domingo, 27 de fevereiro de 2011

De volta à “recuperação verde” da economia?


25/02/2011 - 10h02 - Por Sérgio Abranches, do Ecopolítica 

Revolta na África do Norte e no Oriente Médio provoca um surto de aumentos no preço do petróleo. Esse aumento tem reflexos negativos e positivos. Deveríamos aproveitar a ambos para incentivar o crescimento verde.

A elevação do preço do petróleo não tem teto. Há especialistas dizendo que ele pode bater em US$ 150.00 o barril. Pode ir além disso. Essa estimativa certamente não inclui instabilidade grave na Arábia Saudita. Mas a monarquia gerontocrática da família Saud tem futuro curto e é pouco provável que os filhos de Abdul-Azys, todos octogenários, consigam promover uma sucessão tranquila para os netos de Abdul-Azys. Embora na Arábia Saudita a renda da maior produção mundial de petróleo permita ao rei pagar uma mesada a cada cidadão, a revolta anda batendo em suas fronteiras. Já há alguns esboços de manifestação em Ryad. Se a revolta chega às ruas do país, o preço do petróleo não terá teto previsível.

Além disso, é pouco provável que ele caia rapidamente abaixo da marca dos US$ 100.00. A rebelião ainda está nas ruas. Os manifestantes voltaram à praça Tahrir, no Cairo, descontentes com a lentidão das reformas prometidas pelo Conselho Militar. Os revoltosos continuam ativos no Iêmen, em Bahrein, no Irã e na Jordânia. Na Líbia, o massacre já fez mil vítimas e está longe de terminar. Depois da derrubada das ditaduras, ainda haverá um caminho longo para construir uma governança estável, que respeite as liberdades e os direitos dos cidadãos. Será um caminho turbulento, com prováveis surtos de instabilidade. Esse contexto instável manterá alto o patamar de preço do petróleo.

Qual a consequência negativa dessa elevação sustentada dos preços do petróleo? Provavelmente ela interromperá a recuperação da economia no EUA e na Europa. Além disso, petróleo em alta alimenta o processo inflacionário, que já está em curso por causa do impacto dos eventos climáticos extremos do ano passado e início deste ano na produção (queda) e preço (alta) dos alimentos. Embora ainda não seja este o cenário mais provável, já não se pode descartar um ciclo de estagflação, se as políticas econômicas não derem respostas mais sofisticadas do que as que têm sido dadas. Certamente não há de ser com as medidas anunciadas na última reunião de ministros da Finança do G20 em Paris, que conseguirão enfrentar essa nova realidade que se desenha para a economia global.

O que pode haver de positivo nisso? O caminho é retornar à ideia de uma “recuperação verde” das economias investindo em tecnologias e energias limpas e em atividades geradoras de emprego como a construção verde e as reformas de prédios para reduzir sua pegada de carbono, transportes públicos com veículos elétricos, trens de alta velocidade.

Hoje, ao contrário do que ocorreu na primeira crise do petróleo, há alternativas viáveis aos combustíveis fósseis. A alta do petróleo estimula o investimento nessas tecnologias de energia limpa renovável. As ações das empresas de energia solar e eólica já estão subindo nas bolsas de Nova York e da Europa. Com esse preço de petróleo, essas fontes são mais que competitivas. O mesmo é verdade para o biocombustível de segunda geração, que não compete com culturas alimentares.

Além disso, o pipeline – a cadeia – de geração de novas tecnologias, que vai do P&D até a produção comercial, está cheia de alternativas para energias limpas renováveis em toda sua extensão. Há numerosos projetos em estágio de P&D; grande número já em fase de demonstração; um bom número em teste piloto. Os investimentos nessa cadeia já estão aumentando significativamente. O resultado é que a entrada de novas alternativas tecnológicas no mercado de energia pode ser acelerada, antecipando os cenários que previam que elas deveriam estar disponíveis entre 2020 e 2030. Agora, provavelmente, muitas poderão estar disponíveis entre 2012 e 2015 e uma segunda onda poderá emergir entre entre 2015 e 2020.

No Brasil, tudo indica que não aproveitaremos essa oportunidade. A Petrobrás já anunciou que não haverá aumento na gasolina, acompanhando o movimento dos mercados internacionais. Portanto, o preço da gasolina terá subsídio ainda maior do que já tem. A safra de cana de 2010-2011 cresceu três vezes menos do que a de 2009-2010, segundo mostrou análise de dados de satélite do INPE. E o mix de plantio está enviesado para a produção de açúcar, cujo preço internacional está elevado. A oferta de álcool será menor, o preço maior. Os carros flex serão abastecidos a gasolina, aumentando as emissões de CO2 e a poluição. Coisa que, aliás, já aconteceu no ano passado.

Não há também intenção de dar prioridade à energia solar e eólica na geração de eletricidade. Provavelmente vamos perder mais esta parada do trem para o século XXI na nossa porta. Mas o mundo deve embarcar nele, inclusive nossos concorrentes do BASIC, Índia e China.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um balanço do Forum Social Mundial de 2011


25/02/2011 - 10h02 -Por Cândido Grzybowski*

Entre 6 e 11 de fevereiro de 2011, realizou-se em Dacar, no Senegal, a edição centralizada do FSM. Com mais de 50 mil participantes, de 130 países, foi um fórum que deixa suas marcas no processo iniciado em 2001, em Porto Alegre. Uma grande mobilização na volta do Senegal, com a organização de caravanas, garantiu a presença de importantes delegações de 12 países da África. Foi, no pleno sentido da palavra, um FSM africano, dada a presença de movimentos e organizações sociais de quase todos os países do continente. A destacar especialmente a forte presença magrebina, num momento de insurgência cidadã no países árabes. Aliás, as mudanças no mundo árabe deram aos participantes do Fórum Social Mundial deste ano a sensação mais concreta de estarem conectados com os processos de mudanças reais para que outro mundo seja possível. No entanto, foi, talvez, o FSM mais caótico em termos organizativos. A “ágora” virou cacofonia e muito desencontro, mas não deixou de ser inspiração e, ao seu modo, fortaleceu a determinação dos altermundialistas na luta cívica por mudanças.

