segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Reciclagem de vidro pode movimentar R$ 220 milhões por ano no Brasil


Para otimizar o processo e se adequar à nova legislação de resíduos sólidos, fabricantes propõem modelo de gerenciamento de embalagens inspirado em países europeus

Creative Commons/Epicbeer
garrafas de vidro
Na Alemanha, o sistema de gerenciamento instituído em 1991 elevou as taxas de reciclagem de 37% para 87% , correspondendo a 2,6 milhões de toneladas; na Suíça é de 95%.
São Paulo - Tudo o que é vidro vira vidro. A expressão comum na indústria vidreira resume bem o potencial de reaproveitamento desse material, que é 100% reciclável. Entretanto, trata-se de um produto pouco coletado e subaproveitado no Brasil. Mas isso deve mudar.  Buscando se adequar às novas exigências legislativas para gestão de resíduos sólidos e otimizar a reciclagem no setor, a Abividro (Associação Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro) propõs ao Ministério de Meio Ambiente um modelo de gerenciamento inspirado em experiências europeias.

A ideia é instalar no Brasil uma instituição gerenciadora responsável por intermediar as relações entre municípios, cooperativas de catadores, beneficiadoras, fabricantes de vidro e envasadoras. Além disso, o órgão iria negociar operações de compra e venda de recicláveis triados, gerir a logística reversa e promover campanhas de conscientização sobre reciclagem.
"O modelo que propomos atende a todos os pontos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ao implementar a responsabilidade compartilhada, criar um sistema de logística reversa e assegurar a destinação adequada dos materiais recicláveis", afirma o superintendente da Abividro, Lucien Belmonte, reforçando a necessidade de cooperação de outros setores de embalagens. "É preciso uma larga discussão entre todos os envolvidos", diz. "Sozinho ninguém resolve esse problema".
Segundo ele, a estimativa é que após quatro anos de sua instalação no país, a gerenciadora fará com que o índice de reciclagem do setor vidreiro atinja 50%. Em termos financeiros, equivale a passar dos atuais R$ 60 milhões movimentados por ano pelo setor para R$ 120 milhões/ano. De acordo com a Abividro, se os esforços resultarem na adesão de todos os envasadores existentes no país e de todos os municípios brasileiros, é possível que o setor de reciclagem de vidro movimente cerca de R$ 220 milhões/ano.
Wikimedia Commons
Caçambas de reciclagem de vidro
Na Europa, caçambas de lixo seletivas para vidro são comuns.
Exemplo que  vem de fora
Na Alemanha, o sistema de gerenciamento instituído em 1991 elevou as taxas de reciclagem de 37% para 87% , correspondendo a 2,6 milhões de toneladas, e na Suíça de 95%. Nesses países, é comum encontrar caçambas de lixo especiais para o descarte de embalagens de vidro de acordo com a cor (transparente, verde e marrom). Segundo o superintendente da Abividro, os vidros devem ser preferencialmente separados por cor para evitar alterações de padrão visual do produto final e agregar valor.
Os índices de reciclagem de vidro no Brasil passam por uma atualização. Até o 2008, falava-se em 47% de aproveitamento de todo material produzido, algo em torno de 470 mil toneladas. Mas, desde a criação, no ano passado, de um novo modelo de medição definido pela ABNT, ainda não se tem um dado mais atualizado. Segundo o superintendente da Abividro, é provável que reciclemos bem menos do que a metade. São embalagens de vidro usadas para bebidas, produtos alimentícios, medicamentos, perfumes, cosméticos e outros artigos que vão parar direto no lixo, correspondendo em média a 3% dos resíduos urbanos. "Um desperdício para um material que poderia ser totalmente reaproveitado", argumenta Belmonte.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Pesquisador Philip Fearnside questiona a necessidade de Belo Monte

20/01/2011 - 02h01


Por Redação Conservação Internacional

Publicação coloca em xeque a necessidade de Belo Monte.

A edição número 7 da revista eletrônica Política Ambiental, da Conservação Internacional, traz entrevista com o cientista Philip Fearnside, que respondeu a perguntas de sete jornalistas brasileiros sobre a usina hidrelétrica

Na iminência da concessão da licença ambiental pelo Ibama da usina de Belo Monte, a Conservação Internacional lança a publicação eletrônica Política Ambiental: A usina de Belo Monte em pauta, na qual jornalistas brasileiros experientes, que atuam em diferentes regiões, entrevistam Philip Fearnside, pesquisador-titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

O objetivo da publicação é elucidar os leitores, com base nas perguntas dos jornalistas que refletem os questionamentos de toda a sociedade brasileira, sobre o contexto, as implicações e as controvérsias em torno da construção da usina de Belo Monte, sob os aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Para entrevistar Fearnside, a Conservação Internacional convidou os jornalistas André Trigueiro, da Globo News; Bettina Barros, do jornal Valor Econômico; Herton Escobar, do Estado de S. Paulo; Verena Glass, da ONG Repórter Brasil; Manuel Dutra, professor de jornalismo da Universidade Federal do Pará e da Universidade da Amazônia; Ana Ligia Scachetti, diretora de comunicação da Fundação SOS Mata Atlântica; e Hebert Regis de Oliveira, coordenador de comunicação do Instituto de Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável do Oeste da Bahia (Bioeste).

‘Mentira institucionalizada’- A argumentação científica sólida de Fearnside, um dos cinco pesquisadores brasileiros da área ambiental mais citados internacionalmente e integrante do painel de especialistas que analisou o EIA-Rima de Belo Monte, deixa claro que o projeto analisado pelo Ibama é economicamente inviável.

“O projeto oficial – no qual haverá a construção de apenas uma barragem – mostrou-se totalmente inviável economicamente pela análise detalhada feita pela ONG Conservação Estratégica (CSF, da sigla em inglês).  Ou seja, a afirmação de que não serão construídas outras barragens a montante de Belo Monte é uma mentira institucionalizada.  A lógica leva à construção de barragens rio acima, começando com a Babaquara/Altamira, que ocuparia 6.140 km2, sendo grande parte em terra indígena”.

Assim como aponta Fearnside na entrevista, a Conservação Internacional (CI-Brasil) acredita que o EIA-Rima realizado pelo Ibama não reflete a realidade dos impactos biológicos e sociais que acontecerão com a construção da usina.  A CI-Brasilacredita que o projeto apresentado à sociedade neste momento, além de omitir as barragens a montante que deverão ser necessárias para dar viabilidade econômica à obra, não prevê os impactos da redução dos níveis da água do rio Xingu e do rebaixamento do lençol freático, que podem causar extinção local de espécies, destruição da floresta aluvial e, principalmente, provocar a escassez de pesca, a principal fonte de alimentos para a população indígena da bacia do Xingu, ameaçando a sua sobrevivência.

“A obra terá impactos em um raio de 3 mil km de distância da usina, colocando em risco a segurança alimentar das populações indígenas, o que pode provocar a perda da grande diversidade cultural existente na bacia do Xingu, onde vivem 20 mil índios de 28 etnias que serão direta ou indiretamente afetados”, afirma Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da CI-Brasil.Outros problemas apontados pela Conservação Internacional e por Fearnside são a pouca credibilidade do processo de consultas públicas e de licenciamento da usina, já que todo o corpo técnico do Ibama se posicionou contra a licença.  Além disso, a usina alagará cerca de 50% da área urbana de Altamira e mais de mil imóveis rurais de três municípios, num total de 100 mil hectares, sendo que de 20 a 40 mil pessoas serão desalojadas pela obra.

Em Política Ambiental: A usina de Belo Monte em pauta, Fearnside cita uma série de alternativas que poderiam garantir a segurança energética do Brasil para os próximos anos sem a necessidade da construção de Belo Monte.  Dentre elas, ele aponta os investimentosem eficiência energética e em fontes limpas de energia, como a solar e a eólica, além de pequenas usinas hidrelétricas como forma de evitar grandes impactos em áreas que, sob os aspectos sociais e ambientais, são inapropriadas para empreendimentos deste porte.

(Envolverde/Conservação Internacional)

Projeto de MDL que reutiliza resíduos de madeira no Pará é aprovado pela ONU


19/01/2011 - 01h01


Por Redação Carbono Brasil

A ONU aprovou em janeiro sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) um projeto em Paragominas (PA) que reduzirá emissões de gases do efeito estufa ao evitar a liberação de metano dos resíduos que seriam depositados nos pátios das serrarias da região ao utilizá-los para a geração de energia.

