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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Masaro Emoto,

minha pequena homenagem ao Sr. da Aguas que nos deixou esta semana!!!
Aqui segue um vídeo e fotos onde eu e meu amigo José Vitor tivemos a felicidade de encontra-lo na Cerimonia do Rio Tiete em 12-set-2013.


Nasmate por tudo!!!

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Masaru Emoto (江本勝, Emoto Masaru?) nasceu em Yokohama, Japão, no dia 22 de Julho de 1943 e é um fotógrafo e autor japonês que executou experiências com a água, submetendo-a ao pensamento humano, mas sem publicações científicas que comprovem suas experiências. Segundo ele, palavras ou pensamentos fazem com que as moléculas de água se comportem de formas diferentes. Essas proposições foram fortemente criticadas como pseudociência. Após submetê-las ao experimento, a determinada temperatura, são tiradas fotografias microscópicas das moléculas da água. Masaru Emoto tem um livro bastante conhecido sobre seus experimentos e ficou famoso ao tê-los divulgados no filme documentário "Quem somos nós". (http://pt.wikipedia.org/wiki/Masaru_Emoto)

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sábado, 29 de março de 2014

Rio e São Paulo não têm nenhum rio com boa qualidade

Fundação SOS Mata Atlântica analisou a qualidade da água de 96 rios, córregos e lagos que passam pelo bioma Mata Atlântica, em sete diferentes estados do Brasil. Apenas 11% apresentam boa qualidade e nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro nenhum passou no teste. Principal fonte de poluição é o despejo de esgoto doméstico

por Débora Spitzcovsky - Planeta Sustentável - 20/03/2014 - Planeta Sustentável


Na Semana Mundial da Água, a necessidade de cuidar melhor dos cursos d’água do Brasil urge. Levantamento divulgado nesta quarta-feira (19) pela Fundação SOS Mata Atlântica revelou que a maioria dos rios, córregos e lagos brasileiros apresenta baixa qualidade. 

O estudo analisou a água de 96 cursos que correm por sete estados do sul e sudeste do Brasil, no bioma Mata Atlântica. O resultado? 40% deles têm qualidade ruim ou péssima, 49% estão em situação regular e, apenas, 11% podem ser considerados de boa qualidade. Não por coincidência, todos os rios e mananciais que foram aprovados no teste estão localizados em áreas protegidas e que contam com matas ciliares preservadas. 

"Notamos na prática a importância de recuperar a floresta. Em seis pontos que monitoramos, por exemplo, nos Córregos São José e da Concórdia e no Rio Ingazinho, na Bacia do Rio Piraí, em SP, a qualidade da água passou de regular a boa após trabalho de reflorestamento", conta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica, e coordenadora do estudo. Ela conclui: "Isso comprova que para garantir água em qualidade e quantidade é preciso recompor matas ciliares e manter as florestas". 

Mas não é só de mais verde que o Brasil precisa. Melhor coleta e tratamento de esgoto, bons planos diretores e um trabalho de conscientização dos cidadãos também são fundamentais. Isso porque o estudo da SOS Mata Atlântica apontou que as principais fontes de poluição e contaminação nos cursos d’água analisados são a falta de saneamento básico, o lançamento de produtos químicos nas redes públicas de tratamento e a poluição proveniente do lixo, respectivamente. 

SÃO PAULO E RIO PASSARAM VERGONHA 
Em análise inédita feita em rios das 32 subprefeituras da capital paulista e de 15 pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro, a SOS Mata Atlântica concluiu que nenhum curso d’água desses dois municípios tem água de boa qualidade. 

Em São Paulo, o levantamento feito em fevereiro deste ano revelou que 23,53% dos rios têm qualidade péssima, 58,82% apresentam qualidade ruim e 17,65% possuem qualidade regular. Entre eles, estão o Lago do Ibirapuera e a Represa Billings. Em ambos os casos, a água foi considerada "ruim". 

Já no Rio de Janeiro, análise feita no mesmo período concluiu: 40% dos cursos d’água estão em situação regular e 60% em situação ruim - como é o caso dos rios do canal do Jockey, no Jardim Botânico, e do canal do Mangue, na Vila Isabel. 

VAMOS ÀS BOAS NOTÍCIAS 
O estudo da SOS Mata Atlântica ainda comparou a situação de 88 cursos d’água, localizados nas cidades de São Paulo e Minas Gerais, em 2010 e 2014. De acordo com o relatório, o número de rios de péssima qualidade caiu de 15 para 17, assim como os de qualidade regular - eram 50 em 2010 e são 37 em 2014. 

E mais: a quantidade de rios classificados como bons subiu de 5 para 15, assim como a de rios ruins, que foram de 18 para 29. "Mas isso não significa que aumentou o ruim. Tivemos a diminuição da quantidade de classificações péssima", explica Gustavo Veronesi, um dos organizadores do levantamento. 

Confira o relatório Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, na íntegra.


quinta-feira, 27 de março de 2014

SP, RJ e MG terão a maior guerra por água na América do Sul, alerta S.O.S. Mata Atlântica

Crise da água pode fomentar conflito ainda maior na região Sudeste do Brasil. É isso o que afirma a ambientalista Malu Ribeiro, coordenadora da ONG. Leia, abaixo, a entrevista

por Thiago de Araújo - Brasil Post - 24/03/2014

Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais vão disputar de maneira cada vez mais feroz o "ouro do século 21": a água. É o que afirma a ambientalista Malu Ribeiro, coordenadora da ONG S.O.S. Mata Atlântica. Com base em dados levantados pela Organização das Nações Unidas (ONU), ela mostra que a atual crise de água no sistema Cantareira, em São Paulo, é apenas a ponta do iceberg do que pode vir por aí se não houver uma mudança na política de gestão dos recursos hídricos.

"Esse conceito pelo uso da água entre essas metrópoles e os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro é apontado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como de maior potencial de conflito por uso da água na América do Sul. Não é exagero. A gente só não chega ao extremo de uma guerra pela água porque temos esse sistema de gestão, para gerenciamento de conflitos", afirmou Malu, em entrevista ao Brasil Post.
A recente proposta do governador de SP, Geraldo Alckmin, de captar água também na Bacia do Rio Paraíba do Sul, que nasce em solo paulista mas também percorre Minas Gerais e Rio de Janeiro, acirrou o debate na última semana. A seguir, a entrevista completa com a coordenadora da ONG S.O.S. Mata Atlântica.

Como você está vendo esse plano de São Paulo captar água no Rio Paraíba do Sul?
Olha, o governador (Geraldo Alckmin) está dando essas declarações que eu também vi pela imprensa, e ele está se baseando em um estudo que há oito anos o Estado de São Paulo vem desenvolvendo que é aquele da macrometrópole, com aproveitamento da água da macrometrópole paulista, pegando as regiões de São Paulo, Campinas, Sorocaba e Baixada Santista. Esses estudos que vêm sendo desenvolvidos para a gestão da água até 2018 contemplam essas alternativas, de captação da Bacia do Paraíba do Sul, ou essa que já começou em São Lourenço, a construção de novos reservatórios, mais dois em Piracicaba, entre outros. Então não é novidade isso aí.