Sobre o FSM 2011, quero destacar, antes de tudo, a importância simbólica e política de olhar o mundo a partir de Dacar. A diáspora africana, sob forma de tráfico negreiro de escravos, junto com a conquista, colonização e domínio de povos inteiros pelo mundo, é parte constituinte da civilização moderna, uma de suas condições históricas fundamentais da expansão capitalista, criando países ricos e pobres, desenvolvidos e subdesenvolvidos. A crise de civilização de hoje, neste sentido, não pode ser entendida sem ver como esta civilização industrial, produtivista e consumista, com mercantilização de tudo, em suas ondas sucessivas de globalização, gerou uma África inteira pobre e dependente. A diáspora, sob forma de migração, continua até hoje. O continente africano ainda é celeiro de mão de obra e seus imensos recursos naturais continuam sendo estratégicos aos olhos de grandes conglomerados capitalistas e dos governos imperialistas de plantão a seu serviço. Hoje, particularmente, a China no que tange os recursos naturais e a Europa em termos de mão de obra.

A ilha Gorée, uns 20 minutos de Dacar por barco, é um testemunho vivo do que foi o tráfico negreiro que capturou na África e transportou violentamente mais de 15 milhões de homens, mulheres e crianças – sem contar os que morreram nas “caçadas” humanas no interior do continente  - para o trabalho escravo nas Américas e no Caribe. As portas sem volta das casas de escravos, abertas para o mar, são hoje portas de entrada ao íntimo da gente, a mexer com nossas consciências e nos fazer pensar na nossa responsabilidade por tudo isto. Como brasileiro, a dor bate mais forte, pois o violente tráfico humano da África é o nosso passado, muito presente até hoje. Como é possível que a humanidade tenha inventado tal atrocidade! Mas algo pior que salta aos olhos: será que estamos tratando os migrantes africanos de hoje de forma melhor? Os navios de guerra italianos em Dacar, mirando os pequenos botes de migrantes que partem rumo às Ilhas Canárias, estranha parte da Europa espanhola, ao largo da costa atlântica, não são outra coisa que a versão moderna dos corsários da morte de ontem. De fato, o mundo não pode continuar assim. É hora de mudar esta civilização, clamor que se fortalece cada vez mais no FSM.

Entrando por dentro do FSM, é necessário reconhecer a sua capacidade de mobilizar sempre mais diferentes grupos, organizações e movimentos sociais pelo mundo afora. Rodar o mundo, contagiando gente e trazendo novas identidades políticas e culturais e novas vozes, parece ser o maior segredo da vitalidade do FSM. Quando se pensa que ele está em declínio, eis que ressurge com vitalidade. Este abraçar de novas realidades revelou-se mais uma vez, em Dacar, como fundamental ao processo FSM. Isto tem que continuar, pois ainda existe muito mundo, muitos povos, muita cidadania a ser mobilizada e contagiada pela força da ideia de que outro mundo é possível e, hoje, está no nosso horizonte. Esta é a sua força política. É bom que se registre aqui o que é desconhecido da mídia dominante, o fato da grande mobilização na região do Magreb, tendo realizado 10 fóruns (regionais, nacionais e temáticos) após o FSM 2009 e antes deste FSM de Dacar. Também anoto o efeito energizante nos participantes do fórum das mobilizações cidadãs, com as mudanças políticas que vem provocando, na Tunísia e Egito.

Mas o FSM 2011, em Dacar, revelou, também, a grande fragilidade no interior do FSM. Não fosse o poder da auto organização, uma das suas bases como espaço aberto à diversidade de sujeitos e à pluralidade de perspectivas por outro mundo, o FSM deste ano teria sido um grande desastre. Não estamos conseguindo aprender como organizar logisticamente grandes eventos, com salas e tradução multilíngua – nosso maior desafio, base da defesa do bem comum que é a diversidade cultural –, para acomodar o fórum. Dacar foi caótico, sobretudo nos dois primeiros dias, até que a auto organização encontrou formas de estabelecer o diálogo aberto. O fato é que o FSM foi prejudicado, especialmente para os que não dominavam o francês. O diálogo com organizações e movimentos africanos da África do Oeste foi mais simbólico do que real. Este é um desafio no processo FSM. Não é um desafio externo a ele. Trata-se de algo inteiramente sob a governança de suas instâncias internas de facilitação e organização. Não podemos ser derrotados por algo que tem a ver conosco mesmo! Precisamos deixar de competir para ver quem organiza o melhor fórum e juntar as forças, numa verdadeira obra de cidadania mundial. Um FSM bem organizado é possível. Sim, nós podemos! Mais, o mundo necessita do FSM como força mobilizadora e inspiradora.