O projeto é formado por uma usina termelétrica (UTE) alimentada por resíduos de madeira que começará a ser construída nesse ano e entrará em operação em 2012. A UTE pertencerá a Uaná Energias Renováveis, empresa do grupo pernambucano Federal Petróleo.

O projeto de MDL foi desenvolvido pela Enerbio Consultoria que é também responsável pela comercialização dos créditos de carbono.

Para atingir a sua capacidade média de geração de energia, o Projeto Paragominas consumirá cerca de 86.400 toneladas de resíduos de madeira por ano, que serão fornecidos por serrarias e empresas do pólo de produção de móveis da região. Um dos pré-requisitos é que esses produtores tenham suas licenças ambientais regulares.

Todos os possíveis destinos que vêm sendo dados aos resíduos provenientes das serrarias do município de Paragominas apresentam grande potencial agressor ao meio ambiente e à saúde da população local.

A poluição presente na cidade expõe a comunidade local a uma série de doenças, como IRA (Infecção Respiratória Aguda), alergias, asma, irritação no globo ocular, dentre outras.

Além disso, a falta de uma destinação adequada aos resíduos proporcionou o surgimento de várias carvoarias e caieiras como o objetivo da produção de carvão. A operação desses tipos de empreendimentos sem as condições necessárias e suficientes de segurança e de proteção ambiental expõe a população a riscos diversos. São muitos os casos de queimaduras e até mutilamentos, principalmente de crianças, devido a acidentes decorrentes do contato involuntário com resíduos em combustão.

A implantação do Projeto Paragominas proporcionará uma nova alternativa de destino aos resíduos das serrarias da região e poderá até resolver parte dos problemas decorrentes do não-gerenciamento dos resíduos.

“O projeto Paragominas tem como objetivo principal solucionar o problema ambiental e social proveniente do mau gerenciamento de resíduos de madeira das atividades das serrarias da cidade de Paragominas e, além disso, atender à crescente demanda de energia no Brasil, fornecendo energia limpa e renovável, contribuindo, assim, para a sustentabilidade ambiental, social e econômica do país”, explicou Eduardo Baltar, diretor da Enerbio Consultoria.

FOTO
Legenda:
Resíduos de madeira em Paragominas / Enerbio.

(Envolverde/Carbono Brasil)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Solo Le Pido A Dios

Sólo le pido a Dios
Que el dolor no me sea indiferente,
Que la reseca muerte no me encuentre
Vacío y solo sin haber hecho lo suficiente.
Sólo le pido a Dios
Que lo injusto no me sea indiferente,
Que no me abofeteen la otra mejilla
Después que una garra me arañó esta suerte.
Sólo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente,
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente.
Sólo le pido a Dios
Que el engaño no me sea indiferente
Si un traidor puede más que unos cuantos,
Que esos cuantos no lo olviden fácilmente.
Sólo le pido a Dios
Que el futuro no me sea indiferente,
Desahuciado está el que tiene que marchar
A vivir una cultura diferente.


http://letras.terra.com.br/mercedes-sosa/63324/
http://letras.terra.com.br/mercedes-sosa/63291/
http://letras.terra.com.br/mercedes-sosa/63290/

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Espaços Agrários: Desafios Ambientais para a Exploração e Produção de Petróleo em Macaé, RJ


21/01/2011 - 04h01, Por Jacob Binsztok e Tarcila C. Queiroz Ramos 

Localizada no Norte Fluminense, Macaé, a partir da década de 90 transformou-se na capital nacional do offshore, em virtude de concentrar cerca de 80% da produção e exploração do petróleo e 60% do gás obtido no país. A cidade registrou um grande fluxo migratório proveniente de regiões vizinhas e de diferentes pontos do país, possuindo atualmente 180 mil habitantes, com 95% da população residindo nas áreas urbanas do município.

A concentração da população e de empresas nacionais e estrangeiras atraídas para a cidade em decorrência da exploração de petróleo em águas profundas, provocou a chegada de volumosos recursos financeiros para Macaé, colocando-a em destaque no cenário socioeconômico fluminense e nacional. No entanto, uma série de problemas foram agravados como favelização, violência urbana, segregação espacial e particularmente pela magnitude territorial destacamos o esvaziamento dos espaços agrários macaenses.

 Percorrendo o interior do município verificamos como o desenvolvimento de tecnologias de ponta utilizadas na exploração e produção de petróleo convive com o quadro de estagnação dos espaços agrários. O quadro pode ser acrescentado pela forte depredação dos recursos naturais, representados pelas extensas áreas desmatadas, intensos processos erosivos, “voçorocas”,   ocasionando inúmeros locais de riscos sujeitos a desmoronamentos de encostas e enchentes dos cursos d’água.

A pecuária extensiva de corte é a atividade predominante e contínuo pisoteio do gado nas encostas contribui para a proliferação de ravinamentos. A ausência de práticas agrícolas obriga a cidade e o campo de Macaé a adquirir hortifrutigranjeiros no CEASA-RJ, localizada em Irajá, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

As comunidades do interior do município apresentam falta de mão-de-obra para as atividades agrícolas, na medida em que a municipalidade contemplada com os royatie do petróleo, oferece um grande número de empregos utilizados como moeda de troca pelo apoio político da população às lideranças que se perpetuam a mais de duas décadas no comando das esferas públicas locais.

A preferência pela pecuária de corte revela uma conhecida tática empregada pelos pecuaristas de todo o país, com o objetivo de escamotear a verdadeira produtividade de suas terras, logo, a presença do gado demonstra um falso uso da terra e paralelamente afasta reivindicações de movimentos sociais vinculados a Reforma Agrária. No caso de Macaé, as terras estão operando com uma reserva de valor, aguardando valorização e o momento de serem incorporadas , de forma direta ou indireta à cadeia produtiva de petróleo, por intermédio de construções de loteamentos, residências e instalações industriais.

A “maldição” dos recursos naturais representada pela abundância de petróleo, atinge gravemente Macaé, a denominada “doença holandesa” , tornou o município vulnerável a empreendimentos não vinculados a cadeia produtiva de petróleo, pois estes não conseguem competir com os elevados ganhos auferidos pelo setor. Neste sentido, torna-se relevante repensar Macaé, principalmente, os espaços agrários estagnados e ambientalmente degradados para que possam efetivamente contribuir para a melhoria do abastecimentos de produtos agrícolas para a população, como o cultivo do arroz, milho, feijão, frutas tropicais, produção de leite, práticas tradicionais e que desapareceram com a expansão da exploração e produção de petróleo.

A preservação ambiental com destaque para os altos cursos da Bacia do Macaé devido a presença de mananciais que abastecem a cidade e regiões vizinhas, é fundamental, pois existem sintomas de crise em relação em quantidade e qualidade desde recurso, indispensável, para a qualidade de vida da população. As práticas de recuperação de áreas degradadas são indispensáveis no sentido de evitar os trágicos acontecimentos como ocorridos nos primórdios de 2011 em vários municípios da Região Serrana Fluminense.

*Jacob Binsztok - Profº Titular de Geografia Humana da Universidade Federal Fluminense
*Tarcila Ramos – Pós-Graduanda em Dinâmicas Urbanas e Gestão do Território – UERJ


(Envolverde/ )

Morte de golfinhos no sul do Brasil


18/01/2011 - 01h01,Por Redação Sea Shepherd Brasil 

No dia 11 de janeiro, em Santa Vitória do Palmar, Balneário do Hermenegildo, constatou-se a mortandade de golfinhos da espécie Pontoporia blainvillei, popularmente conhecida como “Toninha”. Foram avistados 12 indivíduos encalhados, mortos, através de monitoramento realizado pela ONG local Instituto Litoral Sul (instituição parceira do Instituto Sea Shepherd Brasil – ISSB), em um trecho de praia de cerca de 15 Km, sendo, dentre estes, uma fêmea prenhe, que ainda possuía o feto em seu ventre.

O Fato


Nos dias 09 e 10 de janeiro foram avistadas algumas embarcações pesqueiras na região
e, logo em seguida, no dia 11, começaram a aparecer os animais na praia.

Na quinta-feira, dia 13, Wendell Estol, biólogo e Diretor Geral do Instituto Sea Shepherd Brasil – ISSB, recebeu a notícia dos encalhes e na sexta-feira, 14, realizou monitoramento e constatou tais fatos.

