quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Brasil é o segundo país mais desigual do G-20, aponta estudo

quinta , 19/1/2012, Redação Época

Um levantamento feito pela ONG Oxfam, baseada no Reino Unido mas hoje com escritórios em mais de 90 países, mostrou que o Brasil ainda é o segundo país mais desigual do G-20, atrás apenas da África do Sul, que ficou quase cinco décadas mergulhada no Apartheid, sistema de segregação racial que privilegiava os brancos em detrimento dos negros. Na lista divulgada pela ONG, aparecem imediatamente à frente do Brasil outros países emergentes: México, Rússia, China, Turquia e Argentina. Os países menos desiguais são França, Coreia do Sul, Alemanha, Canadá e Itália.
Segundo a BBC Brasil, a Oxfam nota no estudo Deixados para trás pelo G-20” (confira a íntegra) que o Brasil teve sucesso recentemente no combate à desigualdade, e prevê que, se o país crescer 3,6% (previsão do FMI) em 2012 e 4% nos anos seguintes, poderá reduzir em quase dois terços o número de pessoas abaixo da linha da pobreza até 2020. A ONG pondera, entretanto, que as medidas para reduzir a desigualdade precisam continuar em vigor.

“Mesmo que o Brasil tenha avanços no combate da pobreza, ele é ainda um dos países
mais desiguais do mundo, com uma agenda bem forte pendente nesta área”, disse à
BBC Brasil o chefe do escritório da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst. Para ele, é
importante que o governo dê continuidade às políticas de transferência de renda,
como o Bolsa Família, e que o Estado intervenha para melhorar o sistema de
distribuição. “Os mercados podem criar empregos, mas não vão fazer uma
redistribuição (de renda)”, afirma.

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Ao assumir o governo em 2011, a presidente Dilma Rousseff estabeleceu o fim da miséria como a principal prioridade de seu mandato. Segundo os números oficiais do governo, o Brasil tem 16 milhões de pessoas vivendo na miséria.
O ranking da desigualdade do G20*, segundo a Oxfam, é o seguinte:
1º França
2º Coreia do Sul
3º Alemanha
4º Canadá
5º Itália
6º Austrália
7º Índia
8º Reino Unido
9º Japão
10º Estados Unidos
11º Indonésia
12º Argentina
13º Turquia
14º China
15º Rússia
16º México
17º Brasil
18º África do Sul
*não aparecem no ranking a União Europeia e a Arábia Saudita
José Antonio Lima

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012


07/01/2012 07h27 - Atualizado em 09/01/2012 10h43

Forno de papel custa R$ 15 e prepara alimentos com ajuda do sol no CE

Forno cozinha qualquer alimento com a luz do Sol, diz professor.
Divulgador do forno cita as vantagens de usar o forno solar.


André Teixeira
Do G1 CE
O professor de química e educador ambiental Lúcio Galvão percorre zonas rurais do sertão do Ceará ensinando a contruir um forno solar, capaz de cozinhar sem uso de lenha ou gás. O forno é feito de plástico, madeira, papelão e papel alumínio. De acordo com o professor, o custo para montar o equipamento fica em torno de R$ 15, mas o invento pode ser feito também com material encontrado em casa.
O fogão caseiro funciona usando o princípio do efeito estufa. A luz entra no forno por meio do plástico e fica retida interior na forma de calor, explica Galvão, professor da Universidade Estadual do Ceará. “Ele faz todos os tipos de cozido, só não torra nem frita”, diz.
O tempo para cozinhar no forno solar é mais longo que no forno a gás ou a lenha. “Mas a pessoa vai ficar livre de ficar mexendo a panela. Enquanto a comida está cozinhando, dá para ler, fazer outra coisa e ter certeza de que a comida não vai queimar”, diz. O feijão, por exemplo, leva meia hora para ficar pronto usando uma panela de pressão, enquanto, que, no forno solar, são cerca de duas horas.
Morador da cidade de Tauá, interior do Ceará, José Glidenor diz que aprendeu a fazer o forno em um curso do professor Galvão e fez uma réplica em casa. “Como curioso, decidi fazer um. No começo duvidei de que funcionava, mas hoje faço bolo, arroz, batata e qualquer outra coisa”,diz.
Galvão sugere também cozinhar grãos – arroz, ervilha, feijão etc. – após deixar de molho na água ainda no dia anterior. “O grão vai ficar bem inchadinho e vai ficar um sabor melhor”, recomenda.
O professor que divulga o forno diz que é comum que as pessoas duvidem do funcionamento do equipamento, mas depois as pessoas ficam “admiradas” com o resultado. “Ele chega a uma temperatura de mais de 100º C”, afirma.
Vantagens do forno solar
Lúcio Galvão diz que o forno a lenha, comum na região dos Inhamuns, no Ceará, gera muito dióxido de carbono, apontado pelos cientistas como o principal causador do aquecimento em escala global. Ainda conforme o professor de química, o ambiente das cozinhas com fumaça exalada pelos fogões tradicionais causa irritação aos olhos e coriza.