Quer dizer, com base nisso que ele está falando com tanta segurança e buscando essa alternativa que, do ponto de vista locacional, é próxima e em tese seria mais barata que outras. Mas, esse estudo ele vinha sendo feito há oito anos sem essa crise, então o que se fizer agora será uma medida emergencial. Portanto, você tem vários municípios, várias regiões, imaginando que o Cantareira chegue ao colapso total, que não chova o suficiente no inverno, vai gerar um estado de calamidade pública, não tem água. Esse estado de calamidade ou de emergência que a gente já se encontra, ele dispensa algumas questões como licenciamento ambiental, ou audiências públicas, justamente por ser emergencial. Apesar disso, o governador já afirmou, a gente já fez essas ponderações, que quem decida isso seja o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). O conselho nacional tem essa competência legal de, quando o interesse do uso da água extrapola mais de uma bacia, que é o caso aí que vai interferir em várias bacias, ele deve acompanhar, promover discussões e estabelecer critérios. Temos que levar (o assunto) primeiro a esse colegiado, que tem a competência legal para isso, e depois promover a avaliação ambiental estratégica, apesar da escala de emergência.

Agora não é novidade, esses estudos não caíram do céu no lugar da chuva, eles já vê sendo apontados há bastante tempo. Por que eles não foram implementados antes? Já se sabia, estão sendo produzidos há oito anos.

sábado, 22 de março de 2014

Apetite global por energia aumenta pressão sobre água

A produção de energia é responsável por 15% de retirada de água do planeta, número que deve aumentar até 2035 com incremento da demanda energética

Vanessa Barbosa , Planeta Sustentável - 24/03/2014


Os recursos hídricos estão sob pressão para atender a crescente demanda global por energia. O alerta vem de um novo relatório da ONU, lançado na última sexta-feira (21), em Tóquio, por ocasião do Dia Mundial da Água. O documento analisa criticamente a falta de coordenação e planejamento entre os dois domínios, e insta a melhorias para evitar a escassez de energia, o desabastecimento de água e a deterioração dos recursos naturais.

No total, a produção de energia é responsável por 15% de retirada de água do planeta. Mas esse número está aumentando e, em 2035, o crescimento populacional, a urbanização e o aumento do consumo prometem empurrar o consumo de água para geração de energia até 20%.

A demanda por energia elétrica deve aumentar em 70% até 2035, com mais de metade deste crescimento vindo da China e da Índia.

Recursos hídricos em declínio já estão afetando muitas partes do mundo e 20% de todos os aquíferos já são considerados sobreexplorados.

Em 2050, 2,3 bilhões de pessoas estarão vivendo em regiões sujeitas a estresse hídrico severo, especialmente na África do Norte, Central e Sul da Ásia.

De acordo com o estudo, o desafio de atender a demanda por energia pode muito bem vir às custas dos recursos hídricos. Como a preocupação com o meio ambiente e os impactos sociais das térmicas e das usinas nucleares aumenta, os países estão tentando diversificar suas fontes de energia, visando reduzir a dependência externa e mitigar os efeitos da flutuação dos preços. Mas todos as opções têm seus limites, diz a ONU.
O cultivo de biocombustíveis, que requer uma grande quantidade de água, aumentou em grande escala desde 2000. Extração de gás de xisto também se espalhou nos últimos anos, particularmente nos Estados Unidos. Mas esta energia fóssil só pode ser extraída através de fraturamento hidráulico, que requer grandes quantidades de água e apresenta o risco de contaminar os lençóis freáticos.

Fontes de energia renováveis parecem menos prejudicial para o abastecimento de água, sugere o relatório. A hidroeletricidade atualmente atende 16% da demanda de energia em todo o mundo e seu potencial ainda é pouco explorado. No entanto, a construção de barragens pode ter um impacto negativo sobre a biodiversidade e as comunidades humanas.

Outras energias alternativas estão ganhando terreno. Entre 2000 e 2010, a energia eólica e a energia solar cresceram 27% e 42%, respectivamente, em todo o mundo. Mas, embora essas tecnologias exijam muito pouca água, eles fornecem energia de forma intermitente e precisa ser combinado com outras fontes que não necessitam de água.

Assim, pondera o relatório, apesar dos progressos na área das energias renováveis, o combustível fóssil deve manter a sua liderança nos próximos anos. Pelas previsões da Agência Internacional de Energia, os combustíveis fósseis devem manter sua liderança na matriz mundial até 2035, seguido das energias renováveis.

COMO ENFRENTAR O DESAFIO DA ENERGIA
O relatório destaca a necessidade de coordenar as políticas de água e de gestão de energia para enfrentar os desafios futuros. Isto inclui a revisão de práticas de preços para garantir que a água e a energia são vendidas a preços que reflitam seu custo real e impacto ambiental com mais precisão.

Sistemas que permitem a produção combinada de água e energia elétrica, provavelmente serão a chave para o futuro, diz o estudo.

É o caso das usinas de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, e Shoaiba, na Arábia Saudita, que servem tanto para a dessalinização da água do mar como para a produção de energia.

Outa solução que vem ganhando força é reciclagem de água para geração de energia. A matéria orgânica serve para a produção de biogás rico em metano.

No Chile, a central de Farafana trata 50% do esgoto de Santiago e produz perto de 24 milhões de metros cúbicos de biogás. Cem mil moradores usam essa energia, em vez de gás natural.

Em Estocolmo, na Suécia, carros e táxis usam biogás produzido a partir de águas residuais. O interesse por esta tecnologia também está crescendo em países em desenvolvimento.

ÁGUA E ENERGIA: UMA RELAÇÃO DELICADA
O relatório mostra que os lugares onde as pessoas não têm acesso adequado à água coincidem, em grande parte, com aqueles onde as pessoas não têm energia elétrica, evidenciando o quão interligados são esses dois setores.

Em pleno século 21, 768 milhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a uma fonte de água tratada, 2,5 bilhões de pessoas não têm saneamento adequado, enquanto 1,3 bilhão de pessoas não possuem acesso a energia elétrica.

A coleta, o transporte e o tratamento de água necessitam de energia, enquanto a água é utilizada na produção de energia e para a extração de combustíveis fósseis. Usinas de geração elétrica, que produzem 80% da eletricidade no mundo, utilizam grandes quantidades de água para o processo de resfriamento.

Segundo a ONU, essas relações evidenciam que as escolhas estratégicas feitas em um domínio têm repercussões sobre o outro.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Um mundo mais sustentável precisa de todos

por Tarja Halonen*

Nações Unidas, fevereiro/2014 – Este mês tive o privilégio de assistir a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável de Nova Délhi, um encontro anual que trata de um tema muito próximo ao meu coração. A Cúpula reuniu pessoas extraordinárias: ganhadores do prêmio Nobel, líderes de pensamento, chefes de Estado, inovadores das corporações e da academia, com a finalidade de abordar os desafios primordiais do século 21, que se concentram em três dimensões urgentes da sustentabilidade: alimentação, água e energia.

Neste momento, cerca de 85% dos seres humanos com os quais compartilhamos esse planeta vivem sem água potável adequada. Quase a mesma quantidade não tem segurança alimentar. E quase uma em cada cinco pessoas tenta viver sem energia e sem os benefícios da eletricidade.

Cobrir as necessidades atuais sem comprometer as expectativas das gerações futuras é um assunto muito complicado. Foi estimulante ver tantos cientistas, economistas e especialistas em desenvolvimento, brilhantes e comprometidos, trabalhando duro na elaboração de ideias que possam nos ajudar a produzir, distribuir e utilizar recursos preciosos de forma mais eficiente e equitativa.

Seu trabalho é essencial, porque colocará todos nós para trabalhar com nossas capacidades únicas para solucionar os desafios realmente difíceis que temos pela frente.

Mas, do meu ponto de vista, também é fundamental potencializar as próprias pessoas que devem lidar cada dia com esses problemas: as meninas que sonham com um futuro melhor enquanto transportam água por grandes distâncias, as mulheres que trabalham com fogões ineficientes e poluentes, e os pequenos agricultores que produzem 70% dos alimentos de forma muito mais sustentável do que o agronegócio.