“Estas ocorrências são comuns no litoral do extremo sul do país, pois as embarcações pesqueiras, de diversos Estados, tem a região como área preferencial de pesca, uma vez que ainda há certa abundância de espécies de pescado com valor comercial. Além disto, esta é uma área remota, onde a fiscalização, que já é deficitária em áreas mais povoadas, é praticamente inexistente, pois apesar da boa vontade e dedicação dos funcionários, os órgão de fiscalização não estão aparelhados adequadamente para cumprir tal função
.

Enquanto o Governo Federal disponibiliza bilhões de reais para financiar o aumento da frota pesqueira do país os investimentos em fiscalização estão cada vez mais pargos”, diz Wendell Estol.

Além de golfinhos é comum nesta época do ano encontrar outros animais marinhos mortos, como tartarugas de várias espécies, e outros mamíferos, como lobos e leões marinhos e até pequenas baleias.

(Envolverde/Sea Shepherd Brasil)

Enchentes na Austrália começam a afetar Barreira de Corais


19/01/2011 - 02h01,
Por Fernanda B. Müller, da Carbono Brasil 

A Grande Barreira de Corais, um dos maiores Patrimônios da Humanidade com cerca de dois mil quilômetros de extensão, está começando a sentir os efeitos da maior tempestade em 40 anos na Austrália.

De acordo com pesquisadores, partes mais ao Sul da Barreira de Corais já estão sendo afetadas pela enorme pluma de águas poluídas provenientes dos rios no estado de Queensland. Os impactos ainda serão sentidos por anos, explica reportagem da revista Nature.

Na região central do Queensland, o fluxo de água doce, que mata os corais mais rasos, já cobre 11% da superfície marinha da Barreira, lamenta Michelle Devlin, pesquisadora de qualidade da água da Universidade James Cook. Os corais mais profundos são ameaçados ao passo que a água poluída, rica em nutrientes, turva e cheia de pesticidas, bloqueia a luminosidade e incentiva o crescimento de competidores, como macroalgas.

Os pesquisadores estão mapeando o fluxo da pluma com imagens de satélite, que já mostram as águas poluídas confinadas até 65 Km da costa devido a ventos de sudeste. Porém, se as previsões de mudança nos ventos forem confirmadas, a pluma pode se espalhar ainda mais.

Mesmo após a dispersão da pluma, os corais continuarão vulneráveis, com aumento de doenças, mudanças na taxa de reprodução, menor resiliência a eventos de branqueamento e a proliferação de ameaças como a estrela-do-mar coroa-de-espinhos (Acanthaster planci), que destrói os corais ao alimentar-se deles.

“O coral pode não ter energia para se recuperar”, comentou Devlin.

(Envolverde/Carbono Brasil)

Ministra do Meio Ambiente pretende alterar Código Florestal


20/01/2011 - 02h01
Ministra do Meio Ambiente pretende alterar Código Florestal
Por Redação Amazônia.org.br 

Para tentar evitar o risco de tragédias urbanas, como as que aconteceram na semana no Rio de Janeiro, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) vai propor mudanças no texto, que está em discussão no Congresso, apresentando pelo deputado Aldo Rebelo que modifica o Código Florestal.  As informações são do jornal Folha de São Paulo.

A proposta apresentada por Rebelo, e já aprovada por uma comissão especial da Câmara dos Deputados, permite a ocupação de áreas de preservação permanente onde hoje é proibido qualquer tipo de construção.

No Rio, as maiores tragédias foram registradas justamente em áreas de preservação permanente ocupadas irregularmente - topos de morro, encostas e várzeas -, e que serão liberadas para moradia caso o novo texto seja aprovado pelo Congresso.

O MMA não deu detalhes sobre a nova proposta, que será submetida à presidente Dilma Rousseff.  O Ministério da Agricultura participa das discussões.  Luiz Sérgio, ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, deve se reunir ainda nesta semana com o líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP), para discutir o andamento da proposta.

O deputado Aldo Rebelo, relator do projeto, reafirmou ontem, por meio de carta, que o texto do novo Código Florestal afeta apenas a zona rural e diz que a lei que trata da área urbana é outra.  Porém, o texto é claro ao estabelecer regras também para a ocupação das áreas de preservação permanente dentro das cidades.

Caso seja aprovada a versão de Rebelo para o Código Florestal, o Ministério Público Federal (MPF) já anunciou que entrará com uma ação de inconstitucionalidade.

(Envolverde/Amazônia.org.br)

Para debater desigualdade racial, ONU institui 2011 como ano dos afrodescendentes


20/01/2011 - 12h01
Para debater desigualdade racial, ONU institui 2011 como ano dos afrodescendentes

Por Desirée Luíse, do Aprendiz
Afim de combater o racismo e as desigualdades econômicas e sociais dos negros, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescendentes. Eles estão entre os que mais sofrem com discriminação e dificuldade de acesso a serviços básicos, como educação, segundo o órgão.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), lançou, no final do ano passado, a campanha “Por uma infância sem racismo”.

A responsável pela campanha e pelo programa de proteção à infância do Unicef, Helena Oliveira, destaca que existem dois níveis de discriminação racial. “O primeiro é aquele conhecido pelos números. Os dados mostram a disparidade no acesso às políticas publicas. Nesse sentido, o negro acaba com menos direitos do que o branco”, diz.

A taxa de analfabetismo entre a população branca de 15 anos ou mais é de 6,1%, enquanto que para os negros e pardos é de 14,1 % – diferença de 131,1%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e constam no 4º Relatório Nacional sobre os Direitos Humanos no Brasil, lançado em dezembro no último ano.

Entre os que estudaram, considerando a população com 25 anos ou mais, a média de escolaridade da população negra e parda é de 5,8 anos, contra 7,8 anos para a população branca.

“Um segundo nível de discriminação é o do cotidiano, que é mais simbólico. Quando uma criança escuta um comentário racista no espaço escolar, o que foi dito passa a compor a formação dela. Isso pode causar efeitos danosos”, completa Helena.

A campanha do Unicef tem o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira para assegurar a igualdade étnico-racial desde a infância.  “Quando os pais e professores promovem a interação e o conhecimento sobre o diverso, estão incentivando à igualdade”, ressalta. “A criança que pode estar em diferentes espaços cresce aprendendo a respeitar o outro.”

Pior entre mulheres


“As discriminações raciais somadas às de gênero são eixos estruturantes das desigualdades sociais no país e América Latina”, afirma a gerente de programas da ONU Mulheres Brasil e Cone Sul, Júnia Puglia. “As mulheres negras sofrem com a dupla desigualdade.”

Segundo a análise de Júnia, o papel tradicional da mulher na sociedade e a forma como os negros foram inseridos no Brasil colocam barreiras para que as negras aproveitem oportunidades educacionais e no mercado de trabalho.

Os dados da Relação Anual de Informação Social (Rais), órgão do Ministério do Trabalho, revelam que as mulheres negras recebem menos que a metade do salário dos homens brancos em trabalhos formais.

“Uma das piores formas de inserção é o trabalho doméstico remunerado, por meio do qual as mulheres negras mais participam das atividades econômicas do país. Este tipo de trabalho tem um percentual de formalização muito baixo”, lembra Júnia.

Solução


Para garantir equidade racial é necessário investir em ações inclusivas, de acordo com a ONU. “Quando uma parcela da população não está matriculada na escola, as estratégias para buscá-la deverão ser diferentes. São crianças de comunidades quilombolas e indígenas, para as quais a escola não chega”, exemplifica Helena.

Na opinião de Júnia, os debates sobre igualdade racial e de gênero tem avançado, embora haja reações contrárias à inclusão. “Há 15 anos não poderíamos vislumbrar esse cenário institucional, mas ainda tem muito trabalho a ser feito, porque é preciso desconstruir o racismo e o sexismo”, conclui.

Mais da metade de população brasileira tem ascendência africana. De acordo com dados do IBGE de 2009, 51,1% dos brasileiros se reconhecem como pretos ou pardos.

Com a segunda maior população negra do planeta (e primeira fora do continente africano), a missão do Brasil no ano temático da ONU é “chamar atenção para as persistentes desigualdades que ainda afetam esta parte importante da população brasileira”, segundo um comunicado da instituição.