Aqui cabe uma pequena reflexão sobre o processo do FSM e seu futuro. Penso o FSM como uma nova onda, onda da nascente cidadania planetária. Mas ondas, como no mar, supõe umas seguindo outras, num movimento de fluxo e refluxo. Para que a primeira onda do FSM, de mobilização e do despertar da cidadania produza uma nova cultura política, que abrace o mundo em sua diversidade e dela tire força, é necessário que o fórum chegue a todos os cantos e povos, na imensa, populosa e complexa Ásia, no Leste Europeu, no Mundo Árabe, no Caribe... Enfim, falta muito mundo para o fórum ser realmente mundial.

Sou dos que acham que o momento atual exige nossa presença, como FSM, na Europa. O FSM começou ancorado na vibrante sociedade civil brasileira. Galvanizou a América do Sul e é um dos pivôs das mudanças políticas aí ocorridas. Mas o fato é que não teria acontecido, não seria mundial, sem o apoio desde a primeira hora dos europeus, especialmente da cidadania ativa, dos sindicatos, organizações e movimentos socais da Europa latina. Com a enorme crise na Europa, especialmente nos países do Sul da Europa, com as esquerdas perdidas e incapazes de se entender, o próprio FSM é afetado. Acho que é a hora das “galeras”, desta vez dos colonizados, voltarem em solidariedade. Não se trata de nova conquista dos bárbaros, mas se trata, sim, da desimperialização das cabeças dos europeus, de sua cultura, como condição de nossa própria descolonização, deseuropeização. Enfim, no que tange o FSM, ele deve continuar como onda que galvazina, que aglutina, que motiva, que convida ao diálogo os diversos e desiguais, incluídos e excluídos, para mudar o mundo. Este se espraiar pelo mundo do FSM depende de circunstância políticas para realmente fincar raízes. Penso que tais circunstâncias existem na Europa e a realização de um FSM mundial em território europeu, como uma coprodução de europeus e cidadãos do mundo, será um fator decisivo para o próprio fórum enquanto arauto de um novo mundo.

Mas o FSM não pode ficar dependente de grandes eventos pelo mundo afora. Isto precisa continuar, mas é apenas a primeira onda, a desbravadora, o movimento que abre caminho. Outras ondas devem seguir, também parte do movimento FSM. Na verdade, isto já está sendo inventado na prática. Falta pensar estrategicamente a respeito. Entre o FSM de Belém, em janeiro de 2009, e o fim de 2010 foram registrados – talvez haja bem mais, especialmente nacionais e locais – 55 fóruns sociais que adotaram a Carta de Princípios do FSM e se valeram da auto organização de atividades como base da garantia do espaço aberto. A maior parte destes fóruns foi temática. Todos foram puxados por grandes coalizões de organizações e movimentos, por “famílias” sociais, de 3 a 15, e chegaram a contar com a participação de 30 a 1 mil movimentos. Ou seja, a nova cultura do FSM alimenta estes eventos. Desenha-se, além do mais, uma clara dinâmica regional em tais eventos, com destaque para Brasil e América Latina, com quase a metade dos eventos. Neste quadro se destaca a Região do Magreb, responsável por 10 eventos, alguns nos países hoje em ebulição social.

Chamam a atenção entre os eventos os Fóruns Sociais Temáticos. Neles a cidadania organizada se engaja para aprofundar a temática e formular propostas, como segurança e soberania alimentar, migrantes, águas como bem comum, mulheres. Estamos diante de uma inovação do FSM, entre os grandes eventos de caráter mundial, com grandes potencialidades. O que chamo da necessária nova onda do FSM, seguindo a primeira dos eventos centrais, de confluência de todos, tentando abarcar o mundo, está aí esboçada. Precisamos transformá-la em estratégia do FSM. Esta segunda onda, que empurra a primeira e é por ela puxada, precisa ser incorporada conscientemente ao processo do FSM, ao movimento de construção da cidadania planetária. Organizar Fóruns Sociais Temáticos entre os eventos mundiais do FSM, que rodam o mundo, passa a ser indispensável. A usina de ideias em que o FSM se tornou precisa, como processo, de nodos que lhe dão forma mais concreta, que sistematizem as ideias e propostas e que virem referência.

A possibilidade de organizar o FS Temático sobre meio ambiente e desenvolvimento, em janeiro de 2012, em Porto Alegre, tendo em vista a Conferências da ONU Rio + 20, é uma grande oportunidade de experimentar modos de definir condições comuns de funcionamento dos fóruns temáticos no espírito do FSM. Mais, O Fórum Social Temático pode ser uma forma de organizar no Brasil, em Porto Alegre, onde o FSM começou, um dos nodos que alimentará a segunda onda. Está ao nosso alcance, das organizações e movimentos sociais brasileiros, o desafio de enfrentar tal tarefa e, com ela, energizar o FSM como processo. Isto sem perder o objetivo mais imediato que é incidir com força na Rio + 20.

*Cândido Grzybowski é sociólogo, diretor do Ibase

2º Conexões Sustentáveis flagra outros elos entre Amazônia e São Paulo


25/02/2011 - 03h02-Por Ana Carolina Amaral, da Envolverde 

A Amazônia se conecta a São Paulo de forma pouco sustentável, a convite de soja, madeira e gado. Investigar as cadeias produtivas dessas matérias-primas até sua chegada ao varejo foi o objetivo do 2º. estudo Conexões Sustentáveis: São Paulo-Amazônia, realizado pela ONG Repórter Brasil e pela Papel Social Comunicação e apresentado nesta quarta-feira, 23, no SESC Vila Mariana, em São Paulo.

