de auditores externos.
A ABRAS anuncia que os casos identificados como de não conformidade com o programa sofrerão punições que vão desde a assinatura de um TAC (termo de ajustamento de conduta) até a suspensão do fornecimento. Os frigoríficos que apresentarem boa avaliação receberão um certificado válido por 3 anos.
A iniciativa acontece seis meses após o lançamento do relatório do Greenpeace “A Farra do boi na Amazônia”, que aponta o setor pecuário como principal vetor de desmatamento da floresta. O Brasil ocupa a quarta posição de maior emissor de gases de efeito estufa no mundo e a principal fonte de emissão brasileira é a destruição da Amazônia.
Em outubro, grandes frigoríficos como a Marfrig, Bertin, Minerva e JBS assumiram publicamente o compromisso de desmatamento zero na Amazônia. ¨Com o lançamento deste programa, a ABRAS também entra nessa briga¨ - disse Marcio Astrini, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
O programa também tem o potencial de criar uma espécie de guia de consulta aos consumidores, diferenciando os supermercados que assinam o programa dos que não o assinam. Essa lista, segundo a ABRAS, estará publicada em seu site.

fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/amazonia/noticias/abras-adere-desmatamento-zero

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Acordo em Copenhague só levará a novas decepções, defende cético

Bjorn Lomborg acredita que tentar cortar emissões rapidamente é um erro.  Recursos deveriam ser investidos na resolução de outros problemas, diz.
Autor de “O Ambientalista Cético” (Campus, 2002), o dinamarquês Bjorn Lomborg acredita que um esforço mundial para cortar emissões de gases do efeito estufa no curto prazo é um gasto errado de recursos – seria mais útil, argumenta, investi-los em outros problemas igualmente graves e de mais fácil solução, como a desnutrição nos países pobres, e promover formas alternativas de energia para evitar lançar carbono na atmosfera.
Sua posição, é claro, não é bem vista por muitos ambientalistas. Apesar de discordar do que se está negociando na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 15), Lomborg tem surfado na onda das discussões sobre o efeito estufa e ganho mais notoriedade com o evento. Professor adjunto da Copenhagen Business School, o doutor em ciência política dirige ainda o Copenhagen Consensus Centre. Esta organização divulga a idéia de que as discussões em torno dos cortes de emissões de carbono têm sido uma perda de tempo – opinião expressa, inclusive, em outdoors instalados em Copenhague em plena COP 15.
O senhor argumenta que o aquecimento global não deveria ser uma prioridade porque não pode ser resolvido rapidamente. O que deveria ser prioridade da comunidade internacional?
É importante dizer que acho que o aquecimento global deveria ser uma prioridade, mas não a maior delas. Isso porque sabemos que, se for para gastar dinheiro, podemos fazer muito mais bem à humanidade colocando-o em coisas básicas, como desnutrição, saneamento básico e acesso à água potável, entre outras. Ao investir o dinheiro na questão climática como fazemos agora, provavelmente faremos muito pouco bem para cada dólar gasto.
Por que, então, o aquecimento global virou uma prioridade tão urgente? Há interesses por trás disso?
A primeira coisa que devemos reconhecer é que a mudança climática é uma prioridade no sentido de que se fala muito dela, mas se faz pouco. Está é minha principal preocupação: as mudanças climáticas são reais, são um problema, e são algo que deveríamos consertar, mas praticamente só falamos nelas de uma forma apocalíptica, como se fosse o fim da civilização, o que é infundado.
E também só falamos de cortes de emissões carbono imediatos, embora todas as análises econômicas mostrem que serão muito caros e trarão pouco benefício para o clima. Acredito que os principais motivos para que esta seja uma grande discussão - de relações públicas - são que dá boa oportunidade de notícias e dá chance para os políticos dizerem que querem salvar o mundo. Mas não leva realmente a uma solução para as mudanças climáticas.
O que estou tentando dizer é que a real “verdade inconveniente” é que gostamos de pensar que estamos fazendo algo contra as mudanças climáticas, mas até agora estamos seguindo a estratégia errada por mais de 20 anos. Na Eco 92, prometemos cortar emissões, e não fizemos isso. Em Kyoto , em 1997, prometemos cortar ainda mais e, ainda assim, não o fizemos. Então, reunir-se em Copenhague e fazer promessas ainda maiores é simplesmente uma maneira de termos um decepção ainda maior.
Então o senhor não vai participar da COP 15?
A conferência é para funcionários de governo, mas vou participar das discussões. Estou fazendo uma campanha publicitária e participando de muitas entrevistas na imprensa.
Os problemas que o senhor considera que devem ser solucionados com maior prioridade que o aquecimento global afetam principalmente os países mais pobres. No entanto, estes vêm a Copenhague na esperança de receber dinheiro das nações desenvolvidas para também controlarem suas emissões de carbono. Como esperar que os líderes dos países em desenvolvimento abram mão dessa possibilidade de ajuda financeira?
Obviamente vários países em desenvolvimento esperam receber centenas de bilhões de dólares com um acordo climático. Entendo que queiram receber este dinheiro, mas é improvável que ele venha. Já vimos isso várias vezes. Do acordo de Bonn, por exemplo, menos de 10% realmente saiu, em mais de cinco anos.
O senhor acompanhou o caso do vazamento de e-mails de pesquisadores do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)?
Acredito que esses e-mails nos mostram uma imagem muito menos bela do IPCC. Mostra que há uma crença forte em manter a ciência fechada, em afirmar que há uma só interpretação dos dados. Não contraria a ideia de que o aquecimento global é causado pelo homem, mas prejudica a imagem do painel.