(Envolverde/Aprendiz)

“Desafios das empresas em uma economia inclusiva”

21/01/2011 - 10h01
“Desafios das empresas em uma economia inclusiva”
Por Paulo Itacarambi*, do Instituto Ethos
A mobilidade social vivida pelo país nos últimos anos foi responsável, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas em setembro do ano passado, pelo deslocamento de 29 milhões de brasileiros das classes D e E para a classe C, no período de 2003 a 2009, o que trouxe grandes desafios para incorporar essas pessoas no mercado de consumo e, ao mesmo tempo, alterar o comportamento dos consumidores para reduzir o impacto ambiental.

E, é bom ressaltar, esse é um ótimo desafio, já que a classe C, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingiu a marca de 50% da população brasileira, com 95 milhões de pessoas, no final de 2009, e ainda está em processo de crescimento. Nas projeções apresentadas na semana passada pelo Ministério da Fazenda à presidenta Dilma Roussef, até 2014 a classe C deverá atingir 56% dos brasileiros, chegando à expressiva marca de 113 milhões de pessoas.

Portanto, essa expressiva alteração no tecido social brasileiro leva-nos a importantes reflexões sobre a resposta que as empresas têm dado à nova realidade.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular e publicada pela Folha de S. Paulo na primeira semana de janeiro constatou que existe nas empresas uma grande dificuldade, e até mesmo preconceito, em atender os consumidores de baixa renda. Isso declarado por sete em cada dez executivos consultados.

Segundo a pesquisa, esse preconceito deriva, como era de se esperar, da falta de conhecimento. Para 69% dos entrevistados, as áreas de marketing e propaganda, em geral, não demonstram estar preparadas para comunicar-se com esse público. Para os entrevistados, essas áreas, responsáveis pela divulgação das empresas e de seus produtos, pouco ou nada conhecem desse público de baixa renda.

Na verdade, os desafios das empresas podem ser desdobrados em cinco dimensões: a primeira faz referência ao constatado pela pesquisa, ou seja, o fato de as empresas nem sempre saberem se comunicar com esse público. Em alguns casos considera, de maneira equivocada, que são pessoas mais preocupadas com preços mais baixos do que com a qualidade dos produtos.

Em segundo lugar, as empresas, acostumadas com margens de lucro mais altas, têm dificuldade de se adaptar a uma redução dessas margens, pois ainda não percebem que seus resultados poderão vir de investimentos no aumento dos volumes comercializados.

O terceiro ponto refere-se à dificuldade em atender públicos com características diversas. Como atender públicos distintos no mesmo espaço? Como conciliar o atendimento das necessidades das classes A e B, por um lado, e da classe C, por outro?

Ações nesse sentido já existem, é bom ressaltar: Na matéria “Grifes ampliam mercado com segunda marca”, publicada pela Folha de S. Paulo na última quinta-feira (13/01), estilistas e marcas mais famosas estão buscando atender o público de classe C com produtos de qualidade, mas com preços menores. Enfim, uma tentativa válida de atingir positivamente os integrantes dessa nova classe média.

Em relação ao quarto desafio, as empresas possuem também um papel importante no tocante à orientação dessas famílias que ingressam no mercado de consumo. Elas podem contribuir de maneira efetiva para conscientizar as pessoas para os seus atos de consumo adequados às suas reais necessidades. Ao fazer isso, a empresa contribuirá para colocar a economia nos trilhos da maior eficiência ambiental e social e irá estabelecer uma relação de confiança e respeito entre empresa e consumidor.

Por falar em confiança, esse é o quinto ponto que destacamos e que se insere nos desafios que as empresas precisam encarar com bastante seriedade. Os consumidores duvidam, muitas vezes, da credibilidade das empresas.

Foi essa a conclusão de outra pesquisa, intitulada Responsabilidade Social das Empresas: Percepção do Consumidor Brasileiro, produzida pelo Instituto Akatu e pelo Instituto Ethos e divulgada no ano passado. O relatório revelou que quase metade dos entrevistados não acredita nas informações prestadas pelas empresas. O consumidor sente falta de indicadores confiáveis que realmente comprovem o comportamento socialmente responsável das corporações.

As pesquisas acabam por concluir que a diversidade da gente brasileira, uma das maiores vantagens competitivas do país, ainda não é considerada fator estratégico pelas nossas empresas.

Esse cenário, em que aparecem claramente desconhecimento de um lado e desconfiança de outro pode e deve ser mudado com a máxima urgência. O empresariado brasileiro precisa estabelecer uma nova relação baseada na transparência. Precisa adotar compromissos claros, com metas, objetivos e prazos bem definidos, além da prestação de contas periódicas. É necessário também que as empresas estejam atentas e sensíveis aos novos tempos e, acima de tudo, que aprendam a ouvir e entender essa grande massa de consumidores/cidadãos.

Isso vai exigir da gestão um pensamento de longo prazo e de vanguarda, com investimento em práticas que produzam resultados que sejam percebidos e avaliados positivamente pela sociedade. A transparência nos negócios e uma comunicação de mão dupla que saiba o que dizer, mas também seja capaz de ouvir os consumidores de todas as faixas de renda, é um bom desafio em que todos ganham.

Essa adequação das empresas é urgente, pois, esperamos que a ascensão das faixas mais pobres da população seja uma tendência irreversível que garanta o sonhado fim da pobreza e o alcance de qualidade de vida para todos. Nos últimos anos assistimos a esse movimento de pessoas que antes mal consumiam para a sua própria sobrevivência e hoje já integram uma nova classe média, com poder de consumo e também ávida pela conquista de respeito e de seus direitos como cidadãos.

Quebrar paradigmas, vencer preconceitos e buscar os caminhos de um desenvolvimento mais sustentável são bandeiras defensáveis do ponto de vista moral, mas também condições sine qua non para o futuro dos negócios. São mudanças que beneficiam a todos: empresários, consumidores e, enfim, todos os cidadãos brasileiros.

*Paulo Itacarambi é vice-presidente executivo do Instituto Ethos

(Envolverde/Instituto Ethos)

Cooperativa transforma banners em alternativa de renda para comunidade local


Basta lavar, recortar, inventar e costurar, e o banner vira um produto capaz de gerar renda e reduzir os prejuízos ao meio ambiente. É o que vem fazendo as artesãs da Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos de Planaltina, no condomínio Arapoanga, em Planaltina (GO). Com os banners, elas produzem ecobegs e outros produtos. Além disso, com a técnica adquirida, as artesãs repassam seu conhecimento a outros grupos, estimulando a inserção de novas artesã no mercado de trabalho.

De acordo com Elisângela Araujo Santos, coordenadora da cooperativa, o objetivo é a inclusão social por meio da geração de trabalho e renda para comunidades de baixa renda, de acordo com os princípios do comércio justo e do respeito ambiental O projeto,, que conta com o apoio da Fundação Banco do Brasil, Programa Providência da Arquidiocese de Brasília e Sebrae no Distrito Federal, por meio do projeto Empreendedorismo Social, é desenvolvido em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia.


Mobilizadores COEP - Qual a realidade socioeconômica da comunidade Condomínio Arapoangas, na cidade de Planaltina?

R.: Este loteamento abriga pessoas de baixa renda. Hoje, o condomínio Arapoanga deve contar com cerca de mil famílias. Os principais problemas que enfrentamos são a falta de saneamento básico, ruas sem asfalto, transporte precário e dificuldades de emprego.

Mobilizadores COEP - Quando e como surgiu a ideia de reciclar banners?

R.: Bom, antigamente o pessoal do nosso condomínio fazia segurança e limpeza de condomínios particulares, como o Império dos Nobres, em Sobradinho. A cooperativa surgiu para dar uma unidade a esta prestação de serviço, mas foi à falência.  Tempos depois, a fundadora da cooperativa, Maria da Páscoa, reabriu a cooperativa, com outro foco: o artesanato. A ideia era possibilitar às mulheres do condomínio uma alternativa de trabalho perto de casa, para que pudessem continuar cuidando de suas famílias.

A princípio, foi feito trabalho com tapeçaria, mas ficava muito caro, e o resultado não tinha a qualidade ideal. Mais uma vez a cooperativa paralisou suas atividades até que Antonieta Contini, gerente de empreendedorismo do Sebrae no DF, nos procurou para ensinar a fazer bolsas a partir de material reciclado. Para tanto, pegou alguns banners do Sebrae que não estavam sendo usados, e acabou dando certo. Estamos nisso há mais ou menos dois anos.

