terça-feira, 13 de julho de 2010

BP reza para que novo dispositivo ponha fim à maré negra

NOVA ORLEANS, EUA — A petroleira britânica British Petroleum submete a um teste, nesta terça-feira, um enorme dispositivo semelhante a um funil, para ver se ele é capaz de conter o vazamento de um poço danificado no Golfo do México, rezando para que chegue ao fim o pesadelo de 13 semanas.
Importantes sondagens sísmicas são realizadas depois que robôs submarinos conseguiram baixar o funil de 10 metros de altura, acima do poço danificado, na noite de segunda-feira.
No 85º dia da pior catástrofe ambiental dos Estados Unidos, engenheiros estavam prestes a iniciar uma série de testes de pressão e integridade por volta do meio-dia local (14h00 de Brasília) para ver se o dispositivo gigante, de 75 toneladas, de fato está conseguindo conter o vazamento.
Os testes vão durar entre 6 e 48 horas, já que três saídas diferentes do poço estão sendo fechadas lentamente e leituras de pressão, cuidadosamente tomadas.
A BP "não poderia estar mais orgulhosa da equipe que instalou o dispositivo de vedação. Correu tudo bem e as pessoas sentem-se realmente otimistas quanto a isso", disse o vice-presidente sênior da BP, Kent Wells, aos jornalistas.
Agora, em operações complexas realizadas a 1.600 metros de profundidade, a BP vai começar a desligar as válvulas do dispositivo, monitorando a pressão. Uma leitura de alta pressão demonstrará que não há novos vazamentos. Baixa pressão, ao contrário, indicaria que o petróleo estaria vazando para o mar do Golfo de outro ponto do poço, bem abaixo do leito marinho.
"Todo mundo espera e reza para que tenhamos altas pressões aqui", resumiu Wells.
O almirante da Guarda Costeira Thad Allen, encarregado da resposta americana ao desastre, disse que "a grande dúvida" é o estado do buraco do poço, que se estende por quatro quilômetros abaixo do leito marinho.
"Não sabemos o que aconteceu com o buraco no momento da explosão e dos eventos que se seguiram imediatamente", explicou Allen à imprensa. "Eu não acho que vamos saber até fazermos as leituras de pressão e vermos aonde esta informação nos leva", acrescentou.
Os testes foram projetados para avaliar se o dispositivo poderá suportar a pressão em seu interior provocada pelo petróleo que sobe do reservatório submarino.
"Neste exercício, a alta pressão é boa", disse Allen. "Temos um volume considerável de pressão dentro do reservatório".
"Consideramos entre 8.000 e 9.000 psi (nr: medida de pressão), o que indicaria que os hidrocarbonetos estão sendo forçados para cima e que o poço pode suportar esta pressão", acrescentou.
Esta seria uma boa notícia para os moradores do Golfo, que viram o equivalente a 35.000-60.000 barris de petróleo vazar no mar diariamente desde que uma explosão, em abril, destruiu a plataforma Deep Horizon, da BP, em frente à costa da Luisiana.
Na pior catástrofe ambiental dos Estados Unidos, bolas de alcatrão e manchas de petróleo foram encontradas nos cinco estados americanos do Golfo, do Texas à Flórida, provocando a suspensão da pesca e afugentando os turistas.
"Espera-se, embora não possamos ter certeza, que nenhum petróleo seja liberado no mar durante o teste", informou a BP na segunda-feira, acrescentando, no entanto, que isto não indicaria que o vazamento foi interrompido permanentemente.
A Agência Internacional de Energia estimou nesta terça-feira que de 2,3 a 4,5 milhões de barris de petróleo vazaram no mar desde o naufrágio da plataforma, em 22 de abril, dois dias depois da explosão que matou 11 trabalhadores.
Segundo fontes oficiais, mesmo se o novo funil não conseguir selar o poço, a capacidade do sistema será suficiente para capturar todo o petróleo que vazou para o mar.
A BP também continua a perfurar dois poços secundários para interceptar e selar permanentemente o poço danificado.
Apesar do tudo-ou-nada em jogo no Golfo, houve pouco otimismo na audiência da comissão presidencial sobre as causas da tragédia.
"Mesmo se a BP tapar este poço amanhã, eles causaram um dano tão grande ao Golfo que este será um estranho prêmio de consolação", disse Darwin Bond Graham, sociólogo que estuda como Nova Orleans se recuperou do furacão Katrina.

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