Os coordenadores do projeto, Leonardo Sakamoto e Marques Casara, explicaram que o primeiro estudo focou o escoamento de madeira para a indústria, principalmente para o setor siderúrgico; dessa vez, no entanto, o estudo foi mais longe e pôde chegar à cadeia do varejo. A investigação focou a madeira destinada à construção civil e à indústria moveleira e chegou até empresas bem conhecidas pelos paulistanos - das construtoras Tecnisa e SKR até a Tramontina, gigante das pequenas utilidades domésticas, passando ainda pelas Casas Bahia. No Brasil, 30% da extração de madeira ainda é ilegal.

A sondagem da cadeia da soja detectou casos como trabalho escravo e uso de terra indígena, mostrando a Bunge na ponta paulistana da cadeia. Outro grande detectado foi o frigorífico JBS Friboi (Bertin). Ele não só aparece nas sondas da pecuária bovina, como também nas da madeira, usada na caldeira dos frigoríficos. As respostas das empresas estão na página do relatório na Internet: http://www.conexoessustentaveis.org.br/ .

Para Sakamoto o estudo não poderia mais ser relatado em centenas de páginas – “só a mãe de quem escreveu aguenta ler um relatório assim”, brincou. Multimídia e animado, o relatório organiza a informação por setores e busca interessar ao consumidor final. Sakamoto lembrou que “o desafio é envolver camadas sociais que só agora estão tendo acesso ao consumo, que também precisa ser feito com consciência.”

Esse mesmo consumo consciente foi solicitado às empresas identificadas no estudo como financiadoras de crimes sociais e ambientais. Marques Casara alertou que no estudo anterior a madeireira Sulmap já havia sido flagrada na cadeia criminosa. “As construtoras que compram da Sulmap sabem que estão comprando madeira ilegal”, conclui.

“Se você compra de um produtor que pratica crimes ambientais, mesmo que a madeira seja de área legal, você está financiando a prática. A conta bancária é a mesma”, alega Sakamoto. Por isso, ele explica, as empresas que aderem ao pacto do Conexões Sustentáveis não barram áreas; barram fontes.
“Boi anda”, alertaram os coordenadores do estudo durante a apresentação. A obviedade da frase na verdade detona a premissa de que a origem do produto é garantida pela área onde foi produzido. O problema é que uma mesma fonte pode produzir em áreas legais e ilegais: antes da comercialização, o produto das áreas ilegais são transferidos para as permitidas. É aí que a fria do desmatamento vira “madeira esquentada”. E o boi, anda – dessa vez rastreado pelo estudo.

“Eu excluo os passivos da minha cadeia” é um conceito ilusório, argumentou o diretor da ONG Amigos da Terra Roberto Smeraldi, durante o debate que se seguiu à apresentação do relatório. Uma prova da ilusão, segundo ele, é que a maioria das empresas que respondeu ao relatório explicou suas compras como “uma falha, ora operacional, ora humana.” Para Smeraldi as compras não podem ser chamadas de falha enquanto não houver meios claros para conhecimento da origem dos produtos amazônicos.

Da platéia, o advogado ambientalista André Lima pediu por aprimoramentos nas listas do Ibama e do trabalho escravo, que ainda não representam a realidade. Para Casara, a dificuldade de chegada das informações à outra ponta da cadeia produtiva não é apenas metodológica. “A Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará tem uma quadrilha que frauda os esquemas de licenciamento e já foi flagrada no primeiro estudo”, denuncia ele, acrescentando que nenhuma atitude foi tomada até agora. “Precisamos mobilizar os governos do Pará e do Mato Grosso para que abram as caixas-preta da SEMA”, insistiu.

Mas há por que ter esperança, conforme o diretor da Conservação Internacional Brasil, Valmir Ortega. “Antes as investigações da Polícia Federal se referiam a crimes de quatro anos atrás. Hoje elas se concluem em três meses, graças à informatização”, argumenta. Para Ortega, o fato de o Conexões Sustentáveis ter conquistado os pactos da madeira, soja e carne - cujos signatários se comprometem a exigir de seus fornecedores a certificação dos produtos -  é uma prova de que temos o que comemorar.(Envolverde)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Justiça Federal no Pará suspende licença de instalação da Usina de Belo Monte

Juiz alegou que licença de instalação é ilegal porque não atende a pré-condições estabelecidas pelo próprio Ibama


A Justiça Federal no Pará cassou a licença de instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). No fim de janeiro, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) havia concedido uma licença parcial para a montagem do canteiro de obras.
Em liminar, o juiz federal Ronaldo Desterro determinou a suspensão imediata da licença. Assim que a empreiteira for notificada, todas as obras que eventualmente tenham começado no local deverão ser paralisadas.
O magistrado também proibiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de repassar recursos a Norte Engenharia Sociedade Anômica (Nesa), empreiteira responsável pela construção da hidrelétrica. De acordo com a Justiça Federal no Pará, a proibição vale até que o processo que contesta a obra tenha o mérito julgado ou até que se comprove o cumprimento das exigências previstas na licença prévia concedida pelo Ibama.
O juiz atendeu a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Em ação civil pública, o MPF alegou que a licença de instalação é ilegal porque não atende a pré-condições estabelecidas pelo próprio Ibama na licença prévia, que antecede a licença de instalação. Entre as exigências descumpridas, estão a recuperação de áreas degradadas, a adequação da infraestrutura urbana, a regularização fundiária de áreas afetadas e programas de apoio a indígenas da região.
Na ação, o MPF argumenta que, até a emissão da licença provisória de instalação, 29 exigências não haviam sido cumpridas e quatro haviam sido executadas parcialmente. O Ministério Público também alegou que não há informação sobre a o cumprimento de outras 33 obrigações. Segundo a Justiça Federal, a concessionária pediu mais prazo para repassar as informações, mas não apresentou as respostas.
Ao conceder a liminar, o juiz criticou o Ibama. Para o magistrado, o órgão ambiental não está pressionando o consórcio a respeitar as exigências ambientais e está se submetendo aos interesses da empreiteira.
– De fato, a autarquia [Ibama], que deveria impor ao empreendedor a adaptação de suas necessidades à legislação de vigência, adota conduta contrária, consistente em buscar a adaptação da norma às necessidades da empreendedora, sem invocar fundamento razoável. A relação de preponderância do interesse público sobre o particular encontra-se, na espécie, invertida – escreveu o magistrado.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Visitando o Parque Ibirapuera - Uma Aventura Ambiental