Com o apoio da Fundação Banco do Brasil, do Programa Providência da Arquidiocese de Brasília e do Sebrae no Distrito Federal, por meio do projeto Empreendedorismo Social, o trabalho da cooperativa é desenvolvido em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia. O objetivo é a inclusão social por meio da geração de trabalho e renda para comunidades de baixa renda, de acordo com os princípios do comércio justo e do respeito ambiental.
 
Mobilizadores COEP - Qualquer banner pode ser reciclado? Que tipo de tratamento eles recebem antes de serem utilizados para produção das peças?

R.: Não usamos os banners muito grossos ou ásperos, pois machucam as mãos na hora da costura e ressecam e quebram com o tempo. Preferimos os mais maleáveis. Quando temos sobras de campanhas, ou seja, banners que não foram usados, não precisamos lavá-los. Já os que são reutilizados precisam ser lavados com água e sabão e auxílio de uma bucha. Primeiro, os cortamos e depois os lavamos, pois fica mais fácil. Depois de seco, o material segue para a costura. Tudo é feito na própria cooperativa.

Mobilizadores COEP - Que produtos são feitos a partir dos banners? Quanto custam em média e onde são comercializados? Qual é a renda média mensal obtida pelos integrantes da cooperativa?

R.: O nosso carro-chefe são as sacolas. Temos as sacolas promocionais, feitas sob encomenda para empresas que desejam dá-las de brinde. Neste caso, só fazemos de 100 peças para cima, e cada sacola custa, em média, R$ 2,50. Também confeccionamos sacolas mais elaboradas para serem vendidas em feiras. Uma sacola destas pode chegar a R$ 45,00. Ainda confeccionamos mochilas, nécessaires, dentre outros produtos.

Temos quatro funções básicas dentro da cooperativa: pessoas que se dedicam à lavagem dos banners; outras que cortam o material; as costureiras; e as auxiliares de costura. Cada uma ganha pelo que produz. Uma costureira, por exemplo, pode chegar a tirar R$ 900,00 mensais.
 
Mobilizadores COEP - Como os banners utilizados como matéria prima são obtidos?

R.: No início, tudo era doado. Hoje, este é um dos problemas enfrentados pela cooperativa. As empresas do governo continuam doando o material, mas as privadas, em geral, cobram. Isso encarece o preço final dos produtos e emperra o crescimento da cooperativa.
 
Mobilizadores COEP - Quais os principais benefícios deste tipo de reciclagem?

R.: Esses banners seriam jogados fora e demorariam anos para se decompor, pois são de difícil degradação, compostos de plástico e fibra. O nosso trabalho não só ajuda a reduzir o lixo, como também gera trabalho e renda para muitas pessoas. Até as tirinhas que não são utilizadas nas sacolas agora têm um destino. Doamos estas tirinhas para outro grupo de artesãs, do meio rural, e elas confeccionam porta papéis higiênicos com o material. Cada vez sobram menos resíduos. Além disso, são criados produtos diferenciados e criativos.
 
Mobilizadores COEP - A cooperativa recicla outros tipos de material?

R.: Estamos fazendo uma experiência com lona de caminhoneiro a pedido de uma empresa.
 
Mobilizadores COEP - De que forma o trabalho coletivo possibilitou maior interação entre os integrantes das comunidades e gerou alternativas de renda?

R.: Hoje, além de confeccionarmos as sacolas, também damos cursos para três grupos de artesãs: além do grupo que trabalha com as tirinhas para fazer porta papel higiênico, temos mulheres que aprenderam a trabalhar com faixas amarelas de propaganda e montam bolsas e um outro grupo que trabalha com lona de cortina e também faz ecobegs. A ideia é expandirmos esta área de capacitação para inserir cada vez mais artesãs no mercado de trabalho.
 
Mobilizadores COEP - Que tipo de incentivos e programas são necessários para dar visibilidade a um trabalho como o desenvolvido pela cooperativa?

R.: Pelo que percebo, muitos cursos já vêm sendo dados, até mesmo pelo governo. O que falta é inserir estes profissionais no mercado de trabalho depois de concluírem suas capacitações. O trabalho com reciclagem é uma grande alternativa.

Mobilizadores COEP - O que é preciso para que a iniciativa possa ser replicada em outras localidades?

R.: Acho que união, parceria com empresas, órgãos públicos, e vontade de repassar o conhecimento adquirido.

Mobilizadores COEP – Como interessados podem fazer pedidos à cooperativa?
 R.: Podem ligar para o meu celular: (61) 9174-5668.
 
Entrevista do Grupo Geração de Trabalho e Renda
Concedida à: Renata Olivieri
Editada por: Eliane Araujo
SITE: http://www.mobilizadores.org.br/coep/Publico/consultarConteudo.aspx?TP=V&CODIGO=C20111711136961
Data: 11/1/2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O meio ambiente contra-ataca

19/01/2011 - 11h01 - O meio ambiente contra-ataca
Por Jeffrey D. Sachs*


Em grande medida, nossos sistemas políticos e a política global não estão preparados para os grandes desafios reais do mundo atual. O crescimento econômico global e o aumento das populações estão pressionando como nunca antes o ambiente físico e estas pressões, por sua vez, estão trazendo desafios sem precedentes para nossas sociedades. No entanto, os políticos sabem muito pouco destas tendências. Os governos não estão preparados ou organizados para fazer frente a estes desafios. Com isso, as crises que são eminentemente ambientais são tratadas com as estratégias obsoletas da guerra e da diplomacia.

Vejamos, por exemplo, a situação de Darfur, Leste do Sudão, onde um horrível conflito está sendo abordado com ameaças de força militar, sanções econômicas e, em geral, com uma linguagem de guerra e manutenção da paz. No entanto, a origem indubitável do problema é a extrema miséria da região, que piorou desastrosamente durante os anos 80 por conta de uma seca que está durando até hoje.

Isso leva a crer que as mudanças climáticas de longo prazo estão levando a menos precipitações não apenas na região do Sudão, mas também em grande parte da África imediatamente abaixo do Deserto do Saara – uma área onde a vida depende das chuvas e a seca significa morte. Dafur está atolado em uma armadilha mortal induzida pela seca, mas a ninguém ocorreu ainda abordar esta crise sob uma perspectiva de desenvolvimento de longo prazo em lugar de uma perspectiva de guerra.

A Região precisa mais de uma estratégia de água do que de uma estratégia militar. Seus sete milhões de habitantes não podem sobreviver sem um novo enfoque, que lhes dê a oportunidade de cultivar e dar de beber a seus animais. No entanto, todas as práticas das Nações Unidas abordam o tema através de sanções e exércitos, e não se vislumbra um caminho que conduza à paz.

A pressão sobre a água está se convertendo em um importante obstáculo para o desenvolvimento econômico em muitas partes do mundo. A crise da água em Gaza é causa de doenças e sofrimento entre os palestinos, e é uma das principais fontes de tensão entre palestinos e israelenses. Mais uma vez são gastos milhões de dólares em bombardeios e destruição, enquanto não se faz praticamente nada em relação à crescente crise de água.

China e Índia também terão de enfrentar grandes crises de abastecimento de água nos próximos anos, com conseqüências potencialmente terríveis. O rápido desenvolvimento econômico destes dois gigantes se iniciou há quarenta anos, com a introdução de maiores safras agrícolas e o fim da fome. No entanto, parte deste aumento da produção agrícola foi ajudado por milhões de poços cavados para trazer à superfície a água subterrânea. Agora o nível dos lençóis freáticos está abaixando a um ritmo muito perigoso.

Se extrai água muito mais rápido do que a reposição dos aqüíferos. Além disso, tirando os padrões pluviais, as mudanças climáticas estão alterando o fluxo dos rios, já que os glaciares que oferecem uma grande quantidade de água para irrigação e uso doméstico estão derretendo mais rapidamente por conta do aquecimento global. A neve das montanhas está derretendo mais cedo do que de costume, o que significa também menos água nos rios no verão.

Por todas estas razões Índia e China estão experimentando sérias crises de água, e é provável que o problema se intensifique no futuro. Para os Estados unidos também há riscos. Os estados do meio-oeste e do sudoeste já experimentaram uma séria seca que já pode ser resultado do aquecimento global, e os estados onde há produção granjeira dependem muito da água e de uma enorme reserva subterrânea que está quase acabando devido à superexploração.