Régis Noronha, aluno de química inorgânica de Lúcio Galvão na UECE, já desenvolveu experimentos com o forno. Noronha diz também que o forno solar pode desidratar tomate e banana e esterilizar água. “Em nove horas obtivemos tomate seco quando colocamos o tomate com a casca virada para baixo”, diz o aluno.
Morador de Tauá cozinha batata doce no forno solar. (Foto: UECE/Divulgação)
Morador de Tauá cozinha batata doce no forno
solar. (Foto: UECE/Divulgação)
Divulgação do forno
O professor viaja por várias cidades do Ceará divulgando o uso do forno solar. Segundo Galvão, a maior dificuldade para que as pessoas desenvolvam o próprio fogão é por uma questão cultural. “As pessoas acham que comida exposta ao sol faz mal. Mas o que faz mal é o alimento exposto à temperatura ambiente. No forno solar, a temperatura passa dos 100º C, e não há micro-organismo patogênico que resista a essa temperatura.”

Ele também realiza oficinas em cidades do interior do Ceará e ensina a fazer o próprio forno. As oficinas duram dois dias. No primeiro, Galvão explica o funcionamento do equipamento; no segundo dia, as pessoas aprendem a fazer o próprio forno.
Ainda conforme o professor de química, o forno é capaz de cozinhar não apenas no Sertão cearense, onde a incidência solar é muito forte, mas em qualquer região, durante o dia. "O forno não precisa de calor, mas da luz. Ele pode ser usado em qualquer local, mas em algumas cidades o tempo para cozinhar pode ser um pouco mais longo."



sábado, 14 de janeiro de 2012

Mudar a governança mundial para salvar a Terra

Inter Press Service - Reportagens Notícias | 13/1/2012 - 09h36, por Stephen Leahy, da IPS
 O gelo derrete no Pico de Orizaba, vulcão do México. Foto: Mauricio Ramos/IPS
  
Uxbridge, Canadá, 13/1/2012 – A humanidade está levando o clima e os ecossistemas da Terra a um limite crítico, por isso são necessárias novas formas de cooperação internacional e governança, afirmam especialistas. “Enfrentamos uma emergência planetária”, alerta Owen Gaffney, do Programa Internacional de Geosfera-Biosfera, com sede em Estocolmo.“Necessitamos um ‘momento constitucional’ na política mundial, semelhante à mudança de governança ocorrida a partir de 1945, que levou à criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e de numerosas outras organizações internacionais”, disse Frank Biermann, da Universidade Livre de Amsterdã e diretor do Projeto Sistemas de Governança da Terra. “A humanidade enfrenta grandes desafios. São necessárias ações urgentes” afirmou Biermann à IPS.