http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1406760-17816,00-ACORDO+EM+COPENHAGUE+SO+LEVARA+A+NOVAS+DECEPCOES+DEFENDE+CETICO.html

Países pobres não gostam da proposta sobre clima articulada por nações ricas

Proposta daria aos países ricos decisão sobre corte de emissões de gases. Banco Mundial e não a ONU articularia financiamento.
A Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas foi movimentada, nesta terça-feira (8), pela divulgação do conteúdo de uma proposta sobre como países ricos e pobres devem combater o problema.
A indignação dos africanos ecoou pelo centro de convenções. Eles reagiam à revelação de um acordo paralelo articulado pela Dinamarca, junto com Estados Unidos e Grã-Bretanha.
O jornal inglês "The Guardian" publicou a proposta, que deixaria aos países ricos a decisão de quanto cortar nas emissões.
Mas obrigaria os outros a apresentar metas, com exceção dos países muito pobres. “Seria como um almoço, você chega para o cafezinho e é convidado a dividir a conta toda. Não é justo”, disse o negociador brasileiro, Sergio Serra.
A proposta abre a possibilidade de o Banco Mundial, e não ONU, administrar os financiamentos para adaptação às mudanças climáticas. E obriga os beneficiados a seguir as regras impostas pelos ricos.
Os países em desenvolvimento veem nas entrelinhas uma discriminação que se estenderia por 40 anos: em 2050, os ricos de hoje ainda poderiam poluir o dobro, por habitante, do que os que hoje estão em desenvolvimento.
A Dinamarca apresentou esse documento na semana passada a um pequeno grupo de países, entre eles o Brasil. Seria uma alternativa para um entrave no acordo.
Mas foi considerado prematuro, desistia das negociações antes de a convenção começar. A Dinamarca então recolheu as cópias dizendo que a proposta estava morta. Não estava, e hoje tumultuou a convenção.