Visitando o Parque Ibirapuera - Uma Aventura Ambiental

O programa “Aventura Ambiental” realizado, gratuitamente, pela Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ) é destinado às escolas, comunidades e ONG’s, atendendo grupos de 15 a 40 pessoas (crianças, adolescentes, adultos e idosos), através de agendamento prévio.

 A programação proporciona a vivência e reflexão do participante sobre a importância do meio ambiente e cultura de paz utilizando o Parque Ibirapuera como recurso para o estudo do meio, através dos seus aspectos histórico-culturais, fauna, flora, água e a convivência harmoniosa entre o homem e a natureza.


Roteiro da visitação
Chegada na UMAPAZ (Av. Quarto Centenário,1268 – Portão 7- A), apresentação do programa na Sala da Aventura Ambiental, visita ao interior do Parque Ibirapuera com passagens pelo Viveiro Manequinho Lopes, Praça Burle Max, Bosque, Lago, Ponte Metálica e Praça da Paz, entre outros locais, podendo sofrer alterações no roteiro.
                                      
                           

 As visitas são realizadas de terça-feira à sexta-feira pela manhã (8h30 às 11h30) e à tarde (13h30 às 16h30).
Os grupos e escolas interessadas devem se inscrever pelo telefone (11) 5572-1004  e agendar com a equipe da Aventura Ambiental.


Coordenação: Angélica Berenice de Almeida e Thereza Christina Rosa.
 
Venha participar do Programa Aventura Ambiental no Parque Ibirapuera!
 
“Esta mensagem, incluindo seus anexos, é confidencial e seu conteúdo é restrito ao destinatário da mensagem. Caso você a tenha recebido por engano, queira, por favor, retorná-la ao destinatário e apagá-la de seus arquivos. É expressamente proibido o uso não autorizado, replicação ou disseminação da mesma. As opiniões contidas nesta mensagem e seus anexos não necessariamente refletem a opinião do órgão emissor. Grato pela colaboração”.

Terremoto de 6,3 pontos atinge a Nova Zelândia e deixa vários mortos

Do UOL Notícias* 21/02/2011 - 22h59 / Atualizada 21/02/2011 - 23h55 - Em São Paulo
Várias pessoas morreram nesta terça-feira em Christchurch, a segunda maior cidade da Nova Zelândia, devido ao terremoto de 6,3 pontos que atingiu a região, informou a polícia. "Várias mortes ocorreram em diferentes pontos do centro da cidade, onde dois ônibus foram esmagados por escombros", disse um oficial. "Relatórios apontam a queda de vários prédios, incêndios e pessoas presas em imóveis no centro."

O terremoto ocorreu às 12h51 desta terça-feira (horário local) e teve seu epicentro situado a apenas 5 km da cidade, a uma profundidade de 4 km, segundo o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS). Testemunhas disseram que o tremor derrubou vários prédios e abriu crateras nas estradas.
As TVs mostraram cenas de pânico na cidade, onde as pessoas saíram dos escritórios para as ruas. O aeroporto da cidade foi fechado e a polícia está evacuando o centro de Christchurch, onde vários prédios já estavam fragilizados pelo abalo de setembro passado. "Foi realmente terrível, muito forte", contou o comerciante Julian Hogday à TV3.

Terremoto atinge Nova Zelândia

Foto 4 de 31 - Reprodução de TV mostra estragos causados por um terremoto de 6,3 pontos que atingiu a Nova Zelândia Reprodução TV3/Reuters
"Informaram-nos de várias mortes em distintas áreas do centro da cidade, incluindo em dois ônibus que foram atingidos por edifícios destruídos. Um doutor e os serviços de emergência estão atendendo às vítimas", disse a polícia em comunicado.
Vários edifícios do centro desmoronaram ou registraram focos de incêndio, enquanto também há pessoas feridas e presas nas estruturas danificadas. "O que posso ver daqui, no centro da cidade, é que causou um prejuízo considerável", indicou à rádio local o prefeito de Christchurch, Bob Parquer.