Devemos nos dedicar a soluções que sustentem essas pessoas como prioridade de nossas decisões, porque são suas opções individuais que definitivamente terão um papel essencial na maneira como se desenvolverá nosso futuro.

Quando se respeita completamente os direitos individuais, e quando as pessoas se encontram no centro do desenvolvimento, as soluções têm uma sustentabilidade inerente. Algo que aprendi com meu próprio país e com nossos irmãos nórdicos é que as sociedades saudáveis e produtivas geram um círculo de autossustento com melhor bem-estar e maior produtividade.

A desigualdade e a exclusão das mulheres, dos jovens e dos pobres, ao contrário, prejudicam a saúde, o bem-estar e o crescimento econômico. Embora precisemos das contribuições de todos para solucionar os problemas globais que enfrentamos, os talentos e o potencial das mulheres ainda não são plenamente aproveitados em muitos países.

Não que as mulheres não estejam trabalhando duro. Na verdade, trabalham mais como produtoras, elaboradoras, vendedoras e consumidoras de alimentos, como mães e cuidadoras, transportando água e cuidando da higiene da família. E isso geralmente sem o benefício de técnicas eficientes nem serviços de energia, ou formas modernas de contracepção.

Isso significa que as mulheres estão, em geral, sobrecarregadas pela reprodução, bem como pela produção. A triste realidade é que elas trabalham mais horas do que os homens e produzem metade dos alimentos do planeta, mas recebem apenas uma fração da renda mundial e possuem uma pequena parte das propriedades.

As mulheres tratam de assegurar alimentos para muitos. Portanto, necessitam de capacitação adequada, equipamento e direito à posse da terra. Devem poder participar da economia, e definitivamente precisam de serviços de saúde sexual e reprodutiva, pois os problemas sanitários as afetam desproporcionalmente, desde as complicações na gravidez e no parto, até a epidemia de HIV, vírus causador da aids.

A violência de gênero também cobra um preço alto. O que aconteceria se fosse liberado todo o potencial e o poder das mulheres? Imaginem o que poderiam conseguir.

Precisamos investir em empoderamento das mulheres para que consigam o tipo de transformação que possa sustentar o crescimento econômico, preservar o ambiente, fomentar a resiliência e não deixar ninguém para trás.

E precisamos investir nos direitos sexuais e reprodutivos para todos, incluindo as próximas gerações, se desejamos conseguir um verdadeiro desenvolvimento sustentável.

As mulheres estão interessadas e sensibilizadas pelas necessidades da sustentabilidade.

Quando elas têm controle e liberdade sobre suas próprias vidas sexuais e reprodutivas, tendem a escolher famílias mais sadias e menores, que possam ser mais resilientes diante das crises, dos deslocamentos ou dos desafios ambientais. Também podem aliviar a pressão que exercem as populações locais sobre recursos naturais limitados e ecossistemas frágeis.

Por isso é importante que o próximo marco para o desenvolvimento internacional – a agenda que em 2015 substituirá os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas – aborde diretamente a igualdade de gênero e os direitos sexuais e reprodutivos para todos. Estes temas vão direto ao coração da sustentabilidade. Continuo comprometida em assegurar que não sejam deixados de lado. Envolverde/IPS

* Tarja Halonen é ex-presidente da Finlândia (2000-2012) e copresidente do Grupo de Trabalho de Alto Nível da CIPD (Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento). Também ocupou cargos em fóruns internacionais como copresidente da Cúpula do Milênio e do Painel de Alto Nível do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Sustentabilidade Mundial.

(IPS)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

No setor de energia brasileiro não foi a água que sumiu foi o planejamento

por Sérgio Abranches, da Ecopolitica

Ainda não é a mudança climática a culpada pelos apagões. Ela virá, em algum momento no futuro, reduzir a capacidade de nossos reservatórios permanentemente e precisamos nos preparar para sermos menos dependentes das chuvas para termos eletricidade. O apagão, ao que tudo indica, foi causado por um problema físico em uma das linhas e, porque o sistema está sobrecarregado, ele se auto-desligou. É um mecanismo de autoproteção do próprio sistema.

Agora, os reservatórios têm muitos problemas. Falta manutenção, muitos estão assoreados, vários são poluídos pelas águas dos rios de sua bacia, todos muito maltratados. Eles são usados em excesso todos os anos, o ano inteiro, por falta de alternativa. Devíamos manter estoques estratégicos de água nos reservatórios e usar mais eólica e solar. Mas, não, superutilizamos os reservatórios e fazemos menos eólica do que poderíamos fazer, nada fazemos em energia solar. Os reservatórios esvaziam não porque a chuva não os está enchendo, mas porque tiramos mais água deles do que entra.

O governo federal engavetou o programa de eficiência e economia de energia. Não criou condições para tornar realidade a geração distribuída, que permitiria a instalação de placas solares nas residências e prédios, que entregariam para o sistema a eletricidade excedente, aquela que não tivessem usado nos momentos de pico de geração. Faltam incentivos, os preços são altos, as distribuidoras não se interessam em promover a interligação das instalações residenciais e prediais ao sistema. Esta semana, em Nova York, conversei com um brasileiro que mora lá há mais de 20 anos. Ele tem um serviço de táxi especial. Recebeu uma proposta da companhia de eletricidade, para instalar placas solares de graça na casa dele, que fica em um subúrbio de Nova York. Ele pagará uma taxa anual básica, que fará com que sua conta de eletricidade seja reduzida em mais de 50%. Na Califórnia, o governo subsidiou a instalação de placas solares em residências e prédios comerciais. Hoje, várias cidades já estão com 100% das edificações dotadas de sistemas solares. O estado enfrenta a maior seca dos últimos 500 anos e não tem problema de energia.

Falta planejamento no setor elétrico. Este é um setor que sempre teve, historicamente grande capacidade de planejamento, já exportou bons planejadores para outras partes do governo no passado. Mas, hoje, não temos planejamento. O sistema tem cometido erros primários. Está comandado por razões políticas, por um ministro que não tem a menor qualificação para estar à frente de uma área tão sensível. O setor perdeu, sobretudo, capacidade de pensar o futuro contemporaneamente, para investir em um sistema mais inteligente, que lide melhor com a diversificação de fontes de energia e com programas efetivos de economia de energia e geração distribuída. Os erros de política se repetem. Não há gestão eficiente de reservatórios. O exemplo mais sério de erros primários de planejamento foi a construção de usinas eólicas, que estão operacionais, mas não entregam eletricidade ao sistema porque as linhas de distribuição não foram construídas. O que temos é um sistema que opera da mão para a boca, de crise em crise.

O resultado é que estamos vulneráveis a apagões. Pagamos um absurdo de subsídios para manter baixos os preços da energia, estimulando o consumo excessivo e o desperdício. Pagamos por eólicas que não podem entregar energia por faltas de linha. E pagamos o dobro pela energia de termelétricas que, além de poluir e aumentar o custo da energia para o tesouro, sujam nossa matriz elétrica e emitem gases estufa. Tudo errado. E a única solução que o pensamento torto que domina o sistema tem para oferecer é ampliar a usina de Belo Monte. Belo Monte é a falsa solução. Não funcionará adequadamente, entregará sempre muito menos Mw/hora reais do que pagamos para sua construção, baseada em ilusório potencial instalado. Amplia-la é dobrar o erro e aprofundar as contradições presentes no sistema elétrico, que podem leva-lo à ruptura geral. Tudo isso custa uma fortuna ao contribuinte. O que o governo tira no preço da eletricidade (da gasolina e do diesel também) devolve em maior proporção no gasto do Tesouro, nos impostos e na dívida que financiam esse gasto.