COP 15

08/12/2009 - Autor: Juliana Russar - Fonte: CarbonoBrasil  - http://www.tictactictac.org.br/

Hoje começou a CoP-15, 15ª. Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima, reunião que acontece na cinza, mas bela cidade de Copenhague, Dinamarca. Foram dois anos de contagem regressiva. Parece que passou rápido? Não, não passou se pararmos para pensar quantas coisas aconteceram entre dezembro de 2007 e dezembro de 2009. Por acaso, há dois anos, você contava, em poucos caracteres, tudo o que estava acontecendo a seu redor para seus “seguidores”, por meio do seu iPhone? (Falando nisso: @jubrcop15) Considerava a possibilidade da ministra Dilma Rousseff, na época conhecida como “mãe do PAC”, ser a chefe da delegação brasileira em uma reunião cuja temática principal é “mudanças climáticas”? Imaginava que Obama ia ganhar as primárias de Hillary Clinton, tornar-se presidente dos Estados Unidos e, em menos de um ano de governo, ganhar o Prêmio Nobel da Paz? Cogitava que a entrada na disputa da presidência pela então ministra do Meio Ambiente Marina Silva influenciaria a agenda das eleições de 2010? Com certeza, pensava que o Michael Jackson ainda teria uma longa vida e que a Britney Spears não ia conseguir sair daquele buraco, nem que podia surgir uma tal de Lady Gaga. Nem considerava que uma crise econômica e uma epidemia de um novo tipo de gripe estavam próximas.
Ao mesmo tempo em que tudo isso e muito mais aconteceu no mundo, no contexto da reunião da ONU sobre mudanças climáticas, foi definido um Plano de Ação, em Bali, em dezembro de 2007, que possibilitasse a negociação e formulação de um acordo mais do que urgente e necessário em Copenhague que combatesse as mudanças climáticas, dois anos depois.
A estrada que saiu da Indonésia, levou negociadores de 192 países para Tailândia, Alemanha, Gana, Polônia, Espanha, antes de chegar na Dinamarca (veja aqui). Foram 71 dias dedicados exclusivamente às negociações, tempo mais do que suficiente para produzir o texto de um acordo para ser assinado na CoP-15.
No entanto, quais foram os reais avanços das negociações nesses últimos dois anos? O ritmo e a complexidade das negociações internacionais não acompanham a velocidade e a dinâmica de acontecimentos do “mundo real” e, no caso das negociações de clima, as últimas evidências científicas e pressão dos países onde a mudanças do clima já é realidade, pouco adiantaram para que a estrada até Copenhague fosse mais clara, tivesse menos buracos e obstáculos e pudesse ser percorrida tranquilamente, com a certeza de que um acordo justo, ambicioso e legalmente vinculante estaria no fim do caminho.
As negociações têm seu próprio tempo. Depois do marasmo da última reunião, em Barcelona, tivemos que conviver com o anúncio de morte súbita e prematura da CoP por alguns dias, até que vários países a ressuscitaram, incluindo o Brasil, China, Estados Unidos, Índia, que começaram a mostrar suas cartas, até então, escondidas.
Aqui chegamos. Aqui estamos. A contagem regressiva acabou. O momento construído ao longo de dois anos finalmente chegou. Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar essa chance.
Hoje de manhã, as cortinas se abriram. E aí? Nesse primeiro dia da CoP-15, muitos discursos, muitas boas intenções, mas nada concreto. Está tudo começando, as pessoas estão se situando, a cidade e o centro de conferência se acostumam com a quantidade inesperada de visitantes. Gostei do discurso do Yvo de Boer na abertura e do vídeo preparado pelo governo da Dinamarca. Algumas pessoas acharam apelativo. Eu não achei e confesso que chorei. Há muito trabalho a ser feito nas próximas duas semanas e a expressão de sentimentos deveria ser valorizada, no fim das contas, estamos falando do futuro da minha geração e das próximas.
Amanhã começam as negociações informais e o bicho vai pegar. O grupo dos pequenos países insulares (AOSIS) já mostrou que não veio aqui para brincar. Na cerimônia de abertura da CoP-15, posicionaram-se contra a decisão por consenso, já que esse método os prejudica.
Quero ver o circo pegar fogo nos próximos dias, mas que o incêndio seja contido a tempo dos líderes mundiais (110 confirmados!) chegarem para celebrar “O” acordo.
Espero, daqui dois anos, olhar para trás e confirmar que eu estava certa sobre o resultado de Copenhague. Sim, estou otimista!
Imagem: O que mudou em dois anos? Crédito: Juliana Russar

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