Outro tremor

A cidade foi atingida por um forte terremoto de magnitude 7,1 em setembro do ano passado, que causou graves danos generalizados, mas poucos feridos. Desde então, a região tem sido atingida por milhares de réplicas.
Havia registros de escombros caindo de um prédio já danificado e pessoas sendo retiradas de alguns escritórios no centro financeiro, na medida em que inspeções eram feitas.
A Nova Zelândia, que está entre as placas tectônicas do Pacífico e Indo-Australiana, registra uma média de mais de 14 mil terremotos por ano, dos quais cerca de 20 normalmente atingem magnitude 5.

fonte: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/02/21/terremoto-de-63-graus-atinge-a-nova-zelandia-e-deixa-varios-mortos.jhtm
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WELLINGTON - As 107 baleias-piloto encontradas em uma praia remota da Nova Zelândia morreram, segundo informações do Departamento de Conservação do país nesta segunda-feira.
As baleias foram encontradas por turistas no domingo, próximo a Cavalier Creek, no extremo sul da Nova Zelândia.
O Departamento de Conservação informou que sobrevoou a área e descobriu que metade do grupo estava morto e a outra parte estava morrendo. As baleias chegaram bem à praia, mas a maré baixou, o que deixou poucas chances de mantê-las vivas até os socorristas chegarem. Já no domingo 48 baleias foram sacrificadas.
- Sacrificar é uma decisão difícil mas é tomada para evitar o sofrimento prolongado do animal - disse Brent Beaven, que levou a equipe ao local...
  O Globo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Voluntariado ambiental contribui para ações práticas de conservação do meio ambiente

Flavia Loureiro  NAB Núcleo dos Amigos do Brooklin
"INFORMAÇÃO" Direito e Dever de todos Art.5ºXIV,CF/Cap.40 Agenda 21

O voluntariado ambiental vem ganhando força e espaço, tornando-se uma prática necessária em tempos de adaptação às mudanças climáticas. Porém, mais do que uma simples ação pontual, o voluntariado exige responsabilidade, cuidado e continuidade.


Nesta entrevista, a bióloga Cláudia Ribeiro Barbosa, que atua na DNA – Identidade Ambiental, e a engenheira florestal Joelma Cavalcante de Souza, da ONG Nasce - Núcleo de ação em Ambiente, Saúde, Cultura e Educação, ambas envolvidas com a disseminação da educação ambiental e da sustentabilidade, falam sobre o voluntariado ambiental e como podemos contribuir para a causa ambiental.

Mobilizadores COEP - O que é o voluntariado ambiental?


R.: É um compromisso social, onde cada um pode fazer a diferença. Mais do que uma ação pontual, como observamos em boa parte das vezes, voluntariado exige responsabilidade, cuidado e continuidade. Na atualidade, a temática ambiental vem ganhando espaço na mídia e nas discussões diárias. Hoje em dia, muitos já sabem que meio ambiente é um direito garantido por lei. Da mesma forma, todos nós temos o dever de cuidar do planeta e de seus habitantes. E, com certeza, ações voluntárias poderão tornar nosso planeta um lugar melhor de se viver.

Mobilizadores COEP - Qual a importância de ações voluntárias para a preservação do meio ambiente e para ajudar nos processo de adaptação às mudanças climáticas?


R.: Partimos de uma premissa antiga que dizia: “Pensar globalmente e agir localmente”. É isso mesmo, nós precisamos fazer a nossa parte. No entanto, só isso não basta, precisamos contagiar a todos.  Atuarmos juntos e de maneira integrada.


E para tal, precisamos repensar posturas e mudar hábitos. Quer um exemplo?  O simples ato de utilizarmos a bicicleta ou mesmo adotarmos a carona solidária para irmos ao trabalho, poderá fazer a diferença. Ao adotarmos uma árvore em nossa calçada, teremos contribuído para deixar nossa rua mais bonita e fresca.

Mobilizadores COEP - Na sua avaliação, quais os principais desafios ambientais enfrentados pelas comunidades mais vulneráveis? De que maneira as populações podem atuar para minorar esses problemas?


R.: As comunidades mais vulneráveis são as primeiras a serem atingidas pelos problemas socioambientais como enchentes, desabamentos, secas, dentre outros. Afinal, os recursos naturais não estão disponibilizados de forma igualitária. Nem todos têm acesso à informação e a espaços democráticos de participação. Criar espaço de participação como fóruns, comitês e conselhos podem ajudar a minorar tais problemas.

Mobilizadores COEP - Como podemos estimular o voluntariado ambiental? 


R.: Criando espaços de treinamento e de estímulo. Locais onde as pessoas possam ajudar os outros, atuando em ações com as quais elas próprias se identifiquem. É necessário aprender a ser um voluntário e entender o que ele faz. 


Por exemplo, imagine-se como um voluntário, pode ser de sua igreja ou local de trabalho. Digamos que você está atuando junto a algum hospital, tendo como público crianças. Além do conforto de sua presença e de seu grupo, você gostaria de organizar uma ação para a coleta de brinquedos ou livros. Para isso, é preciso organização e comprometimento. É preciso enviar e-mail, avisos e organizar listas para a organização dos materiais doados. É necessário selecionar os brinquedos, organizá-los por faixa etária, etc. Pense, sozinho você não conseguiria. Você precisa de mais pessoas. Pessoas que gostem de crianças e que tenham tempo. Pessoas que queiram participar. Assim, a sua ação pode motivá-los. A motivação alimentará a ação.


Mobilizadores COEP - O que é a Agenda 21 e qual a importância de pautarmos por ela as ações ambientais?


R.: É um dos principais produtos oriundos da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio 92. Os 179 países participantes do evento acordaram e assinaram a Agenda 21 Global, um programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado “desenvolvimento sustentável”. Além da Agenda 21 Global, existem as agendas 21 brasileira e local.


A Agenda 21 Brasileira é um instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira. Já a Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de um determinado território que envolve a implantação, naquela localidade, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazos. No Fórum são também definidos os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações. É, portanto, um documento que preconiza a participação de todos na resolução de problemas locais.