O sobreuso da eletricidade estressa um sistema que já opera no limite. Dependente de hidrelétricas, sem alternativas boas, ele está usando as termelétricas muito além do limite para o qual elas foram pensadas, dobrando o custo da eletricidade e aumentando os danos ambientais associados à energia suja. O governo – e muita gente do setor, por interesse particular – vive se gabando de que temos a “matriz mais limpa do mundo”. Mas todos se esquecem de dizer que nessa “matriz mais limpa do mundo”, o carvão, a fonte mais suja, tem aumentado significativamente sua participação, por decisão do governo. Aumentou 30% no último período. E o governo quer aumentar mais o uso do carvão. Estamos pensando o sistema olhando para o retrovisor. Os governos da Terceira República jamais suspeitaram do que as próximas décadas significarão para o campo da energia. Esse menos ainda.
Mas o governo dirá que não há problemas. No Brasil, em período eleitoral, a primeira vítima é sempre a verdade.

* Publicado originalmente no site Ecopolitica.
fonte: http://envolverde.com.br/ambiente/setor-de-energia-brasileiro-nao-foi-agua-que-sumiu-foi-o-planejamento/

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

As projeções sobre o futuro da água

por Fred Seifert,

As projeções sobre o futuro da água e suas implicações para a indústria.


Há uma crescente preocupação com a disponibilidade da água nas próximas décadas. A apreensão tem sentido, já que grande parcela da população mundial ainda vive sem acesso à água potável e ao saneamento básico, situação que tende a piorar com o aumento populacional esperado. Entre as soluções propostas está a da precificação dos recursos hídricos, o que poderia implicar em custos significativos para diversos setores da indústria. Mas será esta solução puramente econômica é a definitiva?

Água: um recurso cada vez mais escasso

As Nações Unidas definiram 2013 como o ano mundial da cooperação pela água. A preocupação com o tema não é de forma alguma infundada. De acordo com dados da própria ONU, pelo menos 780 milhões de pessoas vivem sem acesso à água potável, enquanto 2,5 bilhões não possuem saneamento básico adequado.

As projeções para o ano de 2050 também são alarmantes. Enquanto a população mundial vai saltar dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que o aumento na utilização de água será da magnitude de 55%. Dessas pessoas, em torno de 40% viverão em regiões de severo estresse hídrico. Embora espera-se que um dos Objetivos do Milênio seja alcançado, reduzindo o número de pessoas sem acesso à água mais do que pela metade – de 780 milhões para 240 milhões, outro muito provavelmente não será. Em 2050, ainda serão 1,4 bilhão de pessoas sem saneamento básico.

Segundo informações da OCDE, as principais atividades responsáveis pela utilização dos recursos hídricos são a agricultura e a produção de alimentos (70%), seguidas pela indústria (20%), o que inclui a geração de energia. Os 10% restantes são gastos através do uso doméstico. O aumento populacional gerará uma pressão considerável na produção de alimentos e espera-se um crescimento de demanda na casa de 90% até 2050. A produção industrial não deve ficar muito atrás e só a geração de energia através da hidroeletricidade e outras fontes renováveis deve subir em torno de 60%.

A água doce é um dos ativos ambientais de valor inestimável para a vida humana e já a utilizamos em um nível superior ao que a natureza consegue repor. Apesar de nosso planeta ser, em grande parte, coberto por água, 97% desta está na forma de água salgada nos oceanos e apenas 2,5% é potável. Deste menor percentual, cerca de dois terços existem na forma de geleiras, o que nos deixa com menos de 1% de toda a água existente no globo disponível para consumo. Para piorar a situação, a maior parte dessa água potável se apresenta disponível em momentos inoportunos: monções e alagamentos. Além disso, 20% está localizada em locais muito remotos, longe do nosso alcance.

O resultado final é que apenas 0,2% dos recursos hídricos mundiais está efetivamente em uso, distribuído de modo bastante desigual, e um valor ainda menor, 0,13%, é renovável – precipitação em direção ao solo e posterior evaporação. A utilização a níveis atuais é insustentável e as previsões futuras, com aumento no consumo, tornam o cenário ainda mais preocupante. Para garantir a disponibilidade da água serão necessários mecanismos de controle e o desenvolvimento de tecnologias para aumento de eficiência.

A precificação da água no Brasil

Entre os mecanismos desenvolvidos para promover o uso eficiente dos recursos hídricos, talvez seja o da precificação aquele que ganhou maior popularidade. Muitos especialistas assumem que a determinação de um preço justo para a água é etapa necessária para garantir o consumo racional desse ativo ambiental. A ideia reside na teoria de que, havendo um preço, o usuário tem maior noção do valor do recurso e agirá de maneira mais prudente, aumentando sua eficiência e produtividade.

No Brasil, a água, de maneira geral, é tratada como bem público. De qualquer maneira, indústrias, agricultores, empresas de saneamento e qualquer pessoa que utilize a água proveniente de rios, lençóis freáticos e lagos precisa de uma outorga da Agência Nacional de Águas (ANA) para garantir o direito de uso. É através da gerência de outorga que, segundo a ANA, a agência realiza o controle qualitativo e quantitativo do uso da água.

Entretanto, já existem casos de cobranças pela utilização de recursos hídricos no país. De acordo com a Agência Nacional de Águas, o recolhimento está em vigor em alguns rios sob domínio da União e em rios, lagos e baías de responsabilidade estadual em Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal. O método utilizado é o volumétrico: o usuário paga de acordo com a quantidade utilizada, existindo um valor determinado em R$/m³.

Considerando uma universalização dessa cobrança em território nacional, o que parece ser uma tendência para os próximos anos, é possível a realização de alguns cálculos exploratórios para se determinar a magnitude do impacto dessa precificação no custo operacional e no valor de mercado de empresas de determinados setores:


Para a elaboração das contas, foram consideradas como variáveis: o volume médio de água utilizado pelas empresas nos últimos anos; o preço da água, baseado nos valores já cobrados no país e de acordo com a região de atuação da companhia; as porcentagens de água captada e reutilizada; e o horizonte temporal para a cobrança efetiva pelo uso de recursos hídricos, variando conforme o nível de estresse hídrico do local onde as plantas industriais se encontram. Não foi levado em conta a possibilidade de contaminação de nascentes e seu impacto reputacional. O resultado final foi dividido pelo valor de mercado das empresas (número de ações x valor das ações).

Conforme pode-se observar pelo gráfico, o impacto da precificação da água no market cap das empresas dos setores de alimentos, bebidas, energia, mineração, papel e celulose e siderurgia do IBOVESPA, que são intensivos no uso do recurso, varia entre 0,1% e 5,3%.

As diferenças intrassetoriais se explicam, basicamente, por uma melhor gestão hídrica e investimento em tecnologias para a redução do consumo e reaproveitamento da água. O caso mais expressivo é na indústria de alimentos processados, onde a empresa menos impactada, nas condições atuais, poderia ter seu valor reduzido em 0,6% após a imposição de um valor para água, enquanto que a que sofreu abalo teve seu market cap reduzido em 5,3%.

O caso do setor de bebidas é atípico. Embora seja uma indústria que utilize consideravelmente os recursos hídricos, a empresa listada no IBOVESPA é bastante eficiente tanto no uso quanto no reuso desse ativo. E, principalmente, o seu valor de mercado é tão alto que minora a extensão do impacto da precificação.

De qualquer modo, o preço da água pode ter um custo significativo para as corporações desses e de outros setores, aumentando custos operacionais, reduzindo margens e, consequentemente, afetando o seu valor de mercado. A eficiência na utilização dos recursos hídricos e investimentos em pesquisa e desenvolvimento podem ser fatores de diferenciação consideráveis em um futuro próximo.

