terça-feira, 8 de dezembro de 2009

COP 15

08/12/2009 - Autor: Juliana Russar - Fonte: CarbonoBrasil  - http://www.tictactictac.org.br/

Hoje começou a CoP-15, 15ª. Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima, reunião que acontece na cinza, mas bela cidade de Copenhague, Dinamarca. Foram dois anos de contagem regressiva. Parece que passou rápido? Não, não passou se pararmos para pensar quantas coisas aconteceram entre dezembro de 2007 e dezembro de 2009. Por acaso, há dois anos, você contava, em poucos caracteres, tudo o que estava acontecendo a seu redor para seus “seguidores”, por meio do seu iPhone? (Falando nisso: @jubrcop15) Considerava a possibilidade da ministra Dilma Rousseff, na época conhecida como “mãe do PAC”, ser a chefe da delegação brasileira em uma reunião cuja temática principal é “mudanças climáticas”? Imaginava que Obama ia ganhar as primárias de Hillary Clinton, tornar-se presidente dos Estados Unidos e, em menos de um ano de governo, ganhar o Prêmio Nobel da Paz? Cogitava que a entrada na disputa da presidência pela então ministra do Meio Ambiente Marina Silva influenciaria a agenda das eleições de 2010? Com certeza, pensava que o Michael Jackson ainda teria uma longa vida e que a Britney Spears não ia conseguir sair daquele buraco, nem que podia surgir uma tal de Lady Gaga. Nem considerava que uma crise econômica e uma epidemia de um novo tipo de gripe estavam próximas.
Ao mesmo tempo em que tudo isso e muito mais aconteceu no mundo, no contexto da reunião da ONU sobre mudanças climáticas, foi definido um Plano de Ação, em Bali, em dezembro de 2007, que possibilitasse a negociação e formulação de um acordo mais do que urgente e necessário em Copenhague que combatesse as mudanças climáticas, dois anos depois.
A estrada que saiu da Indonésia, levou negociadores de 192 países para Tailândia, Alemanha, Gana, Polônia, Espanha, antes de chegar na Dinamarca (veja aqui). Foram 71 dias dedicados exclusivamente às negociações, tempo mais do que suficiente para produzir o texto de um acordo para ser assinado na CoP-15.
No entanto, quais foram os reais avanços das negociações nesses últimos dois anos? O ritmo e a complexidade das negociações internacionais não acompanham a velocidade e a dinâmica de acontecimentos do “mundo real” e, no caso das negociações de clima, as últimas evidências científicas e pressão dos países onde a mudanças do clima já é realidade, pouco adiantaram para que a estrada até Copenhague fosse mais clara, tivesse menos buracos e obstáculos e pudesse ser percorrida tranquilamente, com a certeza de que um acordo justo, ambicioso e legalmente vinculante estaria no fim do caminho.
As negociações têm seu próprio tempo. Depois do marasmo da última reunião, em Barcelona, tivemos que conviver com o anúncio de morte súbita e prematura da CoP por alguns dias, até que vários países a ressuscitaram, incluindo o Brasil, China, Estados Unidos, Índia, que começaram a mostrar suas cartas, até então, escondidas.
Aqui chegamos. Aqui estamos. A contagem regressiva acabou. O momento construído ao longo de dois anos finalmente chegou. Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar essa chance.
Hoje de manhã, as cortinas se abriram. E aí? Nesse primeiro dia da CoP-15, muitos discursos, muitas boas intenções, mas nada concreto. Está tudo começando, as pessoas estão se situando, a cidade e o centro de conferência se acostumam com a quantidade inesperada de visitantes. Gostei do discurso do Yvo de Boer na abertura e do vídeo preparado pelo governo da Dinamarca. Algumas pessoas acharam apelativo. Eu não achei e confesso que chorei. Há muito trabalho a ser feito nas próximas duas semanas e a expressão de sentimentos deveria ser valorizada, no fim das contas, estamos falando do futuro da minha geração e das próximas.
Amanhã começam as negociações informais e o bicho vai pegar. O grupo dos pequenos países insulares (AOSIS) já mostrou que não veio aqui para brincar. Na cerimônia de abertura da CoP-15, posicionaram-se contra a decisão por consenso, já que esse método os prejudica.
Quero ver o circo pegar fogo nos próximos dias, mas que o incêndio seja contido a tempo dos líderes mundiais (110 confirmados!) chegarem para celebrar “O” acordo.
Espero, daqui dois anos, olhar para trás e confirmar que eu estava certa sobre o resultado de Copenhague. Sim, estou otimista!
Imagem: O que mudou em dois anos? Crédito: Juliana Russar

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