quarta-feira, 6 de abril de 2011

Código Florestal

APRENDER A CONVERSAR
 Pode ser uma aposta arriscada, mas estou cada vez mais convencida (como também estão alguns ambientalistas e produtores rurais que entrevisto vez ou outra) que nenhum dos lados da disputa em torno do Código Florestal terá força para empurrar a sua visão unilateralmente.

Em outras palavras, se a reforma proposta por Aldo Rebelo passar, eu é que ficarei passada. Seria necessário que o Senado e depois a própria presidente resistissem não somente à enorme pressão interna do movimento ambientalista, mas também às pressões internacionais que patrulham o que o Brasil faz de suas florestas.

Se o governo não achasse que esse caminho é uma encrenca, não estaria costurando uma proposta alternativa entre seus ministérios e com apoio técnico de todos os lados. Foram 10 mil manifestantes a favor da reforma que está na mesa, em Brasília, ontem. A reação, chamada de Marcha em Defesa do Código Florestal, está marcada para amanhã. Quantos serão?

Recentemente reencontrei um velho amigo, facilitador profissional de processos participativos, que estava me explicando por que o voto é o pior método para se chegar a qualquer decisão coletiva. O voto exclui a inteligência da minoria. É comum que as ideias mais criativas e transformadoras sejam justamente as minoritárias. Às vezes a hora daquela ideia não chegou, mas é importante que ela esteja incluída no construto final, e que tenha a oportunidade de ganhar força. “Isso é inteligência coletiva”, disse ele.

Imediatamente pensei no Código Florestal. Pensei que a tarefa de dar uma direção definitiva a esse impasse só pode ser realizada se for fruto da inteligência coletiva. Nenhum grupo de poderosos ou formadores de opinião dará conta do recado sozinho, porque a insatisfação dos demais será insustentável. Enquanto a briga segue polarizada, perde-se a oportunidade de lançar luz às inúmeras vias de convergência que estão aí, escondidinhas, só esperando para entrar em pauta.
PS: Tinha planejado comentar a decisão da OEA de requerer a suspensão das obras de Belo Monte. Mas a Natália Suzuki, do blog Janela de Babel, já disse tudo e mais um pouco. Recomendo a leitura!

Foto: João Ramid
 

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