Precificação e mercado de água: solução inteligente ou saída mais fácil?

Como dito anteriormente, a determinação de um preço para a água se baseia no racional de que, ao se determinar um valor para esse recurso, ele seria utilizado com maior precaução, aumentando a eficiência no consumo, melhorando sua alocação e reduzindo seu uso. Contudo, ao se colocar o preço como único determinante da viabilidade de exploração de um ativo natural, todas as questões socioambientais são subjugadas pelas considerações econômicas. Dessa maneira, os valores estéticos, éticos e até mesmo, em alguns casos, espirituais dos rios, lagos e outras fontes são deixados de lado.

Em questões práticas de mercado, a criação do sistema de preços para a água e um subsequente mercado pode ter outros efeitos perniciosos. Nesse cenário, regiões abundantes em recursos hídricos e, por esse motivo, historicamente desenvolvidas, possuirão maior acesso à água a um preço mais baixo do que regiões de estresse hídrico, exatamente as que precisariam de água em valor mais baixo para se desenvolver. Ao mesmo tempo, empresas que acumularam maior capital financeiro e tecnológico, talvez até mesmo através da exploração abusiva de recursos naturais, possuirão enorme vantagem competitiva sobre companhias em desenvolvimento, seja na venda dos “créditos” para uso adicional de certos ativos quanto na obtenção desses ativos.

É muito improvável que lançando mão apenas de artifícios da mesma natureza daqueles que levaram à contínua depredação dos recursos naturais é que o problema do uso excessivo desses recursos seja resolvido. Faz-se necessária uma profunda revisão da questão do hiperconsumo e da ideia de desenvolvimento ilimitado, não condizente com um planeta de recursos finitos, o que envolve uma mudança de cultura e educação importantes. Além disso, é vital a criação de instrumentos que tragam considerações éticas, morais e estéticas para a determinação dos uso dos recursos naturais, incluindo a imposição de limites, definidos após extensa análise dos impactos em comunidades locais, fauna e flora.
A solução deve ir além dos simples incentivos econômicos que têm se provado, em sua maioria, insuficientes.

* Fred Seifert é economista pela UFRJ, consultor da SITAWI – Finanças do Bem desde agosto de 2011 e vencedor do Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis 2012 (fseifert@sitawi.net | www.sitawi.net).

** Publicado originalmente no site Ideia Sustentável.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

“As águas subterrâneas são um recurso pouco entendido e ainda pouco apreciado”

“Nos aquíferos é que se encontra reservada a maior parte da água do mundo — 97% das águas doces e líquidas do planeta. Quando vemos problemas de estiagem, que serão agravados pelas mudanças climáticas, podemos supor que é no recurso subterrâneo que está a possibilidade de superação”, destaca o hidrogeólogo Ricardo Hirata.

“O usuário não tem ideia dos custos de extração das águas e, sobretudo, de que problemas advindos da falta de controle afetam a sua extração. Ele está pagando mais pela água sem saber que muitas vezes é a irregularidade dos poços do seu vizinho que está provocando esse incremento de gastos. Isso ocorre também com grandes usuários, incluindo as companhias municipais de água. É um conflito não percebido pela população, que não tem ideia de causa e efeito nesse ambiente. Mesmo os técnicos do estado têm muitas vezes uma percepção bastante restrita desses problemas, ainda mais em áreas urbanas. As empresas, os condomínios e mesmo as concessionárias poderiam economizar muito se medidas simples, mas bem equacionadas, fossem implementadas em suas captações”, aponta o hidrogeólogo Ricardo Hirata.

O pesquisador lidera o Centro de Pesquisas de Água Subterrânea – CEPAS, instituição vinculada à Universidade de São Paulo – USP e que há mais de dez anos investiga os índices de nitrato em águas subterrâneas no estado de São Paulo. “O nitrato é o contaminante mais comum encontrado nas águas subterrâneas no Brasil e no resto do mundo”, enfatiza Hirata. As principais fontes de contaminação são o esgoto urbano, proveniente de fossas sépticas ou negras ou mesmo do vazamento das redes de saneamento que sofrem com a falta de manutenção, e o uso excessivo de fertilizantes nitrogenados no meio rural. As pesquisas do CEPAS vêm demonstrando aumento na concentração de nitrato nas águas subterrâneas, mesmo naquelas áreas em que há redes antigas de saneamento — o que é indicativo da existência de vazamentos nos canos de esgoto.

“As águas subterrâneas são um recurso pouco entendido e ainda pouco apreciado pela população, embora elas sejam utilizadas por mais de 35-40% da população brasileira. No estado de São Paulo, mais de 70% de seus municípios são total ou parcialmente abastecidos pela rede pública com águas de aquíferos. Isso é mais notável em cidades de médio e pequeno porte, onde os recursos subterrâneos são comparativamente mais vantajosos que os recursos superficiais. Cidades como Ribeirão Preto – SP, Porto Alegre – RS, Manaus – AM, Natal – RN, Brasília – DF, São José dos Campos – SP, Jales – SP, Marília – SP dependem fortemente das águas subterrâneas”, ressalta o pesquisador.

     Foto: bloggeografiaf

Ricardo Cesar Aoki Hirata é diretor do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas – CEPAS da Universidade de São Paulo – USP e professor do Instituto de Geociências da mesma instituição. Possui graduação em Geologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP, mestrado e doutorado em Geociências com área de concentração em Recursos Minerais e Hidrogeologia pela USP e pós-doutorado pela Universidade de Waterloo, no Canadá. É consultor da UNESCO e da International Atomic Energy Agency – IAEA, tendo atuado também como consultor da Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS/OMS.

Confira a entrevista:

IHU On-Line – Que relação há exatamente entre os índices de nitrato e a contaminação de aquíferos por infiltração de esgoto urbano?

Ricardo Hirata - O nitrato é o contaminante mais comum encontrado nas águas subterrâneas no Brasil e no resto do mundo. As suas características de alta mobilidade e grande persistência nas águas subterrâneas fazem com que plumas de nitrato sejam encontradas em quase todos os aquíferos urbanos no Brasil. Nesse caso, a principal fonte é o esgoto proveniente de fossas sépticas ou negras ou mesmo do vazamento da rede de esgoto, que carecem de manutenção.

IHU On-Line – Este cenário é também verificado no meio rural? Qual a incidência de contaminação das águas por fertilizantes e agrotóxicos?

Ricardo Hirata - O nitrato também é bastante comum no meio rural, pois em áreas agrícolas o excesso de fertilizantes nitrogenados, que é bastante comum, acaba chegando até o aquífero, contaminando-o. Neste caso, não temos muitos estudos no Brasil e, portanto, temos ainda pouca ideia de sua extensão. Mas, a partir da experiência em outros países, é de se acreditar que haja problemas no Brasil, atingindo-se grandes áreas, sobretudo pela sua grande vocação agrícola, de alta técnica.

IHU On-Line – Quais são os principais riscos da ingestão de nitrato para a saúde humana?

Ricardo Hirata – O nitrato é um contaminante de média toxicidade. Assim, em concentrações acima de 10mg/L (como nitrogênio-nitrato; e 45mg/L, como nitrato), pode provocar a meta-hemoglobinemia, que afeta bebês. Há igualmente suspeitas de que, em concentrações bastante menores, ele também seja carcinogênico [que pode provocar câncer].

IHU On-Line – Que outros contaminantes nocivos à saúde humana são encontrados nas águas subterrâneas? Que riscos provocam?