Alguns desses desafios são a crescente pobreza, a falta de alimentos, de água e de segurança energética, a crise financeira, a mudança climática, a acidificação dos oceanos e a perda de biodiversidade. Todos esses problemas e suas soluções estão interligados.
Normalmente, os sistemas da Terra, complexos e mutuamente dependentes, podem se autocorrigir e conseguir estabilidade. Entretanto, podem chegar a pontos de quebra e depois mudar de maneira surpreendente e abrupta, disse Gaffney em uma entrevista. “Só podemos recordar como a crise do sistema hipotecário nos Estados Unidos quase causou o colapso do sistema financeiro mundial”, acrescentou.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que acontecerá entre 20 de 22 de junho, deveria ser o momento na história em que as nações se uniriam e encontrariam caminhos para assegurar “a própria sobrevivência da humanidade”, afirmou Gaffney. Este encontro marca o vigésimo aniversário da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, e os dez anos da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, de Johannesburgo.
Aconteceram muitas mudanças desde a primeira reunião no Rio de Janeiro, em 1992, conhecida como Cúpula da Terra. Hoje, mais de 90% dos sete bilhões de habitantes do planeta têm acesso a telefone celular e um terço pode acessar a internet, disse Gaffney. Além disso, as organizações da sociedade civil se espalharam por todo o mundo e se converteram em uma força global. “Estas são diferenças muito profundas com relação a 1992. Hoje, mais e mais pessoas se sentem cidadãs globais ou planetárias”, afirmou.
Antes da Rio+20, a comunidade científica mundial apresentará um completo informe sobre o “estado da Terra” na conferência Planeta sob Pressão, que acontecerá em Londres, entre 26 e 29 de março. Quase três mil especialistas de todo o mundo apresentarão um informe transcendental sobre a saúde da terra e as ameaças que enfrenta. Além disso, pela primeira vez, serão apresentadas completas recomendações sobre o que se deve fazer para evitar um desastre.

Uma das primeiras coisas que uma comunidade humana madura teria que fazer é solucionar seus problemas de governança internacional. Quase 20 anos de negociações internacionais sobre a mudança climática não conseguiram reduções significativas das emissões de gases-estufa, causadores do fenômeno. Para prevenir o perigoso aquecimento global será necessária uma ação urgente nesta década, alertam os cientistas.

Porém, as negociações climáticas são um exemplo. Especialistas em governança internacional são unânimes em apontar também o fracasso dos esforços para conseguir a igualdade e o consenso dentro da ONU na hora de tomar decisões significativas, afirmou Biermann. “Um país pode manter todo o mundo como refém”, ressaltou.

O Protocolo de Montreal para proteger a camada de ozônio é considerado o tratado ambiental mundial de maior êxito, e não utiliza o sistema das Nações Unidas. As decisões são tomadas apenas quando coincidem uma maioria de nações industrializadas e uma maioria das nações do Sul em desenvolvimento.
As negociações climáticas precisam mudar para algum tipo de sistema majoritário baseado no “voto qualificado”, afirmou Biermann. “Minha sugestão é que as nações do G-20 (industrializadas e emergentes) recebam 50% dos votos, outros países 25% e as organizações da sociedade civil os 25% restantes”, acrescentou.
O clima é apenas uma das “fronteiras planetárias” que a humanidade está ignorando, segundo documentará a conferência Planeta sob Pressão. Outra é a contínua perda de biodiversidade, da qual a humanidade também depende para sobreviver. A água potável é outra. Trata-se de um recurso limitado, mas seu consumo aumentou seis vezes no último século. Em muitos lugares a qualidade da água sofreu degradação, embora sua demanda cresça junto com a expansão das economias e das populações.

Em 2010, o Conselho Internacional para a Ciência alertou que “o funcionamento do sistema da Terra tal como o conhecemos está em risco”. Este organismo foi criado em 1931 como uma coalizão de órgãos e associações de cientistas de 141 países. É o principal motor da conferência que terá lugar em Londres.
“As sociedades devem mudar o curso para se afastar das fronteiras críticas, que podem causar uma mudança rápida e irreversível. O sistema de governança internacional precisa mudar”, afirmou Biermann. Contudo, transformar a governança internacional será um enorme desafio, já que os países estão mais preocupados com seus interesses de curto prazo, reconheceu. Envolverde/IPS

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