Do mesmo modo que as pressões sobre a oferta de petróleo e gás elevaram os preços da energia, as pressões ambientais poderiam agora elevar os preços dos alimentos e da água em muitas partes do mundo. Devido às ondas de calor e secas, além de outras pressões do clima este ano nos Estados Unidos, Europa e Austrália, os preços do trigo estão disparando a seus níveis mais altos em décadas. Assim, as pressões ambientais estão corroendo os lucros e afetando as receitas e os meios de subsistência em todo o mundo.

Com o aumento das populações, o crescimento econômico e as mudanças climáticas, vamos enfrentar a intensificação das secas, furacões, tufões, o El Nino, pressões sobre a água, extinções de espécies e outros problemas. Os temas mais brandos do meio ambiente e do clima se converteram em temas urgentes e estratégicos para o século XXI.

No entanto, nossos governos e a política Mundial apenas tomam conhecimento desta verdade fundamental. As pessoas que falam de fome e da crise ambiental são tratadas como “sonhadores estúpidos” diante dos “realistas práticos” que se ocupam da guerra e da paz. Isto é uma bobagem. Os chamados “realistas” simplesmente não entende as fontes das tensões e pressões que estão conduzindo a um mundo crescente de crises em todo o mundo.

Todos os nossos governos deveriam estabelecer Ministérios do Desenvolvimento Sustentável, com dedicação integral para tratar dos vínculos entre as mudanças ambientais e o bem estar humano. Os Ministérios de Agricultura não pderão lidar sozinhos com as carências de água que serão enfrentadas pelos agricultores. Os Ministérios da Saúde não conseguirão administrar o aumento das doenças contagiosas provocadas pelo aquecimento global.

Os Ministérios de Meio Ambiente não poderão enfrentar as pressões sobre os oceanos e florestas, ou as conseqüências de fenômenos climáticos extremos como o furacão Katrina, do ano passado, ou o tufão Saomai, o pior que já atingiu a China em Muitas décadas. Um novo e poderoso ministério deveria encarregar-se de coordenar as respostas às mudanças climáticas, as pressões sobre a água e outras crises dos ecossistemas.

A nível global, os governos do mundo deveriam entender que os tratados que assinaram em anos recentes sobre o clima, o meio ambiente e a biodiversidade são ao menos de igual importância para a segurança global do que todas as zonas de guerra e conflitos que ganham as manchetes da mídia, os orçamentos e a atenção.

Ao concentrar-se nos objetivos subjacentes ao desenvolvimento sustentável nossos governos poderiam mais facilmente acabar com as crises atuais e evitar muitas outras no futuro.

*Jeffrey D. Sachs é professor de economia e Diretor do Instituto da Terra da Universidade de Columbia -http://www.project-syndicate.org/

**Tradução: Adalberto Wodianer Marcondes

***Nota do editor: Este texto foi publicado pela primeira vez na Envolverde em 2006. No entanto, pela atualidade, mereceu ser republicado.

(Envolverde/www.project-syndicate.org)

Greenpeace transforma palitinhos em árvores novamente


Não, ainda não descobrimos uma maneira de “reciclagem” que pode transformar os palitinhos em uma árvore viva novamente, mas o Greenpeace conseguiu moldar os palitos em forma de árvore, pelo menos.
A idéia era chamar a atenção das pessoas para quantas árvores são cortadas apenas para que tenhamos palitinhos de madeira descartáveis quando vamos comer um sushi – afinal, poderíamos reutilizar palitos de outros materiais, como plástico ou metal.
Cerca de 200 voluntários de várias universidades de Pequim atenderam ao “chamado” do Greenpeace e se reuniram para coletar hashis (o nome tradicional do popular “pauzinho”) em restaurantes da capital chinesa. Eles limparam o material e montaram árvores com ele, esperando conscientizar os chineses da forma com que eles gastam recursos naturais.
Estima-se que, todos os anos, a China “sacrifique” 3,8 milhões de árvores, apenas para produzir os hashis descartáveis que, depois de serem usados, vão para o lixo e dificilmente são reciclados.
Confira mais imagens:



Separação de lixo é lei, mas poucos seguem - SC

Separação de lixo é lei, mas poucos seguem -11/01/201

No dia 1º de janeiro, entrou em vigor a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que, entre outras coisas, exige que a população separe os lixos recicláveis de acordo com o tipo de material. No Condomínio Guanabara, em Joinville, as cestinhas de lixo identificadas e com cores diferentes já existem há dois anos.

— Nosso objetivo sempre foi criar uma consciência ambiental entre os nossos moradores, mas nem todos fazem a separação —, afirma o síndico Carlos Roberto da Silva.

Segundo ele, muita gente não tem ainda nem a consciência da importância de reciclar.

— Além das lixeiras coloridas, temos locais para colocar todo tipo de material reciclável, para facilitar. Agora, temos de conhecer essa nova lei para saber como fazer —, afirmou Silva.

A dúvida do síndico é a mesma de muitos moradores, que mal conhecem a nova lei. Até mesmo a Engepasa, empresa responsável pela coleta seletiva em Joinville, não sabe todas as questões em que a lei precisa ser aplicada.

— Nosso departamento jurídico ainda está analisando cada ponto do documento. Não posso dizer em quais Joinville já está atuando de forma adequada, mas acredito que a maioria nós já atendemos —, ressalta o gerente-geral da Engepasa, Luiz Antônio Weinert.

Os dois acreditam que não basta apenas uma lei para regularizar. É preciso, antes de tudo, a conscientização.

— Em nosso prédio, alguns moradores pediram para tirar as lixeiras de alguns pontos porque as pessoas misturavam o reciclado com material orgânico e o cheiro incomodava —, disse Silva.

— Não acredito que essa lei consiga mudar a cultura da população —, afirma Weinert.

Segundo a Engepasa, são recolhidas 520 toneladas de lixo reciclado por mês, o equivalente a 6% do lixo produzido na cidade. O ideal, conforme a empresa, seriam 30%.

— Outra questão que precisa mudar é sobre o lixo orgânico, que hoje soma 60% do total. Tem muito resto de comida, coisas que poderiam ser melhor aproveitas. Nossa cidade está em uma situação favorável, com aterro para alguns anos. Mas e daqui a 20 anos como vai ser? —, pergunta Weinert.

Fonte: Diário Catarinense


Respostas

  • Cada Um Tem 2 Vagas De Garagem, Mas Há Condominos Com Carros Que Não Cabem No Espaço Delimitado. Há Lei ?

  • Existe Alguma Lei Que Proibe Ou Obriga A Entrada De Caminhões De Coleta De Lixo Urbano Nos Condominios?

  • Existe Alguma Lei Que Façam Retirarem O Lixo Do Meu Andar?

  • Procurando respostas? Faça sua pergunta aqui.


  • Fornecedores
  • A Reciclagem No Brasil Comercio De Sucatas Ltda

  • Reciclagem De Lixo Eletronico Computadores,aparelhos Telefonicos,monitores,cpu,ferro,cobre E Aluminio Sao Paulo/SP
  • Atlanta Individualizadora E Adm. De Agua Em Condominio

  • Nossa Estratégia De Diferenciação Em Relação à Concorrência Não Se Resume Somente Ao Melhor Preço, Mas Está Fundamentada Na Seleção De Conceitos Que Atendam De Sao Paulo/SP
  • Mas Assessoria Contabil, Fiscal, Pessoal E Juridica Ltda

  • Administração de Condomínios, Contabilidade, em Rio De Janeiro/RJ
  • Sua empresa não esta aqui?