Ricardo Hirata - Há uma infinidade de compostos que podem, em concentrações excessivas, provocar problemas à saúde humana. Um grupo de contaminantes bastante preocupantes são os solventes sintéticos clorados. Esses apresentam grande toxicidade e são bastante persistentes e móveis em aquíferos. O interessante é que, devido a sua grande volatilidade, esses contaminantes não têm a mesma importância para as águas superficiais. Isso faz com que os órgãos de controle ambiental do Brasil não deem atenção a eles em programas de monitoramento regular nas águas subterrâneas. Metais pesados formam outro grupo bem importante e nocivo às águas subterrâneas, embora eles não apresentem a mesma mobilidade que o nitrato ou os solventes clorados nos aquíferos.

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Ricardo Hirata. Foto: arquivo pessoal
IHU On-Line – Nesta perspectiva, quais foram os principais resultados encontrados pelas pesquisas realizadas pelo CEPAS?
Ricardo Hirata - Os resultados que o CEPAS tem acumulado ao longo desses 10 anos no estudo do nitrato fez concluir que esse contaminante tem sido detectado cada vez mais no estado de São Paulo, permitindo afirmar que todas as cidades paulistas apresentam, em variados graus, problemas com esse contaminante. A rede oficial de monitoramento do estado, operada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, tem inclusive mostrado aumentos nas concentrações desse contaminante em seus poços, corroborando com os resultados de nossas pesquisas.

Outra importante constatação que não era considerada pelos gestores ambientais é que grandes plumas de nitrato estão sendo detectadas em aquíferos urbanos, mesmo que a área já tenha há muito tempo rede de esgoto. Embora a existência de rede de esgoto diminua substancialmente a carga contaminante ao subsolo (comparativamente a fossas sépticas e negras), a falta de manutenção da rede pública e os seus vazamentos são suficientes para criar importantes plumas contaminantes. O que preocupa nesse cenário é que simulações em computador feitas pelo nosso grupo com as plumas observadas em cidades (mesmo com rede de esgoto) têm mostrado que estas levariam, caso cessadas completamente as fugas de esgoto, mais de 60 anos para ter os seus aquíferos novamente limpos, mostrando claramente que evitar o problema é a melhor e mais barata solução para o nitrato. Neste caso, o que se conclui é que a rede de esgoto moderna, com tubos plásticos, deve anteceder a qualquer ocupação do terreno urbano.
IHU On-Line – Estes resultados servem de parâmetro para outras realidades regionais e/ou para um cenário nacional?

Ricardo Hirata - Sim, a presença de nitrato em outros aquíferos fora do estado de São Paulo deve ocorrer, e até em maiores proporções, pois as cidades possuem menor cobertura de rede de esgoto comparativamente às cidades paulistanas. O melhor exemplo disso é Natal – RN, cidade abençoada pela excelente qualidade de suas águas subterrâneas, mas onde a concessionária tem dificuldades de fornecer água sem nitrato (e potável) à sua população. A combinação entre poços mal localizados (dentro da malha urbana densa) e a falta histórica de rede de esgoto tem criado os sérios problemas lá observados.

IHU On-Line – Há fiscalização sobre a potabilidade da água de poços tubulares (artesianos)?

Ricardo Hirata - A legislação que controla o uso da água subterrânea é estadual e em muitos estados há mecanismos para a fiscalização da qualidade das águas extraídas por poços tubulares. O problema é que essas leis são pouco seguidas, foram daqueles instrumentos que não “pegaram” ainda. O usuário não vê importância na regularização de seu poço e nos benefícios que isso pode trazer para ele e para toda a comunidade, e, por extensão, ao ambiente. De outro lado, o estado não tem oferecido nenhum dos serviços pelos quais ele é responsável, como o de implementar a sustentabilidade do recurso, fazendo com que o controle evite a contaminação e os problemas de superexploração.

A falta de um controle das demandas de água pode levar a importantes problemas, muitas vezes desconhecidos pelos usuários, incluindo:

a) redução dos níveis aquíferos, encarecendo o bombeamento das águas subterrâneas pelo aumento do consumo de energia ou necessidade de aprofundamento do poço;

b) redução dos fluxos de base a corpos de água superficial, como rios e lagos, causando problemas de vazão durante, sobretudo, as estiagens;

c) indução de contaminação e salinização das águas;

d) indução de problemas geotécnicos, como afundamentos do terreno;

e) exaustão do recurso e sua perda.

Outra área de pesquisa do CEPAS está concentrada na gestão dos recursos hídricos subterrâneos e tem concluído que o usuário não tem ideia dos custos de extração das águas e, sobretudo, de que problemas advindos da falta de controle afetam a sua extração. O usuário está pagando mais pela água sem saber que muitas vezes é a irregularidade dos poços do seu vizinho que está provocando esse incremento de gastos. Isso ocorre também com grandes usuários, incluindo as companhias municipais de água. É um conflito não percebido pela população, que não tem ideia de causa e efeito nesse ambiente. Mesmo os técnicos do estado têm muitas vezes uma percepção bastante restrita desses problemas, ainda mais em áreas urbanas. As empresas, os condomínios e mesmo as concessionárias poderiam economizar muito se medidas simples, mas bem equacionadas, fossem implementadas em suas captações.

IHU On-Line – Qual é a relevância dos poços tubulares para o abastecimento de água no Brasil?

Ricardo Hirata - Muito maior que a percepção que o brasileiro e seus gestores têm. As águas subterrâneas são um recurso pouco entendido e ainda pouco apreciado pela população, embora elas sejam utilizadas por mais de 35-40% da população brasileira. No estado de São Paulo, mais de 70% de seus municípios são total ou parcialmente abastecidos pela rede pública com águas de aquíferos. Isso é mais notável em cidades de médio e pequeno porte, onde os recursos subterrâneos são comparativamente mais vantajosos que os recursos superficiais. Cidades como Ribeirão Preto – SP, Porto Alegre – RS, Manaus – AM, Natal – RN, Brasília – DF, São José dos Campos – SP, Jales – SP, Marília – SP dependem fortemente das águas subterrâneas. Mesmo na Bacia do Alto Tietê, as águas subterrâneas são o quarto mais importante manancial, fornecendo mais de 10 metros cúbicos por segundo de água, superando os outros cinco mananciais superficiais operados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. Na agricultura, o censo agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE computa mais de 450 mil poços tubulares (não cacimbas) em áreas rurais brasileiras.

IHU On-Line – É viável a descontaminação da água com incidência de nitrato?

Ricardo Hirata - Sim, há tecnologias, como os sistemas de osmose reversa, que são bastante caras. Há técnicas de descontaminação das águas dentro do aquífero, com a injeção de produtos que provocam a desnitrificação, mas essas técnicas estão ainda no campo da pesquisa. O que as empresas concessionárias de água têm feito é mesclar águas contaminadas com outras em que a concentração de nitrato é menor, permitindo fornecer águas não contaminadas.

IHU On-Line – O que pode ser feito para a reversão deste quadro de contaminação contínua das águas subterrâneas?

Ricardo Hirata - Um dos grandes problemas que as águas subterrâneas enfrentam é o desconhecimento de sua importância, o que leva à falta de atenção por parte dos gestores. As águas subterrâneas não estão na agenda dos governos nem do setor agrícola. De um lado há um recurso já bastante utilizado no Brasil, cujos ganhos econômicos, sociais e ambientais não são percebidos, entretanto, pela população. Isso faz com que esse recurso não seja discutido nas grandes tomadas de decisão no planejamento urbano ou mesmo rural.