Mobilizadores COEP - De que maneira os conceitos de Agenda 21, desenvolvimento local, desenvolvimento territorial e voluntariado ambiental se interrelacionam?


R.: Essas temáticas se encontram e interagem na discussão do território. É no âmbito territorial que pautamos nossas ações e intenções. Os compromissos com um futuro sustentável como preconiza a Agenda 21 são materializados no território. O desenvolvimento local, não aquele pautado no crescimento econômico a todo custo, e sim, aquele cujo planejamento envolve pessoas e lugares, requer ações integradas e coletivas. Nesse viés, o voluntário pode assumir papel de destaque. 


A organização de comitês e conselhos pode ser uma tarefa de todos nós; o fomento ao debate e a criação de estratégias de ação pode e deve ser incentivada. Assim, voluntários podem ajudar a mobilizar e organizar pessoas em ruas ou bairros. Pense em formas de atuação na área onde você reside ou em seu local de trabalho; contagie as pessoas e vá à luta. 

Mobilizadores COEP - Poderia citar exemplos de projetos ou ações bem sucedidas baseados no voluntariado ambiental?


R.: Um bom exemplo a ser citado seria a ONG “Doutores da alegria”, voltada à ajuda a crianças em recuperação por meio do humor e da diversão, contribuindo para tornar o ambiente hospitalar mais acolhedor. Podemos citar ainda o Centro de Valorização da Vida (CVV), um serviço de apoio emocional gratuito que funciona 24 horas por dia, todos os dias, escutando as pessoas em momentos em que elas precisam desabafar, o que ajuda a prevenir o suicídio. A DNA identidade ambiental é uma ONG que desenvolve ações voluntárias desde sua formação, atuando no ensino formal e não formal. A DNA atua junto às comunidades escolares e ao movimento social fornecendo orientações sobre voluntariado, elaboração de projetos, dentre outros temas.


O Nasce - Núcleo de ação em Ambiente, Saúde, Cultura e Educação - também atua nesse viés desde sua criação, apoiando pequenos agricultores na formação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs).


Mobilizadores COEP - Quais as maiores dificuldades enfrentadas por aqueles que desejam implantar um projeto ambiental de forma voluntária? Como essas dificuldades podem ser sanadas?


R.: A principal dificuldade é garantir o envolvimento e compromisso dos voluntários. É preciso saber que estar voluntário não é atuar somente quando estamos “afim”. É compromisso com a instituição, com as pessoas e com a proposta adotada. Voluntariado é um compromisso ético. Por isso, é preciso criar a cultura do voluntariado. Recomendamos a apresentação da proposta e o entendimento por parte de todos da Lei do Voluntariado.

Mobilizadores COEP - Quais as opções de financiamento disponíveis para projetos ambientais?


R.: Nós temos várias fontes de financiamento para projetos ambientais. Fontes públicas (governamentais) e privadas (empresas). Exemplificando, o Ministério do Meio Ambiente é uma fonte governamental e Petrobras Ambiental representa a esfera privada.

Mobilizadores COEP - O Projeto Escola em Ação do COEP estimula escolas públicas e privadas de todo o país a desenvolverem ações com foco na área ambiental. Qual o papel da escola para o fortalecimento do voluntariado e a formação de cidadãos comprometidos com as causas ambientais?


R.: A política educacional da escola deveria conter em seu bojo a proposta de voluntariado para toda comunidade escolar, a citar: responsáveis professores, direção, alunos e funcionários. Lembramos, contudo, que quando falamos de causas ambientais, estamos na verdade, falando do ambiente como um todo, ou seja, das relações sociais, da cultura, da saúde, entre outros assuntos. Envolver a comunidade escolar em uma ação voluntária poderá contribuir para a formação individual de cada aluno e, por tabela, da comunidade da qual ele faz parte.

Mobilizadores COEP - Hoje em dia, com a internet, o voluntariado pode ser difundido em âmbito mundial, convocando cidadãos de todas as partes do planeta para as mais diferentes ações. Como você vê essa integração através da tecnologia?

R.: Muito benéfica. A informática é uma das ferramentas que mais atraem jovens e adultos. Não há como pensar na sociedade desvinculada da net: Orkut, Facebook, You tube, dentre outros sites afins que disseminam experiências e vídeos. Basta observarmos o papel das redes sociais na atualidade, como no caso do Egito.

Acreditamos que esses espaços possam ampliar a rede de atores sociais engajados em uma boa ideia. Entretanto, é preciso responsabilidade e posicionamento crítico na forma de apresentar a proposta.

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Entrevista para o Grupo Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Pobreza
Concedida à: Flávia Machado
Editada por: Eliane Araujo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

COP16 - O Planeta vai continuar com febre, por Leonardo Boff

EcoAgência > Artigos
      
Sábado, 18 de Dezembro de 2010, por Leonardo Boff
  
O Planeta vai continuar com febre
A lógica da economia dominante que visa o crescimento e o aumento do PIB implica na dominação da natureza, na desconsideração da equidade social (dai a crescente concentração de riqueza e a célere apropriação de bens comuns) e da falta de solidariedade para com as futuras gerações.