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    terça-feira, 18 de janeiro de 2011

    belo monte

    O Presidente do IBAMA se demitiu na quarta-feira passada devido à pressão para autorizar a licença ambiental de um projeto que especialistas consideram um completo desastre ecológico: o Complexo Hidrelétrico de Belo Monte.
    A mega usina de Belo Monte iria cavar um buraco maior que o Canal do Panamá no coração da Amazônia, alagando uma área imensa de floresta e expulsando milhares de indígenas da região. As empresas que irão lucrar com a barragem estão tentando atropelar as leis ambientais para começar as obras em poucas semanas.
    A mudança de Presidência do IBAMA poderá abrir caminho para a concessão da licença – ou, se nós nos manifestarmos urgentemente, poderá marcar uma virada nesta história. Vamos aproveitar a oportunidade para dar uma escolha para a Presidente Dilma no seu pouco tempo de Presidência: chegou a hora de colocar as pessoas e o planeta em primeiro lugar. Assine a petição de emergência para Dilma parar Belo Monte – ela será entregue em Brasília, vamos conseguir 300.000 assinaturas:

    sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

    Sr. Akimori, inventou uma maquina que converte plastico em oleo

    Sr. Akimori, inventou uma maquina que converte plastico em oleo

    In an efficient and safe effort to save us from the ill-effects of plastic waste, Akinori Ito has developed a machine which converts plastic back into oil.

    http://www.flixxy.com/convert-plastic-to-oil.htm

    Revista Brasileira de Educação Ambiental (REVBEA

    Caros Educadores e Militantes Socioambientais,
    A Revista Brasileira de Educação Ambiental (REVBEA), publicação da Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA), acaba de publicar o seu primeiro número no Sistema de Editoração Eletrônica de Revistas (Sistema SEER), em parceria com a Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Acesse a REVBEA em http://www.seer.furg.br/ojs/index.php/revbea.
    O último número da revista encontra-se na seção "Atual" ou no link http://www.seer.furg.br/ojs/index.php/revbea/issue/current
    Convidamos você a navegar no sumário da revista para acessar os artigos e itens de interesse. Pedimos sua colaboração para nos auxiliar na divulgação e popularização do periódico junto às redes de contatos, fóruns e outras listas que integram. Contribuam com a submissão de artigos. Cadastrem-se no Sistema SEER para acompanhar a REVBEA. Enviem suas impressões, sugestões e críticas.
    O último número da revista encontra-se na seção "Atual" ou no link http://www.seer.furg.br/ojs/index.php/revbea/issue/current
    Aguardamos a sua visita. Boa Leitura!
    Maria do Carmo Galiazzi (mcgaliazzi@gmail.com)
    Editores

    quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

    “Índice de Valores Humanos – IVH”

    PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – cria “Índice de Valores Humanos – IVH” e sugere Políticas Públicas de promoção de valores. 
    O terceiro Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) Brasil 2009/2010, lançado em agosto de 2010, divulga o Índice de Valores Humanos -IVH, que indica o grau de respeito a valores nas áreas de saúde, conhecimento e padrão de vida — as mesmas categorias levadas em conta no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) 
    O índice demonstra a importância da aplicação dos Valores Humanos  na saúde, educação e trabalho e é um índice de referência para sugestões de Politicas Públicas de promoção de valores. 
    O Índice de Valores Humanos - IVH do Brasil é 0,59, valor que equivale à média dos três subíndices que o compõem. O melhor índice é o ligado a trabalho (chamado IVH-T): 0,79,  seguido da educação (IVH-E): 0,54, e o pior é o da saúde (IVH-S): 0,45. (O valor máximo do IVH é 1 e o mínimo, 0). 
    Para melhorar o IVH do Brasil, o terceiro Relatório defende que a política adote estratégia de atuação com o cidadão, não apenas para ele, e com as famílias, entendida como rede de cuidado e afeto. 
    Propõe "processos de formação de políticas nos quais os indivíduos possam ver estimuladas suas habilidades de participação ativa e autônoma na construção das soluções” e, nas famílias, a reorganização do tempo e do espaço, para gerar mais chances de que haja vivências que criem valores. “As políticas com as famílias devem oferecer suporte a elas para que seus membros se sintam mais capazes de estimular o diálogo, a criticidade, a escuta ativa e o respeito mútuo”, sugere o documento. 
    O desafio principal, nas escolas, é melhorar a convivência — dentro da instituição de ensino e entre professores e pais de alunos. “A tarefa de humanização das escolas através do estímulo a práticas e experiências de valor está longe de ser uma panaceia aos desafios da educação básica no país. Mas pode ser uma ajuda e uma contribuição à ambição da busca por justiça social através da educação”. http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3539&lay=cid 
    O coordenador do RDH 2009/2010, Flávio Comim, conta que boa parte do que apareceu em relação à educação não foi uma demanda por mais conteúdo nas escolas, mas uma carência de que o espaço escolar também transmita valores aos alunos.
    Segundo o texto, é tarefa dos governos investir em espaços públicos que propiciem experiências que geram valores.
    Os valores mais citados pelos participantes da consulta foram respeito, justiça, paz, ausência de preconceito, humanidade, amor, honestidade, valor espiritual, responsabilidade e consciência. Para o coordenador do relatório, isso “nos leva a um conceito novo de valores de vida: nem só morais ou éticos, nem só financeiros, são os valores praticados no dia-a-dia.” 
    Para o coordenador do RDH Brasil 2009/2010, Flávio Comim,  “o novo índice busca dar materialidade à discussão sobre a importância dos valores para o desenvolvimento humano”. Fala também da correlação direta entre IDH e o IVH. “O IDH concentra-se nos resultados. O IVH desloca a atenção para os processos que levam a um pior ou melhor desenvolvimento humano. Os dois índices são complementares”.  
    Os dados evidenciam que valores humanos são a base que garantem o desenvolvimento humano sustentável.

    Família que produziu um saco de lixo em 2010

    O casal Richard e Rachelle Strauss e a filha Verona, de 9 anos, reciclam praticamente tudo, plantam grande parte da própria comida e transformam restos de alimento em adubo
    Uma família britânica diz ter conseguido produzir apenas uma sacola de lixo em todo o ano de 2010. O casal Richard e Rachelle Strauss e a filha Verona, de 9 anos, reciclam praticamente tudo, plantam grande parte da própria comida e transformam restos de alimento em adubo.
    Além disso, eles compram produtos diretamente de produtores locais para evitar embalagens em excesso e quando vão ao açougue, por exemplo, eles levam os próprios recipientes.
    Em 2009, eles conseguiram reduzir sua produção de lixo para apenas uma lata. Em 2010, os Strauss, que vivem em Longhope, no condado de Gloucestershire, eles decidiram aumentar o desafio e não produzir lixo nenhum.
    "Estamos muito felizes com o resultado. Nós sabíamos que produção 'zero' de lixo seria impossível, mas se você não colocar as metas lá no alto, nunca vai saber o que pode alcançar", disse Rachelle Strauss.
    A pequena sacola de lixo continha alguns brinquedos quebrados, lâminas de barbear, canetas e negativos fotográficos.
    Contaminação por plástico
    A ideia de reduzir drasticamente a produção de lixo da família surgiu em 2008, mas quando Rachelle falou com o marido sobre sua proposta, percebeu que ele não estava interessado.
    "Richard só resolveu encampar a ideia depois de ler uma série de artigos sobre os danos causados à vida marinha pela contaminação por plástico. Ele ficou muito impressionado", disse Rachelle à BBC Brasil.
    Os Strauss começaram o desafio reduzindo o uso de plástico. Depois, passaram a reciclar e reaproveitar cada vez mais, além de usar baterias recarregáveis e painéis solares para gerar energia.
    A experiência foi contada em um site na internet, o http://www.myzerowaste.com/, que acabou virando referência sobre reciclagem e tem mais de 70 mil visitantes por mês.
    "Para quem quer reduzir a produção de lixo, minha primeira dica seria pensar no que você está comprando e escolher produtos com menos embalagem e com invólucros que sejam recicláveis. Em segundo lugar, é importante evitar o desperdício de alimento. Aqui na Grã-Bretanha, um terço da comida que compramos acaba no lixo. Em terceiro lugar, tente reciclar o máximo que puder", aconselha Rachelle.

    domingo, 9 de janeiro de 2011

    O Guia de aves Mata Atlântica Paulista

    O Guia de aves Mata Atlântica Paulista, produzido pelo WWF-Brasil e pela Fundação Florestal do Estado de São Paulo com o apoio do HSBC, tem como objetivo incentivar a prática da observação de aves na bela região da Serra do Mar e Serra de Paranapiacaba. A obra foi pensada para ajudar todos os observadores, iniciantes ou mais experientes, a descobrir e desfrutar a riqueza multicolorida das aves dessas áreas protegidas.