De outro lado, nos aquíferos é que se encontra reservada a maior parte da água do mundo — 97% das águas doces e líquidas do planeta estão nos aquíferos. Quando vemos problemas de estiagem, que serão agravados pelas mudanças climáticas, podemos supor que é no recurso subterrâneo que está a nossa possibilidade de superação do problema, a partir do uso conjunto e racional do recurso subterrâneo e superficial. É uma imensa caixa de água de excelente qualidade esperando para ser convenientemente aproveitada. Assim, investir no conhecimento do recurso, buscando as novas oportunidades, é imperioso para aumentar a segurança hídrica em cidades.
Um segundo ponto é que os estados, por meio de seus órgãos gestores, realmente gestionem as águas subterrâneas, fazendo com que as leis sejam de fato cumpridas, e que a população e usuários sejam informados dos benefícios e limitações que podem surgir pelo mau uso do recurso ou do solo.

IHU On-Line – As políticas públicas de saneamento e a legislação brasileira dão conta da preservação das águas e, consequentemente, da saúde humana?

Ricardo Hirata - Em parte sim, mas é importante notar que a simples presença de redes de esgoto não elimina o problema da contaminação por nitrato em áreas urbanas. Novas redes, com novos materiais, e manutenção periódica é que vão garantir a qualidade das águas. Da mesma forma, os planejadores devem levar em consideração que é importante construir redes de esgoto nas novas áreas urbanas (preferencialmente antes de sua ocupação), antecipando-se aos problemas.

Outro ponto importante é que muitos sanitaristas acreditam que se deveria fechar os poços tubulares quando a área já tenha rede de água potável. A motivação para isso é muitas vezes simplista e não leva em consideração o real papel que o abastecimento privado tem nas nossas cidades. Por exemplo, considerando-se as cidades da Bacia do Alto Tietê. A população é razoavelmente bem servida de água, mas o que os dados estatísticos oficiais esquecem é que temos mais de 10 metros cúbicos por segundo advindos de 12 mil poços privados que suplementam o abastecimento. Sem essa água, o sistema de abastecimento não daria conta e teríamos sérios problemas. O mesmo é para Recife, onde mais de 13 mil poços (a maioria privada) suplementam o abastecimento da Companhia Pernambucana de Saneamento – COMPESA e fazem a diferença, sobretudo em períodos de estiagem como o que ocorreu recentemente.

Adicionalmente, deve-se considerar a economia que as águas subterrâneas trazem para o usuário. Um poço bem operado em um aquífero produtivo geralmente fornece água com menores custos, comparativamente às águas das concessionárias, e muitas vezes com qualidade superior. Vide as águas minerais. Todas elas são subterrâneas!


* Publicado originalmente no site IHU On-Line.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Vamos ter de esperar por racionamentos?

07/10/2013 - 11h55, por Washington Novaes

É cada vez mais frequente na sociedade a sensação de que as instituições das áreas de políticas públicas (Executivo e Legislativo – no Judiciário os problemas têm outros formatos) parecem sempre mais distantes da formulação de macropolíticas e projetos capazes de resolver nossos gravíssimos problemas sociais. Suas decisões ou são muito limitadas na abrangência ou atendem a interesses específicos dos formuladores e dos que os apoiam – não da sociedade nem da solução de graves carências que a afligem.

Ainda há poucos dias (28/9) o jornal O Estado de S.Paulo publicou em várias páginas as gravíssimas consequências das alterações no clima do planeta enumeradas no novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da ONU) e endossadas pela quase totalidade dos cientistas. Que consequências ou desdobramentos isso está tendo em nossas políticas internas? Que urgência está sendo dada às recomendações do IPCC, embora seu secretário-geral, Rajendra Pachauri, tenha dito que o mundo está “a cinco minutos da meia-noite”?

Não que nos faltem, internamente, informações capazes de fundamentar políticas adequadas. Ainda há poucas semanas, o próprio relatório de 345 cientistas do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas – no qual o governo federal está representado – afirmou que a temperatura no nosso Semiárido (que já passa pela maior seca em 50 anos) poderá aumentar de 3 a 4,5 graus Celsius até o fim do século, com de 40% a 50% menos de chuvas; na Amazônia poderão ser 6 graus mais; na Mata Atlântica do Sudeste poderá haver 30% mais de chuvas, no Cerrado, 40% menos. Vamos mudar algo? Estudo de grupo interdisciplinar de 26 pesquisadores da Unicamp alerta (1.º/10) que, ao contrário, a expansão da cana-de-açúcar no Centro-Oeste, em razão de vantagens econômicas de curto prazo, esconde problemas sociais e ambientais que “tendem a se agravar por causa de mudanças climáticas”. A necessidade de irrigação intensa, principalmente, está levando a conflitos pelo uso de recursos hídricos cada vez mais escassos – quando o conveniente seria criar variedades mais resistentes às condições locais. Enquanto isso, as administrações públicas “parecem fascinadas demais pela riqueza fácil” trazida pela cultura.

Nessa área dos recursos hídricos, não é preciso trazer de novo os dramas do saneamento, com quase 90 milhões de pessoas no País sem ligação de suas casas a redes de esgotos, quase 15 milhões sem receber água tratada – e com todas as nossas bacias hidrográficas, da Bahia ao Sul, em “situação crítica”, segundo a Agência Nacional de Águas, por causa do despejo de esgotos sem tratamento.

Mas não é só aqui. Na recente 23.ª Semana Mundial da Água, em Estocolmo, lembrou-se (2/9) que as insuficiências no abastecimento de água provocam 5 mil mortes diárias no mundo, quase 2 milhões por ano. Reunidos no seminário Water in the Anthropocene, em Bonn, 350 cientistas asseguraram (New Scientist, 1.º/6) que “em apenas uma ou duas gerações a maioria da população da Terra sofrerá com a falta de água de boa qualidade”. Mais de metade dos rios e córregos dos Estados Unidos, diz a Agência de Proteção Ambiental desse país (16/4), já tem problemas graves de contaminação dos peixes, contaminação por bactérias fecais e nutrientes contidos em fertilizantes, que fazem proliferar algas, poluem com fósforo e nitratos. A cada ano, diz o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) que 100 milhões de toneladas de nitrogênio usadas nas lavouras chegam aos oceanos. O respeitado Thomas Friedman (The New York Times) contou neste jornal (Estado, 10/5) que ao visitar o Iêmen encontrou uma cidade na região de montanhas (Taiz) onde as pessoas só podem usar as torneiras de suas casas por 36 horas a cada 30 dias, no restante do tempo têm de pagar por água transportada em caminhões que a comercializam.

A gravidade progressiva dos conflitos por água já está à vista. O volume de água necessário para produzir energia dobrará no mundo em 15 anos, segundo a Agência Internacional de Energia (O Globo, 31/3). Enquanto isso, já chegamos à perda de 50% das áreas úmidas no planeta, com o avanço da exploração agropecuária, industrial e urbana. E ainda precisaríamos aumentar o consumo de água para irrigação, de 70% do total atual para 90%, com o aumento da população. Como? No Fórum Mundial da Água, em junho, em Foz do Iguaçu, o brasileiro Benedito Braga, seu presidente, enfatizou que o Nordeste do Brasil “já precisa armazenar água”. E foi ao ponto central abordado no início deste texto: “Soluções técnicas nós temos; mas a questão é política; e necessita de recursos financeiros”.

Enquanto não chegamos às macropolíticas e à conjugação de projetos, vamos com ações isoladas. São Paulo lança pacote de barragens e diques urbanos, mas continuamos com centenas de milhares de pessoas morando em áreas de preservação obrigatória às margens de reservatórios para abastecimento. Enquanto se vai buscar mais água a dezenas de quilômetros de distância e a custos altíssimos, outras tantas pessoas vivem em áreas de risco, sujeitas a deslizamentos, desmoronamentos. Não se consegue evitar que dezenas de afluentes do Tietê, sepultados sob o asfalto, levem para o rio mais lixo e sedimentos; e ele tem mais de cem quilômetros de suas águas sob um mar de espuma, que o transforma no rio mais poluído do País, embora a nascente, em Salesópolis, continue a fornecer água potável (Estado, 22/9).