   
A COP 16 terminou na madrugada do dia 11 dezembro em Cancún com pífias conclusões, tiradas mais ou menos a forceps. São conhecidas e por isso não cabe aqui referi-las. Devido ao clima geral de decepção, foram até mais do que se esperava mas menos do que deveriam ser, dada a gravidade da crescente degradação do sistema-Terra. Predominou o espírito de Copenhague de enfrentar o problema do aquecimento global com medidas estruturadas ao redor da economia. E aqui reside o grande equívoco, pois o sistema econômico que gerou a crise não pode ser o mesmo que nos vai tirar da crise. Usando uma expressão já usada pelo autor: tentando limar os dentes do lobo, crê-se tirar-lhe a ferocidade, na ilusão de que esta reside nos dentes e não na natureza do próprio lobo. A lógica da economia dominante que visa o crescimento e o aumento do PIB implica na dominação da natureza, na desconsideração da equidade social (dai a crescente concentração de riqueza e a célere apropriação de bens comuns) e da falta de solidariedade para com as futuras gerações. E querem-nos fazer crer que esta dinâmica nos vai tirar das muitas crises, sobretudo a do aquecimento global. Mas cumpre enfatizar: chegamos a um ponto em que se exige um completo repensamento e reorientação de nosso modo de estar no mundo. Não basta apenas uma mudança de vontade, mas sobretudo se exige a transformação da imaginação.
A imaginação é a capacidade de projetar outros modos de ser, de agir, de produzir, de consumir, de nos relacionarmo-nos uns com os outros e com a Terra. A Carta da Terra foi ao coração problema e de sua possível solução ao afirmar:"Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer uma mudança nas mentes e nos corações. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global".
Este propósito no se fez presente em nenhuma das 16 COPs. Predomina a convicção de que a crise da Terra é conjuntural e não estrutural e pode ser enfrentada com o arsenal de meios que o sistema dispõe, com acordos entre chefes de Estado e empresários quando toda a comunidade mundial deveria ser envolvida. A referência de base não é a Terra como um todo, mas os estados-nações cada qual com seus interesses particulares, regidos pela lógica do individualismo e não pela da cooperação e da interconexão de todos com todos, exigida pelo caráter global do problema. Não se firmou ainda na consciência coletiva o fato de que o Planeta é pequeno, possui recursos limitados, se encontra superpovoado, contaminado, empobrecido e doente.
Não se fala em dívida ecológica. Não se toma a sério a crise ecológica generalizada que é mais que o aquecimento global. Não são suficientes a adaptação e a mitigação sem conferir centralidade à grave injustiça social mundial, aos massivos fluxos migratórios que alcançaram já a cifra de 60 milhões de pessoas, a destruição de economias frágeis com o crescimento em muitos milhões de pobres e famintos, a violação do direito à seguridade alimentar e à saúde. Falta articular a justiça social com a justiça ecológica.
O que se impõe, na verdade, é um novo olhar sobre a Terra. Ela não pode continuar a ser um baú sem fundo de recursos a serem explorados para benefício exclusivamente humano, sem considerar os outros seres vivos que também precisam da biosfera. A Terra é Mãe e Gaia, tese sustentada sem qualquer sucesso pela delegação boliviana, e por isso sujeita de direitos e merecedora de respeito e de veneração. A crise não reside na geofísica da Terra, mas na nossa relação de agressão para com ela. Nós nos tornamos numa força geofísica altamente destrutiva, inaugurando, como já se fala, o antropoceno, uma nova era geológica marcada pela intensiva intervenção descuidada e irresponsável do ser humano.
Se a humanidade não se acertar ao redor de alguns valores mínimos como a sustentabilidade, o cuidado, a responsabilidade coletiva, a cooperação e a compaixão, poderemos nos acercar de um abismo, aberto lá na frente.

Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor, foi observador na COP-16 em Cancún.

SP aprova regulamentação de pagamento por serviços ambientais


O objetivo da proposta é adaptar o fundo para sua utilização em operações financeiras relacionadas ao pagamento por serviços ambientais.
Por Observatório Eco, com informações da Alesp

 O Plenário da Assembleia Legislativa paulista aprovou, nesta terça-feira (15/02), o Projeto de Lei 271/2010, do Executivo, que altera a Lei 11.160/2002 que dispõe sobre a criação do Fecop (Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição). A mudança introduz na lei dispositivos que regulamentam o pagamento por serviços ambientais.
O objetivo da proposta é, segundo mensagem do então governador José Serra, “adaptar o fundo para sua utilização em operações financeiras relacionadas ao pagamento por serviços ambientais, admitindo o recebimento de receitas relacionadas a esses serviços, bem como a previsão de pagamentos não reembolsáveis aos proprietários rurais conservacionistas que participem de projetos na condição de provedores de serviços ambientais, previstos na Política Estadual de Mudanças Climáticas, instituída pela Lei 13.798/2009″.
Benefícios ao meio ambiente
De acordo com esclarecimento do então secretário estadual do Meio Ambiente, Francisco Graziano, o texto do PL 271/10 define como devem ser efetuadas as operações financeiras “para que seja possível implementar os projetos de Pagamento por Serviços Ambientais previstos na Política Estadual de Mudanças Climáticas (instituída pela Lei 13.798/2009) e no Programa Estadual de Remanescentes Florestais (a ser instituído por decreto)”.
A regulamentação do pagamento, em seu entendimento, é eficiente instrumento econômico de incentivo aos donos de terras, estimulando-os a conservar os ecossistemas e a adotar práticas ambientalmente sustentáveis. A preservação e a recuperação da diversidade biológica e a diminuição dos efeitos nocivos das mudanças climáticas pelo sequestro de carbono atmosférico são outros benefícios previstos como decorrentes desse incentivo aos proprietários agrícolas.
Observatório Eco/EcoAgência

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