    Pode ser comprado nos parques por R$ 10, mas também existe a versão digital, segue link para download grátis:
    http://www.wwf.org.br/informacoes/?26722/Guia-de-aves-Mata-Atlantica-Paulista

    O império do consumo

    O império do consumo

    Envolverde30 de dezembro de 2010 às 11:25h

    Esta ditadura da uniformização obrigatória impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar. Por Eduardo Galeano
    Por Eduardo Galeano
    A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.
    O sistema fala em nome de todos, dirige a todos as suas ordens imperiosas de consumo, difunde entre todos a febre compradora; mas sem remédio: para quase todos esta aventura começa e termina no écran do televisor. A maioria, que se endivida para ter coisas, termina por ter nada mais que dívidas para pagar dívidas as quais geram novas dívidas, e acaba a consumir fantasias que por vezes materializa delinquindo.
    Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efémera, que se esgota como se esgotam, pouco depois de nascer, as imagens disparadas pela metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas para que outro mundo vamos mudar-nos?
    A explosão do consumo no mundo atual faz mais ruído do que todas as guerras e provoca mais alvoroço do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco: quem bebe por conta, emborracha-se o dobro. O carrossel aturde e confunde o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a cultura de consumo soa muito, tal como o tambor, porque está vazia. E na hora da verdade, quando o estrépito cessa e acaba a festa, o borracho acorda, só, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos partidos que deve pagar.
    A expansão da procura choca com as fronteiras que lhe impõe o mesmo sistema que a gera. O sistema necessita de mercados cada vez mais abertos e mais amplos, como os pulmões necessitam o ar, e ao mesmo tempo necessitam que andem pelo chão, como acontece, os preços das matérias-primas e da força humana de trabalho.
    O direito ao desperdício, privilégio de poucos, diz ser a liberdade de todos. Diz-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa dormir as flores, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores são submetidas a luz contínua, para que cresçam mais depressa. Nas fábricas de ovos, as galinhas também estão proibidas de ter a noite. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem a metade dos sedativos, ansiolíticos e demais drogas químicas que se vendem legalmente no mundo, e mais da metade das drogas proibidas que se vendem ilegalmente, o que não é pouca coisa se se considerar que os EUA têm apenas cinco por cento da população mundial.
    “Gente infeliz os que vivem a comparar-se”, lamenta uma mulher no bairro do Buceo, em Montevideo. A dor de já não ser, que outrora cantou o tango, abriu passagem à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. “Quando não tens nada, pensas que não vales nada”, diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, de Buenos Aires. E outro comprova, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: “Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas e vivem suando em bicas para pagar as prestações”.
    Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.
    O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde a quantidade com a qualidade, confunde a gordura com a boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a “obesidade severa” aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou uns 40% nos últimos 16 anos, segundo a investigação recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado.
    O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar só sai do automóvel par trabalhar e para ver televisão. Sentado perante o pequeno écran, passa quatro horas diárias a devorar comida de plástico.
    Triunfa o lixo disfarçado de comida: esta indústria está a conquistar os paladares do mundo e a deixar em farrapos as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que veem de longe, têm, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade, são um patrimônio coletivo que de algum modo está nos fogões de todos e não só na mesa dos ricos.
    Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão a ser espezinhadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food. A plastificação da comida à escala mundial, obra da McDonald’s, Burger King e outras fábricas, viola com êxito o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas.
    O campeonato mundial de futebol de 98 confirmou-nos, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola brinda eterna juventude e o menu do MacDonald’s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército de McDonald’s dispara hambúrgueres às bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O arco duplo desse M serviu de estandarte durante a recente conquista dos países do Leste da Europa. As filas diante do McDonald’s de Moscou, inaugurado em 1990 com fanfarras, simbolizaram a vitória do ocidente com tanta eloquência quanto o desmoronamento do Muro de Berlim.
    Um sinal dos tempos: esta empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. A McDonald’s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama a Macfamília, tentaram sindicalizar-se num restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas em 1998, outros empregados da McDonald’s, numa pequena cidade próxima a Vancouver, alcançaram essa conquista, digna do Livro Guinness.
    As massas consumidoras recebem ordens num idioma universal: a publicidade conseguiu o que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que o televisor transmite. No último quarto de século, os gastos em publicidade duplicaram no mundo. Graças a ela, as crianças pobres tomam cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite, e o tempo de lazer vai-se tornando tempo de consumo obrigatório.
    Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisor e o televisor tem a palavra. Comprados a prazo, esse animalejo prova a vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as virtudes dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos inteiram-se das vantajosas taxas de juros que este ou aquele banco oferece.
    Os peritos sabem converter as mercadorias em conjuntos mágicos contra a solidão. As coisas têm atributos humanos: acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o automóvel é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados.
    As angústias enchem-se atulhando-se de coisas, ou sonhando fazê-lo. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te salvam do anonimato multitudinário.
    A publicidade não informa acerca do produto que vende, ou raras vezes o faz. Isso é o que menos importa. A sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias: Em quem o senhor quer converter-se comprando esta loção de fazer a barba? O criminólogo Anthony Platt observou que os delitos da rua não são apenas fruto da pobreza extrema. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social do êxito, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Sempre ouvi dizer que o dinheiro não produz a felicidade, mas qualquer espectador pobre de TV tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro produz algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas.
    Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX pôs fim a sete mil anos de vida humana centrada na agricultura desde que apareceram as primeiras culturas, em fins do paleolítico. A população mundial urbaniza-se, os camponeses fazem-se cidadãos. Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação, e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em toda parte, mas por experiência sabem que atende nas grandes urbes.
    As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os que esperam veem passar a vida e morrem a bocejar; nas cidades, a vida ocorre, e chama. Apinhados em tugúrios [casebres], a primeira coisa que descobrem os recém chegados é que o trabalho falta e os braços sobram.
    Enquanto nascia o século XIV, frei Giordano da Rivalto pronunciou em Florença um elogio das cidades. Disse que as cidades cresciam “porque as pessoas têm o gosto de juntar-se”. Juntar-se, encontrar-se. Agora, quem se encontra com quem? Encontra-se a esperança com a realidade? O desejo encontra-se com o mundo? E as pessoas encontram-se com as pessoas? Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente se encontra com as coisas?
    O mundo inteiro tende a converter-se num grande écran de televisão, onde as coisas se olham mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. As estações de ônibus e de comboios, que até há pouco eram espaços de encontro entre pessoas, estão agora a converter-se em espaços de exibição comercial.
    O shopping center, ou shopping mall, vitrine de todas as vitrines, impõe a sua presença avassaladora. As multidões acorrem, em peregrinação, a este templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que os seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora submete-se ao bombardeio da oferta incessante e extenuante.
    A multidão, que sobe e baixa pelas escadas mecânicas, viaja pelo mundo: os manequins vestem como em Milão ou Paris e as máquinas soam como em Chicago, e para ver e ouvir não é preciso pagar bilhete. Os turistas vindos das povoações do interior, ou das cidades que ainda não mereceram estas bênçãos da felicidade moderna, posam para a foto, junto às marcas internacionais mais famosas, como antes posavam junto à estátua do grande homem na praça.
    Beatriz Solano observou que os habitantes dos bairros suburbanos vão ao center, ao shopping center, como antes iam ao centro. O tradicional passeio do fim de semana no centro da cidade tende a ser substituído pela excursão a estes centros urbanos. Lavados, passados e penteados, vestidos com as suas melhores roupas, os visitantes vêm a uma festa onde não são convidados, mas podem ser observadores. Famílias inteiras empreendem a viagem na cápsula espacial que percorre o universo do consumo, onde a estética do mercado desenhou uma paisagem alucinante de modelos, marcas e etiquetas.
    A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo ao desuso mediático. Tudo muda ao ritmo vertiginoso da moda, posta ao serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje a única coisa que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, resultam ser voláteis como o capital que as financia e o trabalho que as gera.
    O dinheiro voa à velocidade da luz: ontem estava ali, hoje está aqui, amanhã, quem sabe, e todo trabalhador é um desempregado em potencial. Paradoxalmente, os shopping centers, reinos do fugaz, oferecem com o máximo êxito a ilusão da segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, para além das turbulências da perigosa realidade do mundo.
    Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efêmera, que se esgota como esgotam, pouco depois de nascer, as imagens que dispara a metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas a que outro mundo vamos nos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar no conto de que Deus vendeu o planeta a umas quantas empresas, porque estando de mau humor decidiu privatizar o universo?
    A sociedade de consumo é uma armadilha caça-bobos. Os que têm a alavanca simulam ignorá-lo, mas qualquer um que tenha olhos na cara pode ver que a grande maioria das pessoas consome pouco, pouquinho e nada, necessariamente, para garantir a existência da pouca natureza que nos resta.
    A injustiça social não é um erro a corrigir, nem um defeito a superar: é uma necessidade essencial. Não há natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.

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