Aonde teremos de chegar? Todos os dias discutimos o crescimento ou recuo do produto interno bruto, o avanço ou decréscimo da dívida pública, o progresso ou retrocesso deste ou daquele setor econômico, mais ou menos empregos – mas sem discutir o que está na base física de tudo: os recursos naturais (que não são infinitos). Será preciso enfrentarmos racionamentos, penúrias? Não teremos competência para formular políticas adequadas?

* Publicado originalmente no site O Estado de S. Paulo.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Estudantes criam garrafa que torna potável a água do mar

por TATIANE RIBEIRO, DE SÃO PAULO, 30-ago-2013


A água salgada também pode ser utilizada para matar a sede dos seres humanos. Basta colocá-la na Puri, uma garrafa recém-inventada com um sistema interno que torna a água do mar uma bebida potável.

Criada pelos universitários sul-coreanos Younsun Kim, Kangkyung Lee, Byungsoo Kim e Minji Kim, a invenção possui um pequeno sistema de bombeamento que dessaliniza o líquido por meio da osmose reversa.

Para funcionar, o usuário precisa bombear o cilindro dentro da garrafa para aumentar a pressão e ocorrer o processo de separação dos componentes por meio de uma membrana permeável à água e que barra o sal.

Além de ser essencial para salvar a vida de náufragos, os criadores recomendam o uso da Puri em longas trilhas e em viagens longas em alto mar.

veja o video:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Ox6Q-ccjpsI

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/2013/08/1334326-estudantes-criam-garrafa-que-torna-potavel-a-agua-do-mar.shtml

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Brasil: candidato a sediar o Fórum Mundial da Água de 2018

por Bernhard J. Smid*

O Brasil, especificamente Brasília, concorre com a Dinamarca como candidatos finalistas a sediar o “8º Fórum Mundial da Água”, em 2018.  A cada três anos, o Fórum proporciona o diálogo e a busca de estratégias de uso racional e sustentável da água no mundo.

Diferente da “Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável”, o Fórum não almeja estabelecer protocolos de entendimento ou acordos. O objetivo é promover o compartilhamento de experiências e boas práticas.

A decisão, que será tomada pelos representantes do “Conselho Mundial da Água”, tem o apoio do “Senado Federal” brasileiro, além de outros interlocutores.  Se Brasília for aprovada como cidade-sede, será a primeira vez que o evento ocorrerá na América Latina.  Sua realização no Brasil é particularmente importante, considerando que o país detém 12% da água doce superficial do planeta, além de grandes aquíferos subterrâneos.

A proposta brasileira, se aceita, terá importante papel de interlocução para governos e sociedade civil, além de permitir uma visibilidade das características brasileiras quanto aos diversos biomas aqui presentes. O resultado sobre a escolha da cidade sede para este Fórum de 2018 será anunciado no início de 2014.

É importante observar que a gestão de águas nem sempre é bem coordenada e a preocupação com o tema é, muitas vezes, observado somente quando ocorrem desastres, como inundações, e consequentemente a restrição de água potável.

A importância do Brasil em sediar o Evento e consequentemente permitir uma ampla participação da sociedade é a chance de poder mostrar a realidade brasileira no âmbito internacional, principalmente de como diversas famílias brasileiras que residem na floresta vivem sobre o balanço de casas-barco e resistindo a grandes variações de cheias e vazantes de rios, como o “Rio Amazonas”, cuja diferença entre os períodos de cheias e vazantes é, normalmente, de 15 metros, tendo já chegado a marcas históricas de até 30 metros de variação entre os períodos.

Essa realidade, cuja experiência poderia ser um dos temas para a troca de experiências durante o Fórum,  é certamente muito distante do que se verifica na Europa, onde muitos rios possuem diques de contenção para grandes inundações, como é o caso do Elba, na Alemanha.

Destaca-se, também, que a gestão dos recursos hídricos traz ainda a discussão quanto à necessidade de se discutir a mitigação e/ou a adaptação às mudanças climáticas, bem como a discussão sobre o desenvolvimento socioeconômico de regiões, como a Amazônia, bem como a implementação de infraestrutura, como as rodovias.

A última edição do “Fórum Mundial da Água” ocorreu em Marselha (França) em 2012 e teve a participação de 35 mil pessoas de 147 países. A próxima edição, em 2015, será na “Coreia do Sul”.

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Fonte:


* Bernhard J. Smid possui mestrado (Master of Arts) em Negócios Internacionais pela Munich Business School – Alemanha (2008) e MBA em Comércio Exterior e Negociações Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas – FGV (Brasil). Profissionalmente, atualmente trabalha no Projeto Setorial de Promoção Comercial do Setor Lácteos (Organização das Cooperativas Brasileiras / Apex-Brasil) e é colaborador voluntário no CEIRI (Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais)

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.



domingo, 21 de abril de 2013

Quase 40% da água tratada no Brasil é desperdiçada, aponta estudo

Edição do dia 20/03/2013 , por Renata Ribeiro , São Paulo, SP
 Quase 40% da água tratada no Brasil é desperdiçada, aponta estudo. Em São Paulo, R$ 250 milhões são investidos todos os anos para diminuir as perdas, mas o problema continua. A situação é mais crítica na Região Norte, onde mais da metade do faturamento é perdido.
Além da falta d'água, tem o desperdício. Um estudo mostra que quase 40% da água tratada no Brasil é desperdiçada. Só em São Paulo, R$ 250 milhões são investidos todos os anos para diminuir as perdas, mas o problema continua.
 A rede que distribui a água na cidade é considerada velha e muitos trechos precisam passar por manutenção. Os vazamentos são o maior problema, e podem causar um estrago bilionário.
 Veja na reportagem as principais conclusões do estudo, que analisou o desperdício de água no país e o impacto dele no faturamento das concessionárias.
Água que corre solta nos canos sem manutenção, nas ligações clandestinas. No Brasil, desce pelo ralo quase 40% do faturamento das empresas operadoras por causa das perdas de água. A situação é mais crítica na Região Norte, onde mais da metade do faturamento é perdido. A média de perda da Europa é 15%, do Japão, 3%.
“É uma perda enorme de recursos financeiros que poderia estar voltando para o sistema de saneamento para que mais pessoas tivessem água ou coleta e tratamento de esgoto”, afirma Edson Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil.
 O estudo do Instituto Trata Brasil mostra que uma redução de apenas 10% das perdas do país representaria uma receita de R$ 1,3 bilhão, quase a metade do investimento feito em abastecimento de água no ano de 2010.
 Reduzir perdas é importante também para não faltar água. O estudo mostra que um terço das cem maiores cidades do país precisa de um novo manancial para atender a população.
 A capital paulista é um exemplo. A Região Metropolitana de São Paulo tem 50 mil quilômetros de tubulações enterradas, daria para dar uma volta e meia no planeta. A extensão e a idade da rede são os maiores desafios.
 Todos os anos a empresa que abastece a região investe R$ 250 milhões para diminuir as perdas, com reforma nas instalações hídricas e busca minuciosa por vazamentos. O investimento já rendeu um índice de perda abaixo da média do estado: 26%. A meta é chegar a 15% até 2020.
 Neste ano, o investimento na rede de água de São Paulo deve subir para R$ 370 milhões, uma alta de quase 50% em relação a 2012. O aumento dos recursos é resultado de uma parceria com o